Desde que virou moda entre as celebridades – leia-se Kim kardashian e outras –, a bichectomia, cirurgia que consiste na retirada da gordura de Bichat e afina o rosto, caiu no gosto do público em geral. O problema é que a intervenção não é indicada para todos.
Segundo especialistas, a retirada da gordura pode, inclusive, causar o envelhecimento precoce da face, levar à perda da sustentação da pele e, consequentemente, ao surgimento de flacidez na região.
Nesse sentido, o ideal de conquistar um contorno facial mais definido pode se tornar um pesadelo.
O médico Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica explica o procedimento: “Realizada por meio de um pequeno corte no interior da boca, a bichectomia consiste na retirada total ou parcial das duas bolsas de gordura presentes em cada um dos lados da boca, entre o maxilar e a mandíbula, chamadas de bolas de Bichat".
Efeitos colaterais
Se mal indicada, segundo o médico, a cirurgia pode ter resultados indesejáveis a médio e longo prazos. Isso por que, de acordo com o médico, a bola de Bichat é um componente de grande importância para a manutenção da estrutura facial. “O rosto é formado por diversos compartimentos de gordura, como as bolas de Bichat, que são responsáveis por manter a sustentação da pele e dos músculos. Conforme envelhecemos, esses compartimentos de gordura, assim como os ossos, são reabsorvidos, diminuindo a sustentação dos tecidos”, afirma.
“Logo, se esses compartimentos importantes são retirados propositalmente há uma aceleração do processo de envelhecimento, pois ocorrerá a diminuição da sustentação da pele, levando ao aparecimento de flacidez.”
Ou seja, mesmo que a cirurgia seja bem-sucedida existe a chance da retirada da bola de Bichat causar alterações na anatomia da face, o que pode gerar certo desconforto estético nos pacientes após um tempo.
Quem pode fazer a bichectomia?
Ainda de acordo com o cirurgião, uma conversa franca com o profissional – que deve ser sempre habilitado para a realização de cirurgias plásticas –, é o caminho para a avaliação de benefícios x riscos.
"O cirurgião deve avaliar a anatomia do rosto e dizer se a bichectomia é realmente a cirurgia mais indicada para o caso. Geralmente, o procedimento é indicado quando o paciente apresenta lesões devido a mordidas na parte interna das bochechas. Porém, a maioria realmente visa fins estéticos, o que não é um problema, desde que o paciente tenha indicação e o cirurgião retire apenas o excesso de gordura na região, de modo que o rosto não adquira um aspecto esquelético”, destaca o especialista.
Deu errado, e agora?
É claro que, caso ocorra a retirada excessiva das bolas de Bichat com consequente envelhecimento precoce da pele, o paciente pode recorrer a outros procedimentos que visam a recuperação da pele envelhecida, como preenchimento com ácido hialurônico, bioestimuladores, enxerto de gordura e fios de sustentação. “Porém, nada disso será necessário se, como citado, o paciente discutir com o médico as opções disponíveis para tratar as alterações estéticas que incomodam, pois o grande problema com relação à bichectomia, assim como qualquer outra cirurgia, é a indicação indiscriminada”, finaliza.