Bruno Ferrari fala sobre seu personagem revolucionário, mas romântico

Ator coleciona papéis de época em sua carreira. Para ele, os temas da novela Tempo de Amar, que se passa em 1920, são atuais

por Ana Clara Brant 17/12/2017 09:30
Caiuã Franco/Globo
No papel de Vicente, Bruno Ferrari contracena com Vitória Strada na trama das 18h da Globo (foto: Caiuã Franco/Globo)

Tempo de amar, folhetim das 18h da TV Globo, tem como trama principal a história de amor de Maria Vitória (Vitória Strada) e Inácio (Bruno Cabrerizo). Para ficar junto, o casal enfrenta vários percalços e muitos encontros e desencontros. Mas como novela é obra aberta, a sinopse inicial sempre corre riscos de ser alterada. Ainda mais se for a vontade dos telespectadores. E, aliás, muitos deles – como já se percebe nas redes sociais – torcem para um novo par romântico para a protagonista: Vicente. A torcida, aliás, é do seu próprio intérprete, Bruno Ferrari.

“A relação deles começou com uma amizade. Cada um estava desabafando sobre seus amores e houve uma identificação muito grande. É um relacionamento que está sendo construído. Estão se criando laços muito fortes entre eles. Já até rolou um beijo. Torço muito pelos meus personagens”, comenta o ator, de 35 anos, casado com Paloma Duarte.

Bruno é só elogios para a colega, estreante na televisão. “A Vitória é uma menina interessante. É muito difícil pegar de cara uma protagonista e ela já entendeu o tamanho da responsabilidade. É prazeroso trabalhar com ela. É uma atriz superdivertida, talentosa e desencanada dessa coisa da fama e do sucesso”, opina.

Além da portuguesa Maria Vitória, Vicente nutre uma outra paixão: o Grêmio Cultural Brasileiro. A instituição foi criada para ser um espaço de reflexão sobre questões atuais – no caso de 1920, período em que se passa a história –, promovendo palestras e publicações, incentivando grupos de estudos e realizando cursos sobre as mais diversas questões políticas e sociais. “O Grêmio tem uma proposta muito engajada. Outro dia, Vicente fez discurso falando sobre os direitos dos cidadãos, querendo um Brasil melhor. É um discurso que tem tudo a ver com os dias de hoje. É bem atual, apesar de a novela se passar no começo do século 20. O Alcides Nogueira (autor de Tempo de amar) tem colocado questões bem contemporâneas. Isso é interessante”, observa.

Por falar na luta por um país melhor, Bruno vem de um outro trabalho em que também era um idealista. Xavier, da novela Liberdade, liberdade (2016), que sonhava com a independência do Brasil. “Era um outro contexto, outra época, porque se passava no século 18, na Inconfidência Mineira. Mas se você for analisar, o que o Vicente e o Xavier queriam era a mesma coisa. E é o que todos querem ainda”, pontua.

Para o ator, a grande diferença entre Xavier e Vicente é que o primeiro era mais impulsivo, passional, enquanto o atual personagem é mais centrado e racional. “Vicente é apaixonante. É um cara extremamente culto, educado, e que sabe que não adianta ficar brigando, jogar bomba. É um mocinho, mas não é passivo. Eu quero ser Vicente”, frisa.

CINEMA Por falar em revolucionários, Bruno acaba de lançar o filme 1817 – A revolução esquecida, da diretora Tizuka Yamasaki. A produção relata a revolta surgida em Pernambuco através do olhar da personagem Maria Teodora da Costa, interpretada por Klara Castanho, que tem um caso com Domingo José Martins, papel de Bruno, um dos líderes do movimento. “Foi uma feliz coincidência fazer papéis de época e idealistas. Tenho aprendido e me interessado cada vez mais por história do Brasil. Estou unindo o útil ao agradável”, ressalta.

Curiosamente, 10 anos após seu retorno à Globo, ele está no ar em duas produções. Além de Tempo de amar, Bruno Ferrari pode ser visto na reprise de Celebridade, no Vale a pena ver de novo. Na novela de Gilberto Braga –  exibida originalmente em 2003 –, ele era Fábio, filho dos personagens de Marcos Palmeira e Deborah Evelyn, que morreu nos primeiros capítulos. “Foi uma novela especial, mas, com essa correria de gravação, é difícil assistir. Nem Tempo de amar dá para acompanhar muito. Mas é bacana rever esses trabalhos”, diz.

“A Vitória (Vitória Strada) é uma menina interessante. É muito difícil pegar de cara uma protagonista e ela já entendeu o tamanho da responsabilidade”

“Outro dia, Vicente fez discurso falando sobre os direitos dos cidadãos, querendo um Brasil melhor. É um discurso que tem tudo a ver com os dias de hoje. É bem atual”

“Se você for analisar, o que o Vicente e o Xavier (seu personagem em Liberdade, liberdade) queriam era a mesma coisa. E é o que todos querem ainda

“Foi uma feliz coincidência fazer papéis de época e idealistas. Tenho aprendido e me interessado cada vez mais por história do Brasil. Estou unindo o útil ao agradável”


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