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CORONAVÍRUS

Exame de escarro apresenta as melhores taxas para detectar COVID-19


A detecção precoce e precisa é fundamental para impedir a disseminação da COVID-19 e fornecer cuidados adequados aos pacientes.

O exame de swab (RT-PCR) nasofaríngea (NP), que requer a inserção de um longa haste com ponta de algodão na cavidade nasal para coletar uma amostra da parte posterior do nariz e da garganta, é atualmente o padrão ouro para a coleta de uma amostra para diagnóstico. Esse exame identifica por meio genético a presença do vírus no corpo humano.


Mas o procedimento é tecnicamente desafiador, geralmente desconfortável para os pacientes e requer equipamentos de proteção individual para quem colhe o material que podem ser escassos.

Outras abordagens para a coleta de amostras, inclusive de um cotonete e escarro orofaríngeo, foram testadas em pequenos estudos, mas há incerteza sobre qual o melhor método para detectar o vírus.

Em um novo estudo publicado na EBioMedicine, os pesquisadores do Brigham and Women's Hospital conduziram uma revisão sistemática analisando dados de mais de 3.000 amostras para comparar as três abordagens. A equipe descobriu que o teste de escarro detectou o RNA do vírus que causa o COVID-19 em taxas significativamente mais altas, enquanto o teste de swab orofaríngeo apresentou taxas mais baixas.

Independentemente do método de coleta, as amostras foram coletadas após o início dos sintomas, aumentando a taxa de detecção.
O diagnóstico preciso da COVID-19 tem implicações nos cuidados de saúde, tratamento precoce, prevenção de agravamento da doença, no melhor momento para o retorno ao trabalho, no controle de infecções e na saúde pública. O método preferido mundialmente, dentro e fora do hospital, é o swab nasofaríngeo, mas há muita dúvida sobre qual modalidade de amostragem é melhor e mais sensível.


Esse estudo mostra que o teste de escarro resultou em taxas significativamente mais altas de detecção de SARS-CoV-2 e recomenda o uso desse tipo de teste como um método valioso para o diagnóstico e monitoramento de pacientes com COVID-19.

Os pesquisadores vasculharam a literatura por artigos publicados em busca de estudos que avaliaram pelo menos dois locais de amostragem respiratória usando um swab nasofaríngeo, swab orofaríngeo ou escarro. De mais de 1.000 estudos, foram identificados 11 que preenchiam seus critérios de inclusão para avaliação. Esses estudos incluíram resultados de um total de 3.442 amostras de trato respiratório.

A equipe examinou com que frequência cada método de coleta produzia um resultado positivo. Para o swab nasofaríngeo a taxa foi de 54%; para o swab orofaríngeo foi de 43% e para escarro foi de 71%. A taxa de detecção viral foi significativamente maior no escarro do que os swabs de orofaringe ou nasofaríngeo. As taxas de detecção foram mais altas quando a coleta ocorreu em até uma semana após o início dos sintomas nos três testes.



Exame de escarro apresenta maiores taxas de positividade para identificação do COVID-19


Quando se trata de testes, quanto mais precoce melhor, pois a precisão do diagnóstico é aprimorada mais próxima do início dos sintomas, independentemente do local da amostragem. Ao contrário do teste de anticorpos, é muito raro ter um teste RT-PCR falso positivo ao diagnosticar a COVID-19 no início do curso da doença usando esses métodos.

Os swabs nasofaríngeos são coletados através da cavidade nasal; swabs orofaríngeos são coletados através da inserção de um cotonete longo através da boca. As amostras de escarro geralmente são coletadas de um paciente que tosse profundamente para produzir e expelir catarro.

Nem todos os pacientes são capazes de produzir uma amostra de escarro; para esses pacientes, um swab nasofaríngeo pode ser o melhor método de coleta.

A análise estatística incluiu apenas estudos conduzidos em indivíduos hospitalizados; serão necessários estudos adicionais em pacientes assintomáticos ou com sintomas leves em nível ambulatorial.

O presente estudo não avaliou métodos de testes alternativos, como saliva ou swabs nasais anteriores (retirados da frente do nariz).
O ideal será encontrar um teste que seja prontamente aceitável pelos pacientes, fácil de coletar e altamente sensível.
 
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Dr.Silvio Musman
Médico especialista em pneumologia, medicina do exercício e do sono.