Sense8 convida o público a questionar preconceitos

Série dos criadores de Matrix usa a ficção científica para abordar temas ligados à diversidade de gênero e à causa LGBT

por Débora Anunciação 08/06/2018 08:00
Murray Close/divulgação
Murray Close/divulgação (foto: Murray Close/divulgação)
Do papel da mulher à diversidade de gêneros, a série Sense8 usa a ficção científica para levantar bandeiras sociais caras ao mundo contemporâneo. Chicago, São Francisco, Londres, Berlim, Seul, Cidade do México, Nairóbi e Mumbai se tornam palco da conexão mental entre oito sensates, pessoas de culturas completamente diferentes. Independentemente da distância física, o octeto compartilha sensações, como a dor, além de sentimentos íntimos e complexos em um enredo no melhor estilo sci-fi. Não por acaso o projeto é assinado pelas irmãs Wachowski, cineastas reconhecidas pela direção da saga Matrix (1999).

Nesta sexta-feira (8), o episódio final chega à Netflix. Vem atender ao pedido dos fãs, que se mobilizaram depois do cancelamento da série em sua segunda temporada, em junho do ano passado. Com duas horas, o desfecho ocorre depois de episódios intensos, focados na luta dos protagonistas contra a Organização de Preservação Biológica (OPB). A instituição promove o rastreamento e a eliminação dos sensates. Apesar de várias cenas gravadas em conjunto, é a primeira vez que os personagens estão fisicamente no mesmo local.

O núcleo do ator mexicano Lito Rodriguez (Miguel Ángel Silvestre) é o alívio cômico do roteiro. Mas a história de Lito, que luta para esconder da mídia sua homossexualidade, é também responsável por boa parte das discussões (sérias e pertinentes) a respeito da comunidade LGBT. Em 2016, cenas com Lito foram gravadas na Parada Gay de São Paulo, evento que, aliás, reuniu grande parte do elenco no Brasil.

A hacker americana Nomi Marks (Jamie Clayton), transexual e lésbica, protagoniza diálogos emocionantes sobre o amor e a autoaceitação. Cenas sobre bullying, preconceito e rejeição familiar colocam em pauta discussões oportunas neste Brasil, que tem o maior número de fãs da atração, de acordo com a Netflix.

Nosso país é o que mais mata integrantes da comunidade LGBT no mundo. Representatividade também é destaque, pois Nomi é interpretada por uma atriz trans. As diretoras Lilly e Lana Wachowski são transexuais.

Os outros protagonistas da série são a indiana Kala Dandekar (Tina Desai), presa a um casamento arranjado e secretamente apaixonada pelo alemão Wolfgang Bogdanow (Max Riemelt), integrante de seu cluster – grupo de sensates conectados entre si. Na primeira temporada, a cena da dupla interpretando Whats up, do 4 Non Blondes com a turma, trouxe essa canção dos anos 1990 de volta aos holofotes.

Afinado, o elenco conta também com Doona Bae (Sun Bak), Brian J. Smith (Will Gorski), Tuppence Middleton (Riley Blue) e Toby Onwumere (Capheus Onyango).

* Sob supervisão da editora assistente Ângela Faria

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