Famoso Said de 'O clone', Dalton Vigh volta ao SBT após hiato de 20 anos

Ator comemora a chance de atuar com crianças na novela 'As aventuras de Poliana'. Ele também integra o elenco de três filmes que estrearão em 2019

por Ana Clara Brant 31/12/2018 06:00
Lourival Ribeiro/SBT/divulgação
Lourival Ribeiro/SBT/divulgação (foto: Lourival Ribeiro/SBT/divulgação )

É quase imediata a associação entre Dalton Vigh e Said, o árabe de O clone. Lá se vão quase 18 anos que a novela de Glória Perez foi ao ar, abordando a cultura muçulmana e a clonagem humana. Porém, até hoje o ator não só é lembrado, como chamado de Said nas ruas. “Acontece bastante (risos). Também recebo muitas mensagens e até cartas de outros países por conta desse personagem”, revela.

Desde maio, Dalton Vigh está no ar em As aventuras de Poliana, novela do SBT/Alterosa. Ele faz o papel de Otto Pendleton, homem sério e misterioso que mora na vizinhança de Luísa (Thaís Melchior) e Poliana (Sophia Valverde). A trama de Iris Abravanel marca a volta do ator à emissora de Silvio Santos, depois de 20 anos. Em 1998, o carioca protagonizou Pérola negra, ao lado de Patrícia de Sabrit.

Dalton, de 54 anos, comemora o retorno à emissora. Revela que vários fatores pesaram nessa escolha, como o fato de trabalhar em São Paulo, onde mora com a família, e o envolvimento com a história de Pendleton. “É um personagem interessante, um antagonista que vai se regenerando no decorrer da novela. Também considerei trabalhar em uma produção voltada para o público infantil, pois, daqui a algum tempo, meus filhos (os gêmeos David e Arthur, de 1 ano e meio) vão poder assistir, já que a maioria das coisas que fiz são impróprias para menores de 12 anos. É muito bacana fazer um trabalho que eles poderão acompanhar daqui a dois ou três anos, seja em reprises ou algo assim.”

Vigh não chegou a ler o livro de Eleanor H. Porter que inspirou o folhetim do SBT/Alterosa, mas conhece a adaptação para quadrinhos lançada na década de 1950. “A construção (do personagem) foi com base no que me lembrava do que li nos quadrinhos junto da sinopse do personagem da novela”, diz.

O ator contracena com muitas crianças e adolescentes. Gostou dessa experiência. “Eles garantem frescor e alto-astral não só para as cenas, mas para os bastidores. Além disso, são superprofissionais”, frisa.

Dalton Vigh tem experimentado outras novidades em As aventuras de Poliana. Uma delas é abordar assuntos complexos de maneira mais leve. “Apesar de ser uma novela infantil, foi a primeira vez que fiz cenas discutindo a existência de Deus. Estou achando interessante a forma como temas profundos são tratados com leveza e explicados para esse público. É um tipo de questionamento interessante”, ressalta.

FENÔMENO


Desde a estreia, em maio, As aventuras de Poliana é um fenômeno de audiência na TV e na internet. Dalton diz que é praticamente impossível saber ao certo por que motivo uma trama funciona. Ele frisa que não existe receita para o sucesso.

No caso de Poliana, o ator ressalta o fato de a história já ser conhecida. “Além disso, ela fala do otimismo, de você não se deixar vencer pelas intempéries da vida, problemas e tragédias que acontecem. Há também a simplicidade e a leveza da abordagem”, analisa.

Além de Poliana, que deve ficar no ar até o fim de 2019, o novo ano reserva vários projetos para o ator, principalmente no cinema. Entre eles estão a segunda parte de Nada a perder, trilogia sobre a trajetória do bispo Edir Macedo, o longa Kardec e o filme policial A divisão, que será transformado em série e tem duas temporadas garantidas no Multishow.

“O que mais gosto na minha profissão é a possibilidade de você se colocar no lugar do outro, viver outras vidas. Experimentar coisas que não vivenciaria em uma encarnação”, diz.

Entre os personagens de destaque de sua carreira, ele cita Venturinha, em Tocaia grande (1995), na Manchete (seu primeiro papel na televisão); e os vilões Clóvis, em O profeta (2006), e Ferraço, em Duas caras (2007), na Globo. Lembra também seu último papel na emissora carioca: Raposo, em Liberdade, Liberdade (2016), série sobre Joaquina, a filha de Tiradentes.


Cria do cinema


Desde criança, Dalton Vigh sonhava ser ator. Porém, ele começou relativamente tarde no ofício. O carioca morava em São Paulo e acabou optando pelo curso de publicidade, pois achava que dessa forma poderia manter contato com as artes, já que sempre gostou de desenhar. “Fui muito influenciado pelo cinema, ia sempre que podia. Muitas vezes, quando gostava bastante de um filme, assistia à sessão seguinte. Na minha infância, incorporava nas brincadeiras filmes que via. Porém, achava que ser ator estava distante da minha realidade”, conta. Depois de formado, Dalton constatou que a publicidade não era o que queria. “Aí fui fazer teatro para eliminar a dúvida. Começaram a surgir trabalhos de comerciais, peças e novelas. Estamos aí até hoje”, diz o ator.

TRAJETÓRIA

TELEVISÃO


» 1995 – Tocaia grande
» 1996 – Xica da Silva
» 1997 – Os ossos do barão
» 1998 –  Pérola negra (foto)



» 1999 – Andando nas nuvens
» 2001 – O clone
» 2003 – A casa das sete mulheres
» 2004 – Malhação
» 2005 – Começar de novo
» 2006 – O profeta
» 2007 – Duas caras
» 2009 – Negócio da China
» 2009 – Cinquentinha
» 2010 – S.O.S. Emergência
» 2011 – Fina estampa
» 2012 – Salve Jorge
» 2015 – I love Paraisópolis
» 2016 – Liberdade, Liberdade (foto)



» 2018 – As aventuras de Poliana

CINEMA

» 1995 – O porão
» 1999 – Por trás do pano
» 2004 – Vida de menina
» 2005 – Mais uma vez amor
» 2006 – Mulheres do Brasil
» 2011 – Corpos celestes
» 2014 – Jogo da memória
» 2016 – Meu amigo hindu
» 2017 – A comédia divina
» 2018 – Nada a perder

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