'Todas as mulheres do mundo' defende a liberdade de amar

Série original do Globoplay estreia nesta terça-feira (2/2), às 23h45, na Globo

Estadão Conteúdo 02/02/2021 06:00
TV Globo/divulgação
Maria Alice (Sophie Charlote) e Paulo (Emílio Dantas): a força do amor de juventude (foto: TV Globo/divulgação)
A vida amorosa de Paulo, protagonista de Todas as mulheres do mundo, não é como um poema de Carlos Drummond de Andrade ou uma música de Chico Buarque que fala de amores não correspondidos. “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria...”, escreveu Drummond em Quadrilha. No caso de Paulo, ele ama todas: Adriana, Elisa, Martinha, Natália... Uma de cada vez. E esse sentimento é correspondido por elas. Mesmo que por um curto – e intenso – espaço de tempo, porque seu grande amor é Maria Alice.
Todas as mulheres do mundo, série original do Globoplay que estreia nesta terça-feira (2/2), às 23h45, na Globo, é inspirada não só no filme homônimo de Domingos Oliveira, de 1966, mas se expande pela obra desse autor e diretor, que morreu em 2019, aos 82 anos. Há personagens retirados diretamente das histórias do dramaturgo, e outros criados a partir de seu universo.

ALTER EGO 
No filme, Paulo e Maria Alice eram interpretados por Paulo José e Leila Diniz. Na série, por Emilio Dantas e Sophie Charlotte. Paulo, o personagem, é o alter ego do próprio Domingos. “Primeiro, Domingos foi um grande ídolo, depois virou um grande amigo, e ele era um autor que tem um universo muito particular. É daqueles artistas que colocam a própria vida integralmente na obra. Não são todos que fazem isso”, afirma Jorge Furtado, que escreveu os 12 episódios da série com Janaína Fischer.

“Muita gente dizia que o Domingos era o Woody Allen brasileiro, eu achava que o Woody Allen que era o Domingos nova-iorquino”, comenta. Cabral (Matheus Nachtergaele), um dos melhores amigos de Paulo – assim como Laura (Martha Nowill) –, também é uma versão de Domingos, mais velho. “O Paulo é o Domingos jovem e o Cabral é o Domingos sábio, filósofo”, compara Furtado.

Enquanto Cabral tem uma visão mais pragmática, desiludida até, dos relacionamentos, Paulo segue se apaixonando à primeira vista. Foi assim com sua musa, a bailarina Maria Alice, por quem ele se encanta assim que a vê chegando à festa de Natal em sua casa, acompanhada pelo noivo, Leopoldo (Ricardo Gelli). É uma paixão arrebatadora. Os dois compartilham seu dia a dia intensamente, mas acabam se separando.

“O Paulo se apaixona por muitas mulheres, porque ele tem esse desejo. Lembro-me muito do Domingos falando: ‘Casei-me muitas vezes; se eu pudesse, casaria em dobro’. É essa coisa do convívio. A partir do momento em que você respeita, admira, consegue equilibrar o olhar, nasce uma nova forma de se conectar”, diz o ator Emilio Dantas.

Para mergulhar no Paulo da série, Emilio quis se encontrar antes com o Paulo do cinema. Ou melhor, com o ator Paulo José. “Da forma mais inteligente possível, fui atrás do Paulo José porque realmente não tinha um parâmetro melhor para a partida do que ele”, conta. “O que vi no Paulo foi isto: um cara que simplesmente se entregou. No final, Paulo José virou para mim e falou: ‘Se divirta, seja o melhor que você puder ali’. De certa forma, era o que já tinha na minha cabeça em relação ao que acho que o Domingos me cobraria”, diz Dantas.

Domingos Oliveira acompanhou apenas o início dos trabalhos. Já estava doente e logo depois morreu. “Ele gostaria de ver todos os fantasmas dele dançando a mesma valsa”, diz Furtado. A opção foi situar a série nos dias atuais. “O mundo, hoje, é muito mais careta do que era antigamente”, afirma o roteirista. “Eu e Janaína ficamos pensando: vamos fazer isso nos anos 70?. A história do (filme) Todas as mulheres era nos anos 60, um amor muito mais livre. Depois, existe um mundo pós-aids, pós-anos 90, e atualmente uma caretice cada vez mais crescente. E o Domingos fica muito moderno.”

A decisão foi usar a mesma história neste século 21. “É um povo muito liberado mentalmente, umas cabeças muito boas, não tem a coisa de ciúmes, os casamentos muito mais abertos, a relação muito mais viva e romântica ao mesmo tempo. O Domingos era super-romântico. Então, é um romantismo livre”, explica Jorge Furtado.

TRAFICANTE 
A série vai ao ar às terças, depois do BBB 21. Antes do reality, Emilio Dantas pode ser visto vivendo outro personagem, completamente diferente de Paulo, em A força do querer. Na novela de Gloria Perez, ele é o traficante Rubinho. 
   
“Dei algumas sortes: primeiro que a novela não é assim tão antiga (estreou em 2017), e alguns temas estão ainda mais atuais do que quando aconteceram”, afirma Emilio. (Estadão Conteúdo).

TODAS AS MULHERES DO MUNDO
Série com 12 episódios. Às terças-feiras, na TV Globo, depois do Big brother Brasil 21

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