No espetáculo que traz a Belo Horizonte, a atriz Cacau Protásio tem uma revelação a fazer: Branca de Neve é negra. “Conto a verdade para as pessoas, que foram enganadas por muito tempo”, brinca. A comédia Deu a louca na Branca, com texto de Cacau Hygino e direção de Regina Antonini, será apresentada sexta-feira (17) e sábado (18), no Teatro Bradesco.
“Cacau Hygino escreveu a peça e me convidou para fazê-la. Quando era criança, não tinha princesa negra nem gorda”, afirma a atriz. Ela interpreta Sebastiana, a menina “nascida e criada em Bangu” que chega à Flórida para se encontrar com Walt Disney. Sebastiana atribui a ele a responsabilidade de tornar branca a personagem do conto de fadas escrito pelos Irmãos Grimm.
Leia Mais
Grupo Corpo anuncia temporada popular em BH, com ingressos a R$20Cine Splendid, peça baseada em crime ocorrido no Paraguai, estreia hoje em BHColetivo ZAP 18 apresenta 'Homem vazio na selva das grandes cidades'Luna Lunera comemora os 10 anos da peça 'Aqueles dois' 'Guanabara Canibal' discute extermínio indígena e a antropofagia no BrasilDiego Bagagal vive Cleópatra num solo dirigido por Susan WoRsfoldNão é a primeira vez que Cacau interpreta Branca de Neve. De vestido vermelho, azul e amarelo, ela integrou a comissão de frente da União da Ilha no desfile das escolas de samba cariocas, em 2016. “Quando passamos pelo setor 1, o termômetro da Sapucaí, vi muita gente emocionada ao me ver. Mas não podia chorar. Tinha de engolir o choro e seguir”, lembra.
Cacau conta que Sebastiana é desbocada. “As pessoas acham que fiquei muito fofa de Branca de Neve, mas falo palavrões”, avisa. Embora baseada no conto infantil, a peça não se destina às crianças. A classificação etária indicativa é de 14 anos. A atriz tem liberdade para improvisar, habilidade que aprimorou no sitcom Vai que cola, exibido pelo canal fechado Multishow. “Cada dia é um espetáculo diferente”, garante.
Na infância, Cacau não tinha princesas como referência. Não se identificava com a cor da pele e os cabelos delas. “Gostava da Diana, personagem do desenho Caverna do dragão, que era negra e tinha cabelos cacheados”, revela. Para a atriz, é fundamental valorizar a representatividade para que as crianças negras tenham em quem se espelhar.
“Aqui, quase não temos bonecas negras, gordas, de cabelo diferente. Quando você vai para os Estados Unidos – em Miami, por exemplo –, você vê a diversidade nas bonecas. Representatividade importa. A criança precisa se ver para se sentir incluída”, conclui.
DEU A LOUCA NA BRANCA
De Cacau Hygino. Com Cacau Protásio. Sexta (17) e sábado (18), às 20h30. Teatro Bradesco. Rua da Bahia 2.244, Lourdes, (31) 3516-1360. Setor 1: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada). Setor 2: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia).