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Nova produção indiana da Netflix, Crimes em Déli faz, em sete episódios, uma reconstituição dramática do ocorrido. Mais uma tentativa da plataforma de streaming de abocanhar uma fatia do milionário mercado indiano – o país tem 1,3 bilhão de habitantes –, é superior à tentativa anterior, Jogos sagrados (2018), que misturava Bollywood com uma ficção sem pé nem cabeça.
Como narrativa policial, funciona. Tem bom ritmo, alguma tensão, elenco convincente e uma cor local que acaba se tornando um atrativo para quem está acostumado a policiais norte-americanos. Grosso modo, é mais uma história de polícia e bandido, mas tem lá suas peculiaridades. No entanto, deve ser vista com um pé atrás. Isso porque Crimes em Déli, a despeito da atrocidade que move a trama, é focada única e exclusivamente na polícia. Bandidos e vítimas têm uma participação pífia. São os policiais os únicos personagens com capacidade de provocar empatia.
DELEGACIA É uma mulher o centro de tudo. Vartika Chaturvedi (Shefali Shah) é a vice-comissária de polícia do Sul de Délhi, distrito onde ocorreu o crime. Impactada com o ocorrido, ela faz da resolução do crime sua razão de viver. A tal ponto que se muda de armas e bagagens para a delegacia que será o QG da investigação. Coloca como seu braço direito o investigador Bhupendra Singh (Rajesh Tailang) e, num lugar-chave do processo, a novata Neeti Singh (Rasika Dugal), que acabou de sair da academia.
Os dois cabeças formam a dupla policial mais abnegada de que já se teve notícia. Passam a comer e dormir (mal) numa delegacia que volta e meia fica sem luz por falta de pagamento. Deixam os problemas pessoais de lado (ela tem uma filha adolescente em crise, que quer trocar a Índia pelo Canadá; ele, que sofre de dor crônica na coluna, tenta negociar um casamento para a filha) e tentam fazer com que todos na escala hierárquica ajam como eles.
Somos apresentados a situações inverossímeis, que beiram a patetice. O chefe da delegacia, por exemplo, pede permissão à vice-comissária para ir à academia dar uma relaxada da tensão (coisa que ela, obviamente, nega). Um outro policial, paupérrimo, só entrega o remédio para a mulher doente quando o crime é resolvido. Um veterano da polícia, com um problema grave no pé (o curativo é feito com papel-filme), só vai resolver essa questão também quando terminar sua missão.
Incorruptíveis, preocupados e destemidos a despeito das dificuldades (falta absolutamente tudo para a investigação), os policiais, exaustos, só voltarão para suas casas depois que os seis estupradores forem presos. Todos parecem estar contra a polícia – população, mídia, Judiciário. Até os protestos massivos, colocados em segundo plano, são apresentados basicamente como empecilhos para que a polícia cumpra seu papel. A força policial de Délhi é humanizada de tal forma que a série nos deixa com a pulga atrás da orelha sobre suas reais intenções.
Uma segunda temporada já foi confirmada pelo criador da produção, Richie Mehta. Crimes em Déli será uma série de antologia (episódios independentes). Os mesmos personagens centrais estarão no próximo ano, que vai tratar de um outro crime. O heroísmo da polícia da capital da Índia parece ter funcionado, ao menos na ficção.
CRIMES EM DÉLI
Os sete episódios estão disponíveis na Netflix