Artistas mineiros ganham destaque em produções na TV

Os bonecos do Giramundo integram a novela 'Pega pega', enquanto a atriz Teuda Bara, do Galpão, integra o elenco do humorístico 'A vila'

por Ana Clara Brant 13/06/2017 08:36
TV Globo/Divulgação
Danton Mello, Leandra Caetano, Dani Barros e Jaffar Bambirra ensaiam com os bonecos. (foto: TV Globo/Divulgação)
Numa das primeiras cenas de Pega pega, a nova novela das sete da Globo, o personagem Borges (Danton Mello), diretor da Companhia Serrote de Teatro de Bonecos, está aflito atrás do filho Márcio (Jaffar Bambirra). A trupe, que participa de um festival internacional em Foz do Iguaçu (PR), está prestes a entrar em cena. ''O Márcio não chega e não atende o celular. Sem ele, vamos cancelar. Não dá mais para esperar'', diz Borges à mulher, Tereza (Dani Barros). Nesse momento, a caçula da família, Drica (Leandra Caetano), anuncia: ''Faço a parte do Márcio. Deixa, por favor...''. O pai duvida: ''Tem certeza, Drica? Você vai ter que manipular os bonecos, saber todas as marcas''. A menina é categórica: ''Pai, já vi essa peça tantas vezes que sei tudo de cor''” Borges acaba concordando e Drica, finalmente, estreia na Companhia Serrote.

A cena é ficção, mas bem poderia retratar a ''primeira vez'' de Beatriz como manipuladora. Ela é filha de Álvaro Apocalypse (1937-2003), fundador do grupo de teatro de bonecos Giramundo. Em 1985, quando a companhia mineira encenava Auto das pastorinhas em BH, um dos integrantes não pode ir ao Teatro Francisco Nunes. ''Não era tão criança como a Drica da novela, mas a história é bem parecida. Tinha 16 anos, acompanhava todos os ensaios e sabia tudo. Meu pai relutou no começo, mas não teve alternativa. Foi a minha estreia'', recorda.

Curadora e diretora artística do Giramundo, Beatriz Apocalypse tem dado consultoria e ministrado oficinas aos atores desde o começo do ano. A maior parte dos bonecos, cenários e objetos do acervo da fictícia Companhia Serrote foi confeccionada especialmente para a novela pelo grupo. ''Claudia Souto, autora de Pega pega, chegou a fazer parte de um grupo de bonecos quando era mais jovem e quis inserir isso na produção. Os Borges são muito parecidos com a minha família, há uma série de coincidências. A estreia da Drica não foi inspirada na minha estreia, a Claudia nem sabia dessa história. Quando contei, ela ficou impressionada. Foi bem parecido com o que realmente aconteceu. Outra coisa interessante é a matriarca da trupe se chamar Tereza, assim como a minha mãe. E a autora também desconhecia esse fato'', revela.

Beatriz chegou a gravar algumas cenas – esporadicamente, aparece ao longo dos capítulos. Uma delas ocorreu na estreia da novela, quando a Serrote encenava um espetáculo sobre São Francisco de Assis. A mineira dirige as produções apresentadas em cena pelo grupo. ''A oficina do Borges, papel do Danton, é inspirada na oficina do Giramundo. O quadro de ferramentas dele é uma réplica da que tem aqui na nossa sede, na Floresta. Fizemos cerca de 35 peças que estão lá na Globo. Assim que a novela terminar, elas voltam para cá e ficam sob nossa guarda. Mas sempre que precisarem, podem solicitá-las sem nenhum problema'', diz.

Durante a preparação do elenco e os workshops, a diretora do Giramundo diz ter transformado os Estúdios Globo, antigo Projac, em uma extensão de Minas Gerais. Levou doces, queijos e esbarrou com vários conterrâneos: o ator Danton Mello (nascido em Passos, no Sul do estado), a produtora de arte Eugenia Maakaroun e a assistente de direção Dayse Amaral Dias. ''Eu me senti em casa (risos). Me surpreendi bastante com todos do elenco, principalmente o Danton, que virou um exímio manipulador'', assegura.

Entre os bonecos criados para a TV, Beatriz tem um preferido. ''Imperador é marionete de fios, o xodó do Borges. Vai ter um momento em que ele vai aparecer. Além da montagem do São Francisco, que passou no primeiro capítulo, vamos ter outra com a Chapeuzinho Vermelho. E uma outra, no final da novela, que será um grande espetáculo'', avisa.
 
VETERANOS
Ao longo de seus 47 anos, não é a primeira vez que o Giramundo aparece na telinha. Em 2005, também na Globo, profissionais do grupo foram responsáveis pela criação do clima lúdico da minissérie Hoje é dia de Maria, dirigida por Luiz Fernando Carvalho. No cinema, os bonecos Bubu, Totoca e Tiziu, produzidos especialmente para o filme A dança dos bonecos (1986), de Helvécio Ratton, emocionaram adultos e crianças. Em 1999, o Giramundo encantou o público em Castelo Rá-Tim-Bum – O filme, de Cao Hamburger.

''Novela, é a primeira nossa. Tem sido uma emoção, não só por me lembrar da minha própria história, das minhas vivências, mas de vê-los em cena. É bacana ver que nossos bonecos viraram estrelas globais'', diverte-se Beatriz Apocalypse.

TEUDA VAI APRONTAR EM A VILA 
Outra mineira na TV é Teuda Bara, do Grupo Galpão. A atriz, de 76 anos, enfrenta o ritmo intenso das gravações de A vila, o novo humorístico do Multishow, em um estúdio no Rio de Janeiro – com direito a plateia em cena. A estreia está prevista para 7 de agosto.

''A vila em si, o cenário, ficou linda. O programa é muito interessante, tem vários tipos de histórias com os moradores desse lugar e certamente vai agradar crianças, jovens e adultos'', acredita Teuda.

A atriz interpreta dona Fausta, que mora com o filho (papel do ator e humorista Lucas Salles) e vive infernizando a vida do ex-marido, interpretado por Ataíde Arcoverde – o impagável Matusalém do humorístico Xilindró, também no Multishow. ''Mandona e possessiva, ela pega no pé do filho, não o deixa namorar ninguém e ainda fica atormentando o ex. Minha dobradinha com o Ataíde está ótima. Ele é maravilhoso, assim como todos do elenco'', destaca Teuda Bara.

O elenco de A vila conta também com Zezeh Barbosa, Monique Alfradique, Gil Coelho, Katiuscia Canoro e o astro do programa, Paulo Gustavo, no papel do ex-palhaço de circo falido que mora num trailer com uma macaca.

''Paulo Gustavo é maravilhoso não só como ator e comediante, mas como pessoa. Estou adorando trabalhar com ele. A vila tem essa coisa do imaginário do circo, do palhaço, que é bem bacana'', diz a atriz.

Além de ter participações esporádicas nos programas Sai de baixo e Toma lá dá cá, Teuda atuou na novela Meu pedacinho de chão (2014), de Benedito Ruy Barbosa, no papel da zelosa Mãe Benta. ''Televisão é bem diferente de teatro, a gente não ensaia tanto. O processo é mais rápido, ainda mais em seriados. A gente chega, pega o texto, já ensaia fazendo as marcações, mas é bem interessante. Estou me divertindo bastante. Tenho certeza de que o telespectador também vai se divertir'', assegura.

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