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Série de ficção 'El Presidente' mostra os bastidores do Fifagate


“Na América do Sul, ser presidente de uma associação de futebol é como ser presidente da República. Um pouco mais”, diz Julio Grondona (1931-2014), lendário cartola do futebol argentino. Foi por décadas presidente da Associação de Futebol Argentino, chegou a vice-presidente e presidente financeiro da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa), sobreviveu a 15 presidentes (da República), viveu as eras Maradona e Messi. Como diz, os astros do futebol são os jogadores. Mas eles passam. Os executivos ficam.



Grondona (na ficção interpretado por Luis Margani) está morto. Mas isso não impede que ele narre o que está por vir. Com estreia nesta sexta-feira (5), na Amazon Prime Video, El Presidente acompanha, em oito episódios, o Fifagate, escândalo de corrupção que abalou o futebol a partir de 2015. É com a recriação de uma cena antológica – o então presidente da Fifa Joseph Blatter recebendo a chuva de dólares jogados pelo comediante que invadiu a sala de entrevistas da entidade, em Zurique, na Suíça – que a série tem início.

El Presidente é cria do argentino Armando Bo, que em 2015 dividiu o Oscar de melhor roteiro original com o mexicano Alejandro Iñárritu, por Birdman. Trata-se da primeira produção chilena da Prime Video, trazendo como produtores-executivos os irmãos Pablo e Juan de Dios Larraín. Também no time de produtores está a  Gaumont, responsável por Narcos. O estilo narrativo remonta bastante ao da série sobre Pablo Escobar. Além do narrador, há edição rápida, humor negro e trilha sonora que dialoga com o que está sendo visto na tela.

ESCOBAR 

O elenco traz uma série de atores latino-americanos. O presidente do título não é nenhum cartola do primeiro time. Ele é Sergio Jadue (papel do colombiano Andrés Parra, que já foi Pablo Escobar e Hugo Chávez em produções recentes da TV), personagem vital nas investigações do Fifagate. Sua ascensão começou quando conseguiu, como presidente do modesto Unión La Calera Sports Club, levar o time à Primeira Divisão do futebol chileno.



Isso foi só o começo, como destaca o primeiro episódio. Em 2011, Jadue, um sujeito simplório que tem na mulher, Nené (Paulina Gaitan), sua fonte de ambição, torna-se, aos 31 anos, o mais jovem presidente da Associação Nacional de Futebol Profissional do Chile (ANFP).

Logo, fica claro que os velhos cartolas do futebol chileno o querem apenas numa posição figurativa. Mas Jadue vê ali a chance de subir. Chega à presidência da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e se torna um dos nomes mais importantes do esporte sul-americano.

Sua ascensão foi tão rápida quanto a queda – levou só quatro anos. Jadue não vai cair sozinho, a série mostra logo no começo. Enquanto os velhos cartolas conspiram durante o funeral de Grondona, ele tem que tomar uma decisão. Unir-se ao grupo ou se manter no papel de informante do FBI. É nessa seara que surge outra personagem crucial da trama, a agente norte-americana vivida pela atriz mexicana Karla Souza (de How to get away with murder), que investiga a cartolagem.



TEIXEIRA

El Presidente tem muito humor, principalmente quando explora as relações entre os chefões do futebol, aí incluídos os brasileiros Ricardo Teixeira (papel do argentino Ricardo Merkin) e José Maria Marin (vivido pelo chileno Alejandro Trejo).

Aficionados por futebol vão se deleitar com esse retrato nada lisonjeiro dos cartolas. Mesmo ambientada no universo do futebol, El Presidente, ao tratar de poder e corrupção, pode também atingir o espectador que não conhece as regras do impedimento.

EL PRESIDENTE
l A série, em oito episódios, está disponível na Amazon Prime Video