Paraplégico com câncer em estado terminal é hostilizado em hospital com a presença da polícia em São Paulo

03/06/2020 15:21

O Dr. Anselmo Ferreira Melo Costa protocolou queixa crime contra funcionários do Hospital da Unimed em Guarulhos, na Grande São Paulo, onde paciente foi hostilizado e submetido a humilhações após terem chamado até polícia para o mesmo.





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O advogado e consultor jurídico, Dr. Anselmo Ferreira Melo/Reprodução / MF Press Global






Paraplégico e com câncer, Jheison da Silva Feliciano ganhou na justiça o direito a ter realizado o seu tratamento  no hospital da Unimed em Guarulhos, São Paulo. No entanto, além do hospital não ter respeitado a ordem judicial, o paciente cadeirante e em tratamento do câncer acabou sendo humilhado na unidade com uso de força policial, causando grande constrangimento público e confusão.





O advogado e consultor jurídico, Dr. Anselmo Ferreira Melo Costa, sensibilizado com a situação de Jheison, protocolou queixa crime contra o hospital: "é um absurdo toda a cena que fizeram, tratando o paciente de forma negligente e desumana, sem nenhuma dignidade ou profissionalismo da parte dos enfermeiros e da equipe médica. Uma vergonha. E a pergunta é quem tem o dever de ter paciência e saber lidar com a situação? o paraplégico com câncer e problemas psicológicos ou uma enfermeira profissional em plena saúde que jurou sob um código de ética?", refere o advogado.





Entenda o caso





Segundo relatou o advogado através de áudios e vídeos enviado pela família do paciente, Jheison foi submetido no hospital da Unimed a diversos maus tratos e privações de comida e cuidados básicos: "por volta das 8h da manhã, a equipe técnica do hospital UNIMED, onde o querelante se encontra internado, em atitude abusiva e humilhante, sem que houvesse prévia comunicação alguma para o querelante ou para sua representante legal, efetuou a retirada de alguns alimentos autorizados pela nutricionista da unidade que se encontravam no interior de sua geladeira de quarto para seu consumo. Como se não bastasse, relata o querelante que permaneceu por horas sem alimento e sem ser notificado a ele o motivo do jejum. Isto causou a revolta do paciente, que protestou veementemente, elevando a voz até ser ouvido. A equipe de enfermeiros não foi profissional e não soube lidar com a situação, e precisaram chamar a polícia até a unidade, tratando o querelante como se fosse um criminoso. Chamar a polícia para um cadeirante e em tratamento de câncer é algo desumano e desproporcional", ressalta o Dr. Anselmo Ferreira Melo Costa.





Home Care





Depois de todo o imbróglio na unidade da UNIMED, o paciente implorou que seu familiar o levasse para casa, onde deveria receber cuidados por parte do hospital em Home care. Contudo, isto também não foi atendido: "o querelante necessita periodicamente de cuidados essenciais, pois é acometido de tumores expostos que sangram a todo o momento, fora as dores constantes. Agora o hospital também não arca com a sua obrigação de realizar o Home Care de forma humana e profissional. Em atitude desrespeitosa, a equipe técnica de enfermagem deixou de cumprir a tão honrosa profissão  que é "zelar e cuidar do bem estar do paciente".





Provas documentais





O advogado relata por meio de áudios, vídeos  do paciente e outras provas materiais que foram anexadas ao processo e são contundentes: "com provocações sem precedentes, como consta nos vídeos em anexo ao processo, agravam ainda mais o estado crítico do paciente, pois, por várias vezes em que ele, de forma a suplicar para que não tivesse seu pertences retirados foi ignorado e desrespeitado no hospital e teve seus alimento colocados num saco de lixo,  o que o deixou mais humilhado e constrangido. Anexamos todas as provas documentais e estamos confiantes que a justiça será feita."


A Unimed Guarulhos enviou nota ao Portal Uai, pedindo direito de resposta. Segue, na íntegra:

 

"Não são verdadeiras as afirmativas dos autores sobre maus tratos. O paciente Jheison da Silva Feliciano encontra-se internado em nossa unidade hospitalar desde o dia 03 de junho 2020, segue sendo assistido e recebendo o tratamento médico-hospitalar necessário.

Cabe ainda esclarecer que:

1) A cerca (sic) do processo judicial em trâmite, a operadora Unimed Guarulhos informa que está cumprindo a determinação em todos os seus termos;
 
2) Com relação aos relatos de maus tratos, o paciente não foi privado dos cuidados básicos nem de alimentação. Como se pode observar no próprio vídeo enviado como prova pela assessoria de imprensa MF Press Global, havia excesso de alimentos no frigobar do quarto, que contrariavam a dieta alimentar prescrita e caracterizavam riscos ao paciente. Logo, foi necessário a remoção dos alimentos, o que não ocorreu sem aviso ao paciente e nem sendo descartados no lixo, como alegado. Pelo contrário, houve diversas tentativas de comunicação, sem sucesso, a fim de esclarecer que tais alimentos não foram autorizados pela equipe nutricional do hospital;
 
3) Dada a relutância do paciente em ouvir a equipe assistencial, na sequência, os itens foram alocados em sacola plástica transparente, de modelo utilizado para transporte de insumos no hospital, para a então retirada pelos familiares.

É preciso entender que a dieta hospitalar é importante para prover o aporte de nutrientes para o paciente internado e, assim, preservar seu estado nutricional pelo seu papel coterapêutico em enfermidades agudas e crônicas. Sendo assim, as dietas dos nossos pacientes consideram o estado nutricional e fisiológico, adequando-se ao estado clínico do paciente.

4) A polícia militar foi acionada após o paciente ameaçar verbalmente e arremessar objetos contra a equipe assistencial. Ressaltamos que essa medida se fez necessária não numa tentativa de ofendê-lo ou coagi-lo, mas de preservar a integridade de todos os agentes envolvidos. Nessa oportunidade foi registrado Boletim de Ocorrência dos fatos que será apurado pela autoridade policial posteriormente.

5) A Unimed Guarulhos não deixou, em nenhum momento, de prestar assistência médica ao paciente, que segue recebendo nossos cuidados.
 
6) Resta evidente excesso por parte do Portal UAI, que foi além do seu dever de informar, assumindo postura ofensiva e difamatória com a matéria publicada, atingindo a honra das pessoas que compõem a equipe assistencial, sem antes averiguar a veracidade das informações, e com base em imagens produzidas de forma dúbia.  O conteúdo de vídeo divulgou a identidade da colaboradora, “expondo-a de forma vexatória e dando credibilidade a uma notícia falsa, exaltando o seu conteúdo, tanto na chamada da reportagem quanto em seu texto”.

7) A Unimed Guarulhos lamenta que o caso tenha sido divulgado à imprensa por meio de press release, sem a devida checagem dos fatos e a versão do nosso hospital, incluindo a divulgação de um vídeo que expõe tanto paciente quanto nossa equipe assistencial, com um título que não condiz com os fatos e não prova os maus tratos alegados, o que merece uma retratação formal."

 

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