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Copo esquecido, set 'superlativo' e 'Jon Snow antipático': figurante mineiro fala sobre participação em GoT




Se assistir à última temporada de Game of thrones foi uma experiência que provocou muitas emoções, imagine fazer parte das cenas. O mineiro Gabriel Inácio, de 30 anos, que nasceu em Belo Horizonte e passou a infância em Conselheiro Lafaiete, teve esse privilégio. Contratado como figurante, ele participou dos episódios finais da série e teve a chance de ficar lado a lado com Jon Snow, “lutar” contra o exército dos mortos e ainda ajudar na conquista de Porto Real.

“É coisa de louco”, diz Gabriel, em bom mineirês, sobre a estrutura montada para a gravação da última temporada do seriado, na Irlanda do Norte. Formado em engenharia ambiental, ele se mudou para a vizinha República da Irlanda em 2015, onde foi fazer um curso de business. Por lá chegou a trabalhar como garçom, tradutor e vendedor. A figuração entrou na lista de suas atividades profissionais quando viu um anúncio que buscava figurantes para o seriado Vikings, na capital, Dublin. A procura dava preferência a candidatos de barba e ele logo foi selecionado nas audições. Depois da participação na trama do canal History (exibida no Brasil pela Fox Premium e Netflix), candidatou-se a uma vaga semelhante para Game of thrones, cujo processo de seleção era on-line.

Gabriel acredita que a experiência anterior o tenha ajudado a ser escolhido.

“Vikings já impressionava pelo número de gruas, câmaras, dublês e estrutura do set, mas Game of thrones é outro patamar. Tudo muito maior, muita gente trabalhando. Para o terceiro episódio da oitava temporada, o da Batalha de Winterfell, foram 500 figurantes mais centenas de assistentes de produção, seguranças, médicos, todo o pessoal de figurinos, que tinha uma tenda gigantesca. Tudo superlativo”, conta.

COPO Numa produção grandiosa e cercada de cuidados, o fato de um copo plástico de café ter sido esquecido em uma cena do quarto episódio surpreende Gabriel. “Eles eram absurdamente organizados e meticulosos na produção. Se alguém estivesse segurando uma espada com a mão esquerda e por isso aparecesse um pedaço de pano que não era para estar no quadro, eles paravam e chamavam um assistente de produção e corrigiam. Sempre houve um controle enorme do ambiente”, conta.

O figurante diz que, para cenas de 20 segundos de duração, eram até três horas de gravação.
“A cena em que o Jon Snow faz o discurso para os mortos da batalha demorou demais. Era grande e refizeram várias vezes. Nós ficávamos horas em pé, chovia, fazia sol, nossa roupa ficava molhada e seguíamos ali. Os atores voltavam para o trailer, para tomar um chá quente, mas nós, não, era o tempo todo no batente”, diz o mineiro, que chegou a receber  170 libras esterlinas (cerca de R$ 870) por um dia de trabalho. Segundo ele, o pagamento mínimo por diária era de 110libras esterlinas  (cerca de R$ 564) e aumentava se as filmagens fossem muito exaustivas, ultrapassassem 10 horas de duração ou incluíssem um close do rosto do figurante na cena.

Nas cenas da Batalha de Winterfell, ele ficou posicionado próximo aos personagens Jaime Lannister (Nikolaj Coster Waldau) e Brienne (Gwendoline Christie). Embora não tenha conversado com os artistas, achou a intérprete da cavaleira muito simpática. “Ela (Gwendoline Christie) é superamável com os colegas e com a produção, sempre abraçando, rindo e contando piada”, conta. “A maioria do elenco era muito simpática, davam bom dia, um sorriso, falavam alguma coisa.
Mas, de modo geral, os atores interagem pouco com os figurantes, não são de conversar muito, exceto os que fazem o Verme Cinzento (Jacob Anderson), o Tormund (Kristofer Hivju) e o Sor Davos (Liam Cunningham), que são muito bem-humorados e legais.”

Sobre Kit Harington (Jon Snow), de quem ficou próximo na maior parte das cenas dos demais episódios, a impressão foi outra. “Ele é bem reservado e até meio antipático. Não me pareceu um cara muito amável. Não gosta de papo. Estava sempre de cara fechada. Nem mesmo com pessoal da produção ele conversa muito. E eu achava que era o contrário, porque o personagem dele é um cara bacana. Não que ele não seja, mas não é muito aberto para conversa, não.” Vivendo atualmente em Sydney, na Austrália, onde faz um MBA em business, Gabriel Inácio considera dar alguns passos além da figuração na carreira artística. “Hoje tenho, sim, vontade de trabalhar como ator. Inclusive participei de um comercial aqui outro dia.” .