Jornalista da Record TV é demitida e expõe supostos casos de machismo  

Mariana Martins ainda afirmou que fotos suas de biquíni foram expostas durante reunião 

Reprodução/Instagram
Mariana Martins apresentando o Balanço Geral Manhã   (foto: Reprodução/Instagram)

A jornalista Mariana Martins, apresentadora do Balanço Geral Manhã da Record TV de Goiás, publicou um vídeo em seu Instagram nesta terça-feira (25/05) comunicando seus seguidores e fãs sobre sua demissão.  

 

 

Mariana relata que foi alvo de supostos episódios de machismo e de constrangimento. Ela revelou que existia uma pressão para que ela mudasse o jeito de ser, de se vestir e de se comportar nas redes sociais. Segundo seus relatos, a emissora do bispo Edir Macedo deixou claro para ela que queria transformá-la em uma outra pessoa.  

 

“Hoje pela manhã, eu fui comunicada de uma decisão da empresa pela minha demissão. Não me disseram o motivo e eu acredito que eu tenha que dar uma satisfação pra vocês que me acompanham. Eu sei alguns dos motivos. Então eu queria dividir com vocês algumas coisas, até para que sirva de alerta para outras mulheres”, iniciou a jornalista. 

 

Martins também revelou que durante uma reunião com profissionais do canal para tratar de audiência, foram exibidas fotos de suas redes sociais e que foram feitas críticas à sua postura no perfil pessoal.  

 

“Me levaram para uma reunião, havia várias pessoas nessa reunião, foram apresentados números de audiência, mostraram que o nosso jornal perdeu audiência. (…) Só que eles não percebem que a culpa não é das pessoas, a culpa não é da Mariana. Colocaram nessa reunião várias fotos das minhas redes sociais, com a presença de várias pessoas, me constrangendo de uma forma absurda. Colocaram fotos minhas de biquíni, fotos minhas de viagem. Dizendo que eu tinha que me transformar. Que eu tinha que transformar o meu Instagram em outro pra falar a língua desse público, pra chamar as pessoas, porque estavam muito bonitas as fotos”, disse a apresentadora. 

 

Mariana conta que chegou a ouvir de uma gerente, mulher, que talvez o seu jeito de andar não era o certo. E que ela achava que a jornalista “sensualizava um pouco na hora de falar”.  

 

“As situações de constrangimento, preconceito, machismo, foram inúmeras. Chegaram ao ponto de colocar uma rede social de uma jornalista de São Paulo dizendo que eu teria que colocar o meu Instagram daquele jeito. E eu argumentei com eles, eu falei: ‘Não é isso que fideliza o público. O público não vai assistir o jornal porque a Mariana tá usando a calça feia ou bonita, justa ou larga. O que fideliza o público é ele ver a denúncia dele no ar. Ele ver a reclamação dele no ar. É um jornalismo imparcial’”, rebateu. 

 

“Isso não está certo. Eu não estou fazendo isso aqui para aparecer, para nada. É só para você mulher saber que não é a sua roupa, não deixem colocar isso na sua cabeça, que vai te definir, não. Não é porque eu postei uma foto de biquíni que eu sou menos jornalista por isso. Porque o meu papel está bem feito no jornal. A matéria que eu saio para fazer, eu entrego bem feita. A gente não pode se calar para nenhum tipo de preconceito. A gente precisa se unir e ser firmes. A gente precisa ter voz e não se calar diante de pressão por audiência, pressão psicológica nos funcionários, pressão na mulher, que a mulher tem que ser menos, tem que usar uma roupa mais discretinha para parecer competente. A gente não pode se calar diante disso”, desabafa. 

 

Por fim, ela diz que em seu contrato de trabalho não está descrito que a empresa pode interferir em suas contas particulares nas redes sociais. 

"No contrato que a gente assina não tem nada que diz que eles podem gerir as nossas redes sociais, porque é a minha vida, é a minha individualidade. Mas eles fazem pressão na gente, eles fazem tortura psicológica com a gente".

Mariana Martins 

 

 

Na legenda do post, a jornalista escreveu: "A pressão por audiência não pode afetar o psicológico do funcionário. Que esse fato sirva para encorajar você, mulher, a buscar liberdade para ser quem é. Juntas somos mais fortes".  

 

Confira, abaixo, o desabafo da jornalista: 

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