Saúde Plena

Coronavírus: Proteger moradias para idosos deve ser prioridade neste momento


A população de idosos no Brasil hoje gira em torno de 30.000.000 de pessoas e uma parte desses idosos vive de forma compartilhada, nas chamadas instituições de longa permanência para idosos (ILPIs).


O número de idosos que residem nas ILPIs credenciadas pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é de, aproximadamente, 80.000, mas o número total de idosos que vivem nesse tipo de moradia, quando incluímos as públicas, filantrópicas e particulares, pode chegar a 300.000 pessoas. 

A COVID-19 é uma doença particularmente grave para a população idosa e essa gravidade é tão maior quanto maior é o grau de fragilidade desses idosos. O novo coronavírus tem também como uma de suas características marcantes o alto grau de transmissibilidade, e é esse um dos principais motivos para a adoção da estratégia de isolamento social.

Com o isolamento, reduzimos a transmissibilidade e, consequentemente, a velocidade de propagação da doença. Ao conseguirmos ter um número menor de doentes em um determinado período de tempo, teremos menos casos graves e menor demanda simultânea dos serviços de saúde e, assim, evitaremos o colapso desses serviços.

Nas ILPIs se reúnem um grande número de idosos frágeis, tanto do ponto de vista da saúde quanto do ponto de vista social. E a realidade de grande parte dessas moradias no Brasil, é a da escassez. Muitas moradias sobrevivem se reinventando diariamente e os desafios são diversos. Faltam dinheiro, recursos humanos treinados e políticas públicas que valorizem e priorizem essas instituições tão importantes para qualquer sociedade.


E, por fim, faltam ILPIs.

No Brasil, existem desde ILPIs particulares de alto luxo em grandes cidades até estruturas carentes e desprovidas de apoio, espalhadas pelos rincões mais distantes. Mas, um ponto comum une TODAS essas instituições brasileiras hoje: o medo

- Como proteger os idosos nessas ILPIs? 
- Como preparar e prover as equipes de funcionários com os recursos necessários?
- Como isolar os casos suspeitos dentro dessas instituições?
- Como cuidar das pessoas contaminadas com os recursos existentes?
- Para onde transferir os idosos doentes? Qual hospital irá recebê-lo?
- Como proteger a dignidade desses idosos? 
- Com que recurso financeiro contar?

Muitas dessas perguntas estão sendo respondidas por um grupo de pessoas de todo o Brasil ligadas à causa, que se uniram voluntariamente e construíram um documento que deverá ser usados para subsidiar a tomada de decisões e a alocação de recursos pelas esferas responsáveis. O documento em questão será divulgado nos próximos dias. 

Tendo como exemplo o que tem ocorrido na Itália, França, Espanha, Estados Unidos, temos que agir agora ou cada uma dessas ILPIs brasileiras poderá ser o cenário de uma devastação de vidas. É nossa responsabilidade lutar para não deixar acontecer a negligência e o abandono aos mais vulneráveis. Caso contrário, estará mais uma vez demonstrado o desrespeito ao direito fundamental à vida da pessoa idosa, no nosso país.

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: julianacicluz@gmail.com