Alexandre Marino lança Hiatos, com poemas inspirados em mudanças e rompimentos da vida

Violência, intolerância e o momento caótico do mundo são a matéria-prima do poeta

por Walter Félix* 16/12/2017 09:09
Joao Neto / Divulgacao
Mineiro de Passos, Alexandre Marino desenvolveu sua carreira literária em Brasília (foto: Joao Neto / Divulgacao )

Em Hiatos, seu sétimo livro de poesias, Alexandre Marino se debruça sobre as interrupções impostas à vida. Neste sábado (16), o escritor participa de manhã de autógrafos na Livraria Ouvidor Savassi, a convite do projeto Sempre um Papo.

A epígrafe traz um trecho da canção Anthem, de Leonard Cohen: “There is a crack in everything that’s how the light gets in” (“Em tudo há uma fissura por onde a luz se aventura”). Marino explica que esses versos se encaixam com perfeição na proposta de seu livro.

“Fiz os poemas pensando em situações de quebra, de rompimento, mas sempre considerando um fio de esperança que podemos encontrar nelas. Hiatos são choques que a gente leva, mas também experiências encantadoras, pois mexem com nossas emoções e podem mudar a nossa vida”, afirma.

A vivência pessoal do poeta serviu de inspiração para Hiatos. O primeiro capítulo, Vácuo, trata de um episódio específico: a cirurgia cardíaca a que Marino foi submetido em 2012. “Não deixo muito explícita essa inspiração por ser algo muito íntimo. Quis abordá-la de forma genérica para que o leitor possa colocar sua própria experiência de vida na leitura. Porém, todos os poemas são fruto de situações e vivências intensas que mexeram comigo de alguma forma”, comenta.

Vivendo atualmente em Brasília, Alexandre Marino nasceu em Passos, no Sudoeste de Minas. Morou por oito anos em Belo Horizonte, onde escreveu os dois primeiros livros: Os operários da palavra, lançado em 1979, e Todas as tempestades, de 1982.

“Desde meu terceiro trabalho (O delírio de búzios, 1999), venho buscando uma linguagem poética que marque minhas buscas, questionamentos, angústias e alegrias”, diz Alexandre. Em Arqueolhar (2005), por exemplo, ele propôs uma releitura de elementos importantes da sua infância.

Questões pessoais também pautaram Exília (2013), que lhe rendeu o reconhecimento do crítico Antonio Olinto. “Em Exília, falei sobre a falta de lugar do poeta, sobre a dificuldade de entendimento entre ele e o mundo e também sobre a angústia na necessidade de expressar”, diz Marino.

O novo trabalho põe fim a um hiato na carreira do poeta, encerrando o ciclo de quatro anos sem lançamento nas livrarias. Ao lado de Arqueolhar e Exília, Hiatos se insere na tríade que marca a maturidade poética do autor.

“O livro é um prolongamento dos dois anteriores, em que trabalho com profundidade tanto na elaboração das poesias, na busca da melhor expressão, quanto na abordagem e escolha de temas. Construo minha poesia em cima de questões que me incomodam no momento, como a falta de diálogo e a violência”, conclui.

* Estagiário sob a supervisão da editora assistente Ângela Faria

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