Pesquisa da UFMG é agraciada com R$ 1 milhão para investigar desenvolvimento de tumores

Grupo do ICB encabeça estudo sobre o microambiente tumoral. Recursos foram disponibilizados pelo Instituto Serrapilheira, agência privada que financiará outros 11 projetos no Brasil

por Estado de Minas 20/05/2019 11:25
Raphaela Dias/UFMG
Alexander Birbrair (à direita) com seu grupo de pesquisadores no ICB (foto: Raphaela Dias/UFMG)

No momento em que se anunciam cortes de recursos públicos para a educação e a ciência, uma pesquisa encabeçada pelo Departamento de Patologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) acaba de ser contemplada com um significativo aporte financeiro para custear o projeto. Entre os 12 estudiosos brasileiros agraciados com um montante de R$ 1 milhão, a partir de edital do Instituto Serrapilheira, o professor Alexander Birbrair se destaca com a investigação sobre o microambiente onde crescem tumores.

Em anúncio na última sexta-feira, 17 de maio, o instituto divulgou a seleção de 65 pesquisadores de todo o Brasil que receberam R$ 100 mil no ano passado, na primeira fase da primeira chamada pública de pesquisa científica realizada pela entidade. Serão três anos o prazo para prosseguir com as pesquisas principiadas em 2018.

Em sua apuração, Alexander descobriu a presença e a importância do sistema nervoso periférico, presente em todos os tecidos, no citado microambiente, abrindo caminhos futuros que podem ampliar as formas de combater o câncer. A pesquisa aferiu que os nervos presentes no tumor influenciam em sua progressão, de forma proativa. Daqui para frente, a ideia é analisar como eles atuam exatamente dentro do tumor, quais os processos celulares e moleculares envolvidos, e, a partir daí, construir uma forma de terapia alicerçada nessa descoberta.

Com a percepção sobre o comportamento das inervações dentro do tumor, é possível compreender o papel de cada componente do microambiente tumoral e, à frente, desenvolver drogas farmacológicas capazes de bloquear e inibir o crescimento do tumor. "É preciso criar uma consciência - que não seja abalada por qualquer governo - de que ciência não é gasto, é investimento. Investir em ciência é planejar, pensar no futuro. Investir em pesquisa básica é responsabilidade do Estado, da mesma forma que é preciso investir em educação e em saúde para não se ter um país de analfabetos e sem médicos. São coisas essenciais", disse o professor em entrevista ao Portal UFMG.