Séries premiadas pelo Globo de Ouro se inspiram na vida real

'The act' aborda o dramático assassinato da mãe pela filha. 'The loudest voice' raça um perfil do polêmico Roger Ailes. 'Ramy' mostra uma família árabe vivendo nos EUA. As três são inéditas no Brasil

Estado de Minas 10/01/2020 06:00
HULU/REPRODUÇÃO
Patricia Arquette e Joey King contracenam na minissérie The act, produção da plataforma norte-americana Hulu (foto: HULU/REPRODUÇÃO)
Das oito séries premiadas no Globo de Ouro, três são inéditas no Brasil. E, pelo menos por ora, não há previsão de lançamento de The loudest voice (Showtime), prêmio de melhor ator para Russell Crowe; The act (Hulu), melhor atriz coadjuvante para Patricia Arquette; e Ramy (Hulu), melhor ator em comédia para Ramy Youssef. As três histórias são absolutamente diferentes, mas há um ponto em comum. Todas têm um pé na realidade.

O divertido discurso de agradecimento de Ramy Youssef na premiação – “Sei que vocês não viram meu show e até a minha mãe estava torcendo pelo Michael Douglas” – é a prova de que o prêmio não tem tanto a ver com popularidade. Mas um troféu sempre desperta o interesse do público – e Ramy já está caminhando para a segunda temporada.
Com 10 episódios, Ramy, a primeira comédia da TV sobre uma família árabe-muçulmana, acompanha os passos de seu personagem-título. Assim como a figura ficcional, Ramy Youssef (que os fãs vão reconhecer como o hacker Samar Swailem de Mr. Robot) é de uma família egípcia que vive em Nova Jersey.

A história é simples. Na casa dos 20 anos, Ramy está descobrindo a vida – leia-se o amor, o trabalho, o que planeja fazer para seguir em frente. O que diferencia a série de tantas outras é o tom de comédia, mas sem se abster às críticas. O personagem e os que o cercam apresentam o retrato da vida comum de uma minoria religiosa e étnica na América de Donald Trump.

As duas minisséries são mais densas, The act um tanto assustadora. É só ver a imagem de Patricia Arquette na foto acima para perceber a tamanha transformação que a atriz sofreu para interpretar Dee Dee Blanchard. A história real, que veio à tona depois de um crime cometido em 2015, gerou uma série de reportagens. Em 2017, a HBO lançou o documentário Mamãe morta e querida.

Em oito episódios, The act acompanha Dee Dee e sua filha Gypsy Rose (Joey King, também alvo de supertransformação). Gypsy, desde criança, sofreu várias doenças – teve leucemia, cresceu numa cadeira de rodas, etc. Exemplo de mãe, Dee acompanhava a filha em tudo, levando a garota a eventos públicos para mostrar sua história de superação – por causa disso, ganhou uma casa do governo americano e viagens para a Disney. Mais velha, Gypsy arrumou um namorado on-line e descobriu que nunca teve doença nenhuma, foi tudo invenção da mãe. O casal decide orquestrar o assassinato dela.

POLÍTICA 

Com sete episódios, a minissérie The loudest voice, inspirada no livro homônimo de Gabriel Sherman, tem pegada mais política. Um obeso Russel Crowe está quase irreconhecível como Roger Ailes, o todo-poderoso da Fox News. Figura controversa, Ailes foi consultor de mídia dos presidentes Richard Nixon, Ronald Reagan e George Bush. É o homem por trás da ascensão de Donald Trump.

A trama mostra como Ailes se tornou uma das figuras mais proeminentes do conservadorismo americano contemporâneo. Cada episódio é centrado em um grande acontecimento – os títulos remetem a anos, abrangendo o período de 1995 a 2016. Os ataques de 11 de setembro, as eleições presidenciais de 2008 e 2016 estão na pauta, bem como a relação abusiva de Ailes com os funcionários – intimidação, assédio sexual e abuso de poder. A acusação de agressão sexual ocasionou sua demissão da Fox News e da Fox Business e o ocaso do executivo, que morreu em 2017.

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