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HUMOR

Série exibida no Instagram critica ricaços na quarentena

A atriz mineira Gorete Milagres diz que o convite para participar da 'minstassérie' foi "um presentinho" - Foto: Fotos Instagram/ReproduçãoLançamentos suspensos e gravações interrompidas ou canceladas em todo o mundo. O isolamento imposto pela pandemia do novo coronavírus afetou diretamente a teledramaturgia em nível planetário. Porém, para quem vive da própria criatividade foi possível achar um caminho para ultrapassar essa dificuldade.



Na última sexta-feira (1º), estreou a ‘instassérie’ Alta sociedade baixa, produção cômica envolvendo nomes conhecidos da TV brasileira, cujos capítulos são lançados no Instagram e filmagens feitas individualmente pelo elenco, cada um em sua casa.

O lançamento foi possível graças à vontade de atores e diretores de encontrar uma forma de trabalhar no período de restrições e dificuldades impostas pela quarentena.

“É uma espécie de antídoto a todo o marasmo, solidão e falta do que fazer que a quarentena causa nos artistas. São pessoas que gostam da rua, do palco, por mais que todo mundo seja conhecido ou tenha situação econômica ótima, também estão confinados”, afirma o diretor Rodrigo Pitta, idealizador do projeto.



Dramaturgo de múltiplas experiências no mercado audiovisual, incluindo o musical Cazas de Cazuza e a direção de turnês internacionais de Anitta, ele é responsável pelo coletivo artístico Team O, ao lado de Mariana Jorge. Juntos, pensaram no formato e convidaram um time de caras conhecidas, que toparam a proposta, sem receber cachê.

Apenas a equipe técnica de edição e montagem é remunerada na série. O elenco tem Samantha Schmütz, Tom Cavalcante, Adriane Galisteu, Karol Conká, Theodoro Cochrane, Glamour Garcia, Gustavo Mendes, Gorete Milagres, Leonardo Miggiorin, Reynaldo Machado e Pablo Morais. Até a maquiagem e o figurino são feitos domesticamente pelo próprio elenco, e Rodrigo Pitta os dirige por aplicativo de videochamada.

Pitta explica que ele e Mariana já eram acostumados a desenvolver projetos a distância, já que ela mora em Los Angeles. “Entendi que era necessário fazer alguma coisa pensando nos amigos artistas, pois tudo parou. Muita gente teve seus projetos cancelados, então tivemos essa ideia e resolvemos convidar pessoas próximas para fazer parte disso”, diz.



Assim nasceu a ideia de uma sátira sobre o comportamento de grupos sociais mais privilegiados durante a quarentena. Na trama, uma socialite chamada Lidia, interpretada por Samantha Schmütz, está entediada com o isolamento e arma uma reunião no apartamento luxuoso onde vive com o marido, um político de índole duvidosa, vivido por Theodoro Cochrane.
“É um período muito maluco no Brasil e no mundo todo, mas aqui me parece que as coisas tomam um caminho mais egoísta, principalmente quando falamos de uma classe mais privilegiada, da qual muitas pessoas que conhecemos e amamos fazem parte. Então, é uma crítica a essa fatia, não há piada com o vírus, nem com a doença, que é muito grave, mas com o comportamento desse grupo”, afirma o diretor e roteirista.

Cada artista grava suas cenas em casa, e a edição faz com que eles “contracenem”. A mineira Gorete Milagres, sempre lembrada pela personagem Filó, participa também como trabalhadora do lar, mas sob outra configuração.



“Faço uma governanta de origem alemã. Ela é mais séria, tem uma voz mais grave, mas está na situação de milhares de empregadas do Brasil, sem poder cuidar da própria família porque a madame não quer ficar sem seus serviços”, diz Gorete, que aprovou a experiência de gravar em casa.

“Participar disso foi um presentinho na quarentena. Acho que o público vai se divertir, além de ser uma ocupação para mim dentro da minha arte”, comenta a atriz, que diz ter cancelado uma agenda cheia de compromissos com o espetáculo Filomena – 25 anos de peleja em razão da pandemia.

“Estou adorando participar, porque a gente morre se não tiver palco. Tenho que fazer alguma coisa. É uma situação muito alarmante”, afirma Gorete, que teme o avanço ainda maior da COVID-19 no Brasil. “Os números são catastróficos e devem piorar. Então, acho que esse formato de séries e novelas via Instagram pode ser uma solução.”



O primeiro episódio, de 8min, já está no ar. No total, serão oito, sendo que três já estão prontos. Rodrigo Pitta explica que a produção dos roteiros espera os acontecimentos sociais, para que os capítulos não fiquem datados.

No entanto, a equipe terminou sendo surpreendida pela realidade. “O primeiro episódio já estava pronto quando ocorreu o caso da festa na casa da (influenciadora digital) Gabriela Pugliesi. Foi surreal, pois a realidade acabou imitando nossa ficção. Era para a nossa história ser um caso exagerado, dentro da teledramaturgia, e acabou virando um caso trivial perto do que aconteceu”, diz.

Para assistir à série basta acessar a página www.instagram.com/altasociedadebaixa. Os novos capítulos serão lançados às sextas-feiras.