Zécarlos Machado faz leitura de conto de Edgar Allan Poe no CCBB

Apresentação integra projeto Histórias Extraordinárias, com textos de literatura fantástica e de terror. Márcia Tiburi vai fazer participação

Ana Clara Brant

- Foto: Ronaldo Gutierrez/Divulgação

O poço e o pêndulo é um conto do autor, poeta e crítico literário norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849), publicado pela primeira vez em 1842. A trama se passa na Espanha, no contexto da Inquisição, envolvendo um homem julgado e condenado por inquisidores, que, após receber a sentença, é submetido a tortura física e psicológica num calabouço.

Apesar de ter sido escrito no século 19, o texto tem impressionante atualidade. “Ele surge de uma forma bem avassaladora em pleno 2017. O conto sintetiza um pouco esse momento macabro e de trevas que estamos vivendo. Embora se passe na Espanha, na Inquisição, o que estamos vivendo hoje não deixa de ser algo inquisitorial”, comenta o ator Zécarlos Machado, que lê o texto de Poe hoje à noite, no CCBB-BH.

A dramatização faz parte do projeto Histórias Extraordinárias, ciclo de leituras dramatizadas de clássicos da literatura fantástica e de terror. A iniciativa segue até janeiro de 2018, sempre uma vez por mês e com entrada franca.

 

Além de O poço e o pêndulo, serão levados à cena os clássicos Drácula, de Bram Stoker, adaptado por Pedro Kosovski; A guerra dos mundos, de H.G. Wells, por Daniela Pereira de Carvalho; Frankenstein, de Mary Shelley, por Sérgio Roveri; O duplo/O horla, de Guy de Maupassant, por Eduardo Tolentino de Araujo; A cor que caiu do espaço, de H.P.

Vectógrafo, por Beatriz Carolina Gonçalves, e O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson, por Rodrigo de Roure. Na estreia, além de Zécarlos, estarão presentes o diretor Eduardo Tolentino e a filósofa e escritora Márcia Tiburi, que participarão de um bate-papo ao final da apresentação.

AMBIÇÕES O ator, que já participou do mesmo projeto no CCBB carioca, diz que ficou fascinado com a temática e, sobretudo, com a força e potência de O poço e o pêndulo. “Ele mexe com questões ancestrais, lá do fundo. É uma maneira de tentar entender o ser humano nas suas inseguranças, nas suas ambições. Esse texto tem camadas de discussões muito interessantes, questões bem contemporâneas”, afirma.

Zécarlos ficou tão impactado com o conto que tem a intenção de levá-lo aos palcos, aproveitando a adaptação teatral feita pela escritora Heloísa Seixas para o Histórias Extraordinárias. Para isso, o artista pretende se aprofundar na obra de Edgar Allan Poe. “O que a gente vem fazendo no CCBB já é uma encenação, com efeitos cênicos, iluminação. Expressar no corpo essa literatura é um exercício fascinante. Como é um texto que aborda questões políticas, humanas, sociais, filosóficas, acho que é possível fazer uma temporada no teatro bem interessante.”

Na TV, Zécarlos Machado está interpretando um papel, no mínimo, aterrorizante. O sacerdote Fassur, de O rico e Lázaro, na Record, é uma figura perversa ao extremo, que finge ser o que não é. “É um personagem que existiu. E citado na Bíblia, mas tem coisas ficcionais. A manipulação, a hipocrisia, a dubiedade e a maldade – tudo a ver com os nossos atuais governantes, infelizmente”, lamenta.

HISTÓRIAS EXTRAORDINÁRIAS
Quarta (26), das 19h30 às 21h, no CCBB (Praça da Liberdade, 450, Funcionários).
Conto: O poço e o pêndulo. Dramaturgia: Heloísa Seixas; atuação: Zécarlos Machado; direção: Eduardo Tolentino de Araújo; mediação: Márcia Tiburi. Entrada franca, com retirada de senhas a partir das 18h30, na bilheteria do CCBB.

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