Fox exibe série nacional Impuros, sobre jovem envolvido com o tráfico em favela

Nem bem, nem mal: personagens complexos extrapolam a fórmula 'bandido contra mocinho'

por 03/11/2018 23:03
fox premium/divulgação
(foto: fox premium/divulgação)

Uma das principais estratégias usadas por traficantes é misturar amido de milho à cocaína para gerar maior retorno financeiro. É a chamada droga impura. Ainda que este seja um dos elementos abordados na nova série da Fox, Impuros, não é por causa dessa mistura que a produção foi batizada. Seu nome vem das impurezas das próprias relações humanas, que nunca conseguem ser completamente puras. Não há só bandidos, não há só mocinhos. Tudo pode estar contaminado.

“Não existe apenas o bem ou o mal. Somos todos seres humanos, com fraquezas e problemas. A história é cíclica e os opostos acabam sempre se encontrando”, diz o escritor Alexandre Fraga, criador do argumento central da atração. “É isso que nós queremos contar em Impuros. Pensamos em toda a complexidade das pessoas, em como é preciso prestar atenção na ausência de mocinhos e bandidos. Às vezes, no final, a coisa mais pura de toda a história pode ser a própria droga”, brinca o autor.

Elaborada por Fraga e dirigida por René Sampaio e Tomás Portella, a trama se passa nos anos 1990, em uma favela carioca. O tráfico reina, as armas circulam, a cocaína é “batizada”. Evandro do Dendê (Raphael Logam) é o jovem que leva uma vida comum até o assassinato de seu irmão por um policial. Sem chão e com uma dívida para honrar, ele decide entrar para o tráfico e buscar vingança.

A partir daí, inicia-se a briga de classes retratada outras vezes no cinema, tendo o ápice em Cidade de Deus, passando pelo sucesso de Tropa de Elite. A diferença, porém, é o foco nas relações humanas ao longo dos 10 episódios. Evandro logo engata um romance complicado com a MC Geisi (Lorena Comparato), que foge completamente dos estereótipos da “mulher da comunidade”. O rapaz também precisa lidar com o alcoolismo da mãe após a morte do irmão. Sem falar do policial que tem conexões com o protagonista.

“O principal ponto da série não é a luta entre bandidos e policiais. É o drama humano por trás de cada personagem”, afirma o cineasta René Sampaio, diretor do longa Faroeste caboclo. “É uma série de ação para chorar”, garante a atriz Lorena Comparato.

POUPANÇA Vale ressaltar: a trama não se passa na década de 1990 apenas por nostalgia barata. Um dos personagens, responsável pela  contabilidade do tráfico, tem o dinheiro da venda de cocaína retido no banco depois do Plano Collor, que confiscou a poupança dos brasileiros. Essa subtrama, que gera uma das histórias mais divertidas e inusitadas de Impuros, foi o ponto de partida de Alexandre Fraga.

“Queria fazer um filme ou uma série sobre a guerra às drogas. Logo depois, comecei a pensar no que as pessoas passaram durante o confisco da poupança”, conta o escritor. “Aí me veio a ideia inicial: imagina alguém que põe o dinheiro de traficantes no banco, sem avisar, e perde tudo? O que essa pessoa vai fazer? É uma situação complexa, queria construir algo ainda maior ao redor disso.”

O diretor René Sampaio ressalta como é importante o Brasil olhar para seu próprio passado. “Ainda que a série esteja totalmente submersa nos anos 1990, ela dialoga com os dias atuais. É preciso fazer essa conexão com a história. Em Impuros, fazemos isso com o morro, com o tráfico, com a pessoa da periferia. E funciona muito bem”, garante. 

Todos os episódios estão disponíveis no App da FOX para assinantes dos pacotes FOX Premium e FOX+. Na TV, novos episódios são exibidos as sextas-feiras, às 22h, no canal FOX Premium 2.

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