Antologia reúne textos emblemáticos da história do teatro feito em Belo Horizonte entre 1967 e 2005.

Grace Passô, Walmir José, Jota Dângelo e Ione de Medeiros estão entre os autores

Pedro Antunes/Estadão Conteúdo Ana Clara Brant
BH é uma cidade relativamente nova – vai completar 120 anos em dezembro –, mas nem por isso sua área cultural deixa de ter uma história marcante.


Uma parte da trajetória das artes cênicas na capital mineira é relembrada no livro que será lançado hoje à noite, no Teatro Marília.

Dramaturgia de Belo Horizonte: primeira antologia reúne cinco textos essenciais da escrita teatral na cidade, além de um artigo que apresenta um breve panorama histórico do setor.

Grace Passô escreveu e atuou em Por Elise, peça que chamou a atenção do país para o grupo Espanca! - Foto: Guto Muniz/divulgação 


Lançada pela Editora Javali – criada há dois anos, especializada em publicações de teatro, dramaturgia e teorias de artes cênicas –, a antologia não é definitiva, destaca o ator Assis Benevenuto, um dos coordenadores da Javali.

“A história do nosso teatro é recente, assim como a da cidade. Eu, o Vinícius Souza e o Marcos Coletta, também editores da Javali, somos estudiosos do assunto. Percebemos que não havia um livro específico para sabermos mais sobre essa história. Daí a ideia da antologia”, explica Benevenuto.

Ator e autor de peças encenadas pelos grupos Quatroloscinco e Espanca!, ele revela que no primeiro volume não foi possível contemplar todos os temas. Optou-se por oferecer um recorte da cena mineira.

“A gente pegou o antes, o durante e o pós-ditadura. Vamos do final dos anos 1960 até a geração mais nova, por volta do ano 2000. A história do teatro no Brasil está muito focada no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas a gente sabe que essa não é a história oficial.

As publicações produzidas aqui em Minas são uma forma de criar a memória da nossa dramaturgia”, defende.

Elenco de Oh! Oh! Oh! Minas Gerais, texto de Jonas Bloch e Jota Dângelo que estreou nos anos 1960 - Foto: Editora Javali/Reprodução 

PARADIGMAS Entre os textos selecionados estão aqueles que traduzem o espírito de determinados períodos do teatro mineiro, apresentaram novos paradigmas dramatúrgicos e obtiveram relevância junto ao público e à crítica em Minas e no país.

Integram a antologia Oh! Oh! Oh! Minas Gerais, de Jonas Bloch e Jota Dângelo, de 1967; O fedor, de José Antônio de Souza, de 1970; Um sobrado em Santa Tereza, de Walmir José, de 1989; Babachdalghara, de Ione de Medeiros, de 1995; e Por Elise, de Grace Passô, de 2005.

“Independentemente da época da qual fazem parte ou de quem os escreveu, esses textos têm coisas muito vivas. Mostram toda a força do nosso teatro, que sempre fez questão de apresentar novas proposições estéticas, de resistência. Espero que esta seja a primeira de várias antologias”, conclui Assis Benevenuto.



UMA DÉCADA

Para celebrar os 10 anos do Quatroloscinco – Teatro do Comum, começa amanhã a mostra que vai reunir apresentações teatrais, leituras dramáticas, bate-papos e oficina, além de promover o lançamento do livro Fauna, com o último texto encenado pelo grupo. Informações: www.quatroloscinco.com

DRAMATURGIA DE BELO HORIZONTE: PRIMEIRA ANTOLOGIA

>> Vários autores
>> Editora Javali
>> Lançamento hoje, às 20h, no Teatro Marília (Avenida Alfredo Balena, 586, Centro). O livro será distribuído gratuitamente durante a noite de autógrafos.

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