Redução do risco cardiovascular no paciente com diabetes mellitus tipo 2

Pessoas com a condição têm de duas a três vezes mais chance de ter um acidente vascular cerebral

Myriams Fotos/Pixabay
(foto: Myriams Fotos/Pixabay)

O diabetes mellitus tipo 2 é uma condição clínica muito frequente. Atinge aproximadamente 450 milhões de pessoas no mundo. É do nosso conhecimento que o diabetes é uma doença eminentemente vascular e que seu tratamento e controle são importantes na redução do risco cardiovascular.

Estratégias para prevenir ou retardar o desenvolvimento do diabetes tipo 2, em indivíduos de alto risco cardiovascular, com hiperglicemia de jejum, ou tolerância diminuída à glicose, foram testadas no Diabetes Prevention Program (DPP). Entre os anos de 1996 e 1999 foram selecionados 3.234 pessoas, aleatoriamente, designadas para uma de três intervenções :1) mudança no estilo de vida (destinado a ajudar os participantes a atingir e manter 7% de perda de peso e 150 minutos ou mais por semana de atividade física, de intensidade moderada); 2) metformina 850 mg duas vezes ao dia; ou 3) dar placebo.

Num seguimento médio de 2,8 anos no DPP, tanto as mudanças no estilo de vida como o tratamento com metformina reduziram a incidência de diabetes nesta população, porém a intervenção no estilo de vida foi mais eficaz que a utilização de metformina.

Vamos ressaltar uma nova classe de drogas, usadas rotineiramente hoje, para tratamento do diabetes mellitus tipo 2, chamados agonistas dos receptores dos hormônios GLP-1, hormônios esses produzidos pelo intestino e que promovem a regulação do apetite e da glicemia. Estudos demonstraram que a secreção desse hormônio nos pacientes diabéticos encontrava-se diminuída, causando a elevação da glicose e de toda a cascata trágica de dano vascular causado pelo diabetes e pela glicose elevada.

Um estudo denominado SUSTAIN 6, que testou a semaglutida, aplicada no subcutâneo uma vez por semana. Quando comparada com placebo, mostrou resultados promissores. Foi um estudo realizado em pacientes com diabetes tipo 2, com alto risco cardiovascular, sendo comparados a semaglutida e o placebo. Mostrou uma perda de peso significativa e sustentada e uma redução na pressão arterial sistólica no grupo da semaglutida. Mostrou uma perda de, em média, 15% do peso dos voluntários, uma taxa até então não alcançada por nenhuma outra droga.

Sabemos que pacientes com diabetes tipo 2 têm de duas a três vezes mais riscos de ter um AVC,(acidente vascular cerebral). O estudo com a semaglutida reduziu significativamente o risco de eventos cardiovasculares em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 e de alto risco cardiovascular. Quando adicionado ao tratamento padrão, houve 26% de redução de risco de AVC (acidente vascular cerebral ), como também redução de 26% no infarto não fatal.

A nossa experiência mostra se tratar de uma droga com baixo risco de hipoglicemia, apresentando-se segura quando utilizada em pacientes com insuficiência renal.

Essa droga com certeza já está incorporada ao nosso dia a dia e, em breve, teremos a versão da semaglutida em apresentação oral, o que facilitará em muito o manuseio dessa