Paolla Oliveira fala sobre minissérie 'Assédio', inspirada nos crimes cometidos por Roger Abdelmassih

Atriz afirma que Assédio fala de dor e que seu novo trabalho tem 'grandeza de emoções'. Minissérie está disponível no Globoplay, sem data de estreia na televisão

por Estado de Minas 14/10/2018 09:00

 Ramon Vasconcelos/Globo
Na trama, Paolla Oliveira é Carolina e será amante de Roger (Antonio Calloni) (foto: Ramon Vasconcelos/Globo)

Paolla Oliveira faz parte do elenco da minissérie Assédio, disponível no Globoplay e ainda sem data de estreia na TV. Na produção, a atriz dá vida a Carolina, que inicialmente é casada com Evandro (Ricardo Ripa) e se torna paciente de Roger (Antonio Calloni), especialista em reprodução assistida. No entanto, eles acabam se tornando amantes e ela não acreditará nas acusações de que o médico estuprou muitas das mulheres que iam ao seu consultório. Para sua intérprete, a história é necessária neste momento. Além disso, ela avisa que quem for assistir procurando por sensualidade vai se decepcionar, porque não se trata disso.


“É tão espetacular o que foi feito, porque não é sobre sexo, sobre o erótico, o fetiche. É sobre dor. Quando você olha e pensa: ‘É isso? É frio. É duro’. É o tempo entre o ato e elas morrerem um pouco. É muito maior do que a expectativa de quem vai assistir querendo ver algo a mais, uma parte de corpo, um peito”, lembra.
Assédio foi livremente inspirada no livro A clínica – A farsa e os crimes de Roger Abdelmassih, de Vicente Vilardaga, que aborda uma história real. Paolla conta que o processo para encontrar a personagem foi complicado, porque Carolina não é uma das vítimas de Roger. Ela é uma mulher que se apaixona por ele. Então, a atriz teve de deixar seus sentimentos sobre aquela situação de lado para passar o que a personagem precisa imprimir em cena. Embora exista todo o horror das sequências dos estupros, a parte de Carolina na história retrata outro lado da vida desse homem.


“Estou dentro de um trabalho com essa grandeza de emoções, vinda de uma história real, né? Mesmo que baseada, a gente fica com essa sensação presente o tempo todo. E aí salto para estar em situação oposta, que é ter que me apaixonar pelo monstro. Ser seduzida, seduzir e achar que ele é a melhor pessoa do planeta”, relata.


Carolina se envolve com Roger e vira sua segunda esposa, após a morte de Glória (Mariana Lima). Segundo Paolla, a atração que a personagem sente pelo médico pode ter sido por ele ser um homem poderoso ou por simplesmente ter se apaixonado. A atriz revela que tentou entender a cabeça dessa mulher de todas as formas, mas não conseguiu.


“Ela acredita e briga por ele. Se for voltar à realidade, ela continua falando até hoje que ele não fez nada. Essa série passa por lugares que a gente nunca imagina. A Carolina começa a sair com o Roger enquanto a Glória ainda está com ele. Eles têm um relacionamento no período em que a primeira esposa está morrendo de câncer. Ela espera que a mulher morra, sem arrumar confusão. É horrível”, opina.

FOTOS ÍNTIMAS Durante as gravações de Assédio, no início do ano, Paolla foi assediada. A atriz foi exposta seminua, por conta do vazamento de fotos tiradas nos bastidores da produção sem o seu consentimento, por um funcionário. Segundo ela, o homem responsável por divulgar as imagens na internet é alvo de um processo aberto por ela e pela Globo.


“O processo ainda está correndo. Não houve perdão, não tem por que ter. Se faço uma coisa, eu assumo, você também, e é assim. O processo foi junto com a Globo. A emissora também foi prejudicada nisso”, conclui. 



'Qualquer tipo de assédio tem de ser banido'

Ramon Vasconcelos/Globo
Antonio Calloni faz o papel do médico especialista em reprodução assistida Roger Sadala, em Assédio (foto: Ramon Vasconcelos/Globo)

Durante 16 capítulos, Antonio Calloni dará o ar da graça em O sétimo guardião, próxima novela das 21h da Globo, prevista para novembro. No folhetim de Aguinaldo Silva, que marca a volta do autor ao realismo fantástico, o ator interpretará Egídio, guardião-mor de uma fonte com propriedades curativas e rejuvenescedoras. Além do personagem, outras seis pessoas foram escolhidas em um ritual secreto para proteger esse lugar mágico. Então, com a morte de seu principal protetor, seu filho, Gabriel (Bruno Gagliasso), terá que assumir esta missão.

“É um personagem extremamente generoso, totalmente do bem. É muito abdicado, porque abre mão da vida dele para tomar conta dessa fonte milagrosa. Ele deixa de se casar com a mulher que ama para cuidar disso. É um personagem bonito nesse sentido. Ele apresenta esse misticismo todo em relação à fonte”, adianta Calloni, fazendo referência à vilã Valentina (Lilia Cabral), que o personagem abandonou no passado, porque os guardiões são proibidos de se casar


Porém, enquanto O sétimo guardião não estreia, Calloni pode ser visto na minissérie Assédio, disponível no Globoplay e sem data de estreia na televisão. Na obra de Maria Camargo, livremente inspirada no livro A clínica – A farsa e os crimes de Roger Abdelmassih, de Vicente Vilardaga, o ator faz o médico especialista em reprodução assistida, Roger Sadala, que estupra suas pacientes enquanto elas estão sedadas em seu consultório.


“Qualquer tipo de assédio tem de ser banido, de preferência do planeta. É uma discussão importante como ator, fazendo um trabalho artístico de qualidade; e também como cidadão, propondo um debate em alto nível. Eu me baseei, principalmente, no texto da Maria, que é bem delineado, então não tive dificuldade. É um personagem cheio de contradições e nuances”, observa.


Segundo Calloni, Assédio trata de uma questão importante na relação entre homem e mulher. O ator diz que o macho não sabe muito bem diferenciar uma cantada de um assédio, mas que isso não justifica de nenhuma forma esse comportamento criminoso. Para ele, o assunto já vem sendo discutido há bastante tempo. Por isso, cabe a todos se informarem e mudarem de pensamento. Inclusive, a série apresenta personagens masculinos com atitudes diferentes, que vão ajudar o público a entender melhor o assunto.

INSTINTOS “O ‘bom dia’ como Roger Sadala já era difícil, porque pra fazer tem que acreditar. Ele fez o que fez, se tornou um criminoso, porque ‘adoeceu’ com o poder que tinha na mão. O instinto ganhou da cultura. A gente tem que encontrar um equilíbrio nesse conflito, mas ele não encontrou. Esse personagem sabia o que era o amor por uma mulher, pelo filho, pela vida. Só que se desequilibrou”, relata.


Apesar de a história ser pesada, Calloni afirma que sabe separar ficção de realidade. Então, não fica se martirizando por conta de uma sequência difícil. Pelo contrário, o ator ressalta a alegria de fazer um bom trabalho e o respeito pelas colegas de elenco.


“É óbvio que, quando você tem uma cena de violência sexual, tem que ser cuidadoso com a atriz. Tem que combinar antes. A gente se propõe a fazer desse jogo a sensação de que está sendo uma coisa real, mas existe muita técnica envolvida”, conclui. (Estadão Conteúdo)

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