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Incidência de otites externas aumenta nos feriados e finais de semana

Se o inverno traz consigo doenças como as sinusites e amigdalites,  a chegada do calor e o aumento da umidade relativa do ar facilitam a ocorrência das otites externas. 

Diferentemente das otites médias, que geralmente ocorrem durante ou logo após uma gripe ou resfriado, as otites externas costumam se desenvolver depois de finais de semana e feriados -  quando o uso de piscinas, praias e cachoeiras aumenta. 

A cera é uma secreção gordurosa que serve para impermeabilizar a fina pele que reveste os condutos auditivos e dificulta o crescimento de fungos e bactérias. A maioria das pessoas não produz muita cera e a produção é naturalmente eliminada.  No entanto, uma parcela razoável dos pacientes precisa removê-la periodicamente, porque é produzida em excesso ou porque é empurrada por hastes flexíveis, toalha ou dedo. 



No caso das otites externas, o problema começa com uma sensação de que a água não saiu do ouvido. Em seguida, a audição diminui. A umidade misturada à cera acaba gerando um incômodo e com ele a vontade de coçar. 

É aí que as hastes flexíveis e outros objetos (tampas de caneta, dedo, grampos, palitos) introduzidos no canal auditivo ferem a pele fina do ouvido e criam uma porta de entrada para infecções, causando diminuição da audição, secreções e dor. 

Na praia, a água contaminada do mar pode ser ainda mais perversa, ocasionando otites que exigem antibióticos tópicos e por via oral, associados a analgésicos. 

E o que fazer se a água entrar e não sair? Não tente secar o conduto com hastes flexíveis ou similares. Os egípcios descobriram que o vinagre dificulta o crescimento de bactérias e ajuda a secar o conduto. Você pode molhar um algodão e pingar gotas de vinagre ou de álcool e, em seguida, inclinar a cabeça para o lado. Secadores de cabelo também podem ajudar - mas cuidado com a temperatura que pode queimar a pele da orelha especialmente de bebês. 



Se houver ardor ou se esses cuidados não surtirem efeito, provavelmente você precisará de um otorrinolaringologista. A pele pode estar machucada ou a quantidade de cerume dentro do conduto pode ter formado uma válvula e precisará ser retirada. 

Atenção ainda mais especial para diabéticos e imunodeprimidos, que podem desenvolver casos bastante graves da doença. 

Recentemente, um laboratório da Universidade de Goiás realizou a análise da cera de 52 pacientes com câncer de diversos tipos e estágios e 50 pacientes sem câncer. A ideia é antiga mas somente com o uso de metodologia mais moderna a cromatografia gasosa e espectômetro de massa pôde ser levada adiante. 

A pesquisa descobriu uma molécula presente em 100% dos pacientes com câncer. A descoberta  - publicada em um artigo científico do periódico Scientific Reports Nature intitulado Cerumenogram: a new frontier in cancer diagnosis in humans  - abre a possibilidade de diagnóstico precoce de câncer, aumentando as chances de cura e a importância da cera que produzimos em nosso ouvidos.

Meu nome é Alexandre Rattes e trato de doenças do ouvido, nariz e garganta.