Citado em apresentações, lançamento de livros e rodas bate-papo, Domingos – ou melhor, palhaço Agenor – ganhou um tributo especial do amigo Biribinha, o homenageado do 8º Circovolante. Sábado à noite, ao encerrar Magia, na Praça Gomes Freire, o alagoano, de 65 anos – e 58 de picadeiro –, lembrou o amigo.
“Na semana passada, um anjo que veio aqui pra Terra há 54 anos cumpriu a sua missão. Quando tudo estava certo, pois seu espírito estava evoluído, ele abriu as asas e voou. Foi embora até os páramos do infinito, da luz. Domingos Montagner, o palhaço Agenor, nos deixou materialmente, mas espiritualmente vai estar com a gente sempre. É por isso que o Circovolante oferece este espetáculo e faz esta homenagem simbólica e simples a ele”, afirmou Biribinha. Em seguida, uma chuva de serpentinas coloridas caiu sobre o palco.
Assim como Cleia, muita gente pintou a cara, pôs nariz vermelho e calçou aquele sapatão desengonçado para sair pelas ladeiras históricas distribuindo felicidades. Katherine Veloso, de 7, foi de Itabirito para Mariana com a família. Encantou-se com “o palhaço mais bonito de todos”: Viralata, personagem de Rodrigo Robleño. “Todo mundo tem um carregador de celular. Tenho uma carregadora de guarda-chuva. Olha que belezinha”, comentou Robleño, apontando a pequena Kate, que não desgrudava dele. “Quero ser artista. Até já tenho meu nome de palhaço: Arco-íris”, contou a espevitada menina.
Na tarde de sábado, a procissão de narizes vermelhos percorreu Mariana, levando música e diversão para o povo. À frente do percurso estavam João Pinheiro (palhaço Juaneto) e Xisto Siman (Xinxin), idealizadores do Circovolante. A Charanga Mutante tocava temas carnavalescos e do cancioneiro popular.
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Impressiona ver como a figura de nariz vermelho, aparentemente singela, consegue encantar todas as gerações – sobretudo a criançada desta era tecnológica. Para Pinheiro, o palhaço subverte a lógica da vida e tira as pessoas do lugar comum. “Todo mundo sente falta disso, mas a criança se aproxima mais dessas características. Diariamente, ela busca outro olhar, uma maneira de ser diferente”, conclui Juaneto.
O clã dos picadeiros
Astro do Circovolante, Biribinha, de 65 anos, vem de família circense. “Não poderia estar mais feliz”, afirmou o alagoano Teófanes Antônio Leite da Silveira sobre a homenagem que recebeu em Mariana. Herdado do pai, o palhaço Biriba, o ofício se perpetua com Mixuruca, Mixaria, Cuscuz e a pequena Tapioca, a caçuça de apenas 5 meses.
“Tenho filhos palhaços de 40 anos e de 5 meses. Não tem jeito: quando está no sangue, a gente não pode fugir. O palhaço italiano Fratellini costumava dizer uma frase que é meio o nosso lema: sabe qual é a grande diferença entre a gente e o ator? O ator interpreta; o palhaço vive’”, diz Biribinha.