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Ancorada na realidade, 5ª temporada de 'House of cards' chega à Netflix

Série mostra como o seriado se tornou fonte referencial de realidade sobre a má política narrada atualmente pela ficção

Tiago Barbosa

- Foto: Netflix/Divulgação

Nesta terça-feira, 30, estreia a quinta temporada de House of cards. Para fisgar o público, a Netflix fez uma jogada de marketing: contratou o fotógrafo oficial de Barack Obama na Casa Branca, Pete Souza, para clicar momentos frívolos do personagem de Kevin Spacey, o famigerado presidente Frank Underwood, no metrô, na lanchonete e em pontos turísticos, rodeado de povo.

 

A estratégia era cristalina: tratar como real a figura fictícia da produção original do serviço de streaming. Mas nem precisava. Os 13 episódios que serão disponibilizados nesta terça são por si só exitosos em demonstrar como o seriado se tornou fonte referencial de realidade sobre a má política narrada atualmente pela ficção.

A façanha deriva da vocação política visceral do casal protagonista, Frank e Claire Underwood, interpretada por Robin Wright (diretora dos dois capítulos finais). A dinâmica afetiva e profissional da dupla e o tratamento dispensado à Presidência dos Estados Unidos – sempre com foco na manutenção do poder – aguçam a sintonia da trama com imbróglios comuns fora da tela.

Na nova temporada, o casal forja e enfrenta dilemas contemporâneos aos Estados Unidos, como o confronto da Casa Branca com a imprensa (exacerbado na Era Trump), a intervenção do Estado na intimidade do cidadão para combater o terrorismo (resquício do 11 de Setembro) e a intromissão externa em embates eleitorais – mais uma dor de cabeça da gestão Trump, acusada de demitir o diretor do FBI para frear investigação sobre a influência russa no pleito de 2016.

Outros temas são caros também ao Brasil, como o uso do grampo para desequilibrar o jogo político (a exemplo dos vazamentos da Lava-Jato) e a cooptação do Legislativo pelo Executivo.


CORRUPÇÃO A nova fase flagra o casal Underwood sob o risco de perder a presidência. A imprensa acusa Frank de ter chegado ao poder por meio de práticas inescrupulosas. O parlamento tenta instalar uma comissão para investigá-lo. As duas frentes de batalha minam a popularidade do presidente, já combalida por uma negociação fracassada em um atentado praticado por uma facção terrorista em solo norte-americano.

O cenário torna improvável a renovação do mandato, desfecho previsto pelas pesquisas eleitorais.

 

 

Ameaçados pela possibilidade de deixar a Casa Branca, os dois lançam mão de um rosário indecente de artimanhas políticas, aprofundando a essência do seriado: explicitar como os governantes subvertem os própositos do Estado para pôr a estrutura da máquina pública a serviço de interesses particulares. A autopreservação passa pela manipulação do sentimento da coletividade e pela sabotagem do próprio país. A criação do inimigo social, a fabricação do medo e o estímulo à desconfiança entre os cidadãos irrompem em efeito cascata como manobra de distração para desvios éticos e aval a medidas de afronta direitos elementares, como a privacidade e o voto, pilar da democracia.

NOVOS A temporada também arrasta para a trama o duelo entre as gerações de políticos, fenômeno global iluminado recentemente pela vitória do presidente Macron na França, considerado o ''novo'' diante da alternativa conservadora de Marie Le Pen. A série confronta a experiência do casal Underwood com a jovialidade dos Conway na disputa eleitoral pela Presidência da República. Dois novos personagens esquentam o jogo político: Mark Usher, vivido por Campbell Scott (O espetacular Homem-Aranha), um hábil articulador da campanha de Will (Joel Kinnaman), e Jane Davis, por Patricia Clarkson (A sete palmos), envolvida com assuntos diplomáticos.

 

Abaixo, confira o trailer da quinta temporada de House of cards:

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