Novos planos alimentares surgem para quem quer perder quilinhos extras ou mesmo por questão de saúde

Especialistas alertam que o melhor é respeitar as características de cada um

Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press
O psicólogo Maurício Brum diz que se sente mais bem-disposto depois que adotou a dieta cetogênica para complementar um tratamento contra o câncer (foto: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)
Os índices de obesos e de pessoas com sobrepeso são alarmantes. Segundo dados do Ministério da Saúde, 18,9% da população acima de 18 anos é obesa e 53,9% da população brasileira tem sobrepeso. Com isso, vêm surgindo novas propostas de planos alimentares e protocolos para perda súbita de peso. De acordo com Lucas Penchel, médico generalista, nutrólogo e diretor da Clínica Penchel, é preciso ter senso crítico na hora de iniciar alguma dieta. “As pessoas prometem muitas coisas e boa parte da população acaba comprando a ideia baseada na emoção, já que está em desespero para a perda rápida de peso”, alerta.

Para quem quer começar a seguir um plano alimentar, segundo o nutrólogo, a primeira coisa a fazer é procurar um profissional capacitado, que vai pedir exames laboratoriais para identificar qualquer alteração. O especialista, então, vai oferecer um plano alimentar elaborado com base nos objetivos, na rotina e, principalmente, no paladar da pessoa. Depois, vêm a antropometria e a pesagem, medidas feitas para avaliar os resultados após o início do tratamento.

O que é remédio para uns, pode ser veneno para outros. “Quando a pessoa faz uma dieta que é destinada para outra, ela corre vários riscos”, comenta o nutrólogo. Por isso, é necessário avaliar cada indivíduo, sua faixa etária, seu IMC, se é portador de alguma doença e aliar isso tudo aos objetivos do paciente.

Uma das novas tendências é a denominada dieta cetogênica, que vem desafiando a pirâmide alimentar padrão. A proposta é diminuir drasticamente os carboidratos - em geral, a pessoa ingere 50 gramas por dia - e aumentar a quantidade de gorduras. Estudos demonstram que a dieta pode auxiliar no controle das convulsões em pacientes epilépticos, e nos tratamentos do câncer e do Alzheimer. Porém, como todas as dietas, a estratégia funciona para um grande grupo de pessoas, mas não para todo mundo.

O psicólogo Maurício Brum, de 47 anos, trata um melanoma em metástase e já tinha lido sobre os benefícios da alimentação cetogênica para pacientes com câncer. A ideia de aderir à dieta foi abordada por ele em uma consulta com a sua nutricionista. “Realmente, a célula cancerígena se alimenta de açúcar. Quando você decide cortá-lo totalmente, acaba encontrando a dieta cetogênica.” Ele está fazendo imunoterapia e acompanhando uma boa evolução do tratamento.

No começo, teve um pouco de dificuldade em se adaptar à dieta - alguns sintomas aparecem na fase inicial da mudança. Maurício sentia dores de cabeça, mau hálito e enjoo. Porém, ele garante que, depois de três dias, não tinha mais do que se queixar. “Hoje, me sinto mais disposto, diria até que mais vivo”, afirma o psicólogo.

Maurício também observou uma perda de peso. Do fim do ano passado até hoje, ele já eliminou seis quilos e, em outra época em que fez a dieta, chegou a perder 30 quilos. “Antes de ir malhar, tomo apenas uma xícara de café com óleo de coco”, comenta. Ele frequenta a academia pelo menos três vezes por semana e garante que a crença de que uma alimentação sem carboidrato não fornece energia é falsa.

CUIDADOS


Fazer dietas com baixa ingestão ou restrição alimentar pode ser prejudicial para a saúde. Além da perda de gordura, pode ocasionar a perda de massa magra. “Essa perda de músculo não é saudável. Inclusive, estudos mostram a ligação dela com a redução da expectativa de vida e oxidação, que leva também ao aparecimento de rugas e ao envelhecimento cutâneo”, frisa. Quando perde massa, o adepto fica com o corpo mais flácido também. “Então, tem que tomar muito cuidado com essas dietas restritivas”, explica.

Além disso, quando a perda de peso é ainda mais significativa, pode ocorrer uma hipovitaminose, que é a deficiência de vitaminas B1, B2, C e B12, e de ferro. E, consequentemente, a pessoa pode vir a adquirir a anemia ferropriva, megaloblástica ou, até mesmo, uma doença chamada de beribéri, que é a deficiência de tiamina.

O psicólogo não enxerga a dieta cetogênica como estratégia. Para ele, a alimentação se tornou um estilo de vida. Como o foco dele é o câncer, Maurício enxerga que se adaptar é uma necessidade ainda maior. “A maior vantagem é saber que não estou produzindo o alimento do meu câncer. Não posso descuidar. A alimentação é fundamental.”

Penchel diz que, quando o indivíduo faz uma dieta saudável, seja ela para queda de cabelo, estresse, sono e tratar de uma anemia, seja para qualquer disfunção intestinal, ele emagrecerá. “Hipócrates, pai da medicina, antes de Cristo, já dizia: ‘Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio’. Então, o plano alimentar adequado é realmente o caminho para a prevenção de todas as doenças”, conclui.

Convidamos o leitor para desvendar mitos e verdades sobre dietas que ganham fama no meio nutricional. Entender os riscos de uma dieta sem orientação médica e que é necessário também mudar um estilo de vida sedentário são bases para entrar com tudo em uma alimentação saudável e sem restrições drásticas.

O resultado justifica os meios?
O que comemos tem grande impacto na nossa saúde tanto física quanto mental. Dietas malucas e sem orientação podem comprometer a nossa qualidade de vida


Jair Amaral/EM/D.A Press
Com o paciente Dener Matos, a nutricionista Stefani Rocha afirma é preciso haver mudança de hábitos (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Cada indivíduo precisa ingerir determinada quantidade de nutrientes para manter o bom funcionamento do corpo. Por isso, reduzir ou aumentar a quantidade de alimento ingerido, pular refeições ou adotar dietas sem acompanhamento profissional nem sempre é sinônimo de saúde. De acordo com a nutricionista Stefani Rocha, para a adoção da dieta ideal é necessário um bom acompanhamento profissional, em que serão analisados e estudados os pontos-chave do desequilíbrio alimentar, por meio da anamnese nutricional. “Sendo assim, a melhor dieta é a que se encaixa aos objetivos do paciente”, afirma.

O idealizador do site emagrecerdevez.com, Rodrigo Polesso, especialista em emagrecimento e certificado em nutrição otimizada e saúde e bem-estar pela Universidade Estadual de San Diego, conta que, nas últimas décadas, dieta passou a significar basicamente uma forma alimentar específica e temporária com o propósito de perder peso. “Uma dieta diferente ou uma forma de se alimentar diferente causa adaptações no organismo de cada pessoa que podem ser positivas ou negativas”, explica. Pessoas têm metabolismo, genética, hábitos e corpos diferentes. “Uma dieta ideal para emagrecimento é aquela que provê todos os nutrientes que o corpo precisa e regulariza o sistema hormonal da pessoa, readequando os sensores naturais de apetite e saciedade de forma que o indivíduo possa perder peso bem nutrido e sem sentir fome”, completa.

Com uma boa prática alimentar, o organismo poderá trabalhar com a prevenção e o tratamento de patologias, por meio da ingestão de micro e macronutrientes advindos da nova dieta. “A boa alimentação evita o surgimento de patologias e até mesmo de sintomas como enxaqueca, constipação, diarreia, gases, distensão abdominal e cólica intestinal, entre outros”, ressalta Stefani Rocha. A estética será uma mera consequência das suas escolhas e do estilo de vida adotado.

Cuidado com promessas

“Shakes, pílulas, termogênicos ou dietas com promessas mágicas baseadas em frutas ou extratos exóticos. O problema é que nenhuma dessas funciona a longo prazo”, frisa Polesso. O grande risco de seguir dietas malucas ou de fazer buscas pela internet de informações sem base científica é provocar problemas que atinjam negativamente a saúde. “Em vez de prevenir e até mesmo tratar, essas práticas podem prejudicar ainda mais a saúde do paciente”, explica Stefani. Essas dietas difundidas na internet podem trazer impacto metabólico ao se seguir um padrão alimentar errado e que pode agredir a saúde física e mental.

PERSONALIZAÇÃO


O analista de sistemas Dener Thiago Veiga Mattos, de 27 anos, contou com orientação personalizada para entrar em uma nova rotina diária de reeducação alimentar. Apesar de não ter problemas sérios de saúde, a decisão foi tomada para uma melhor qualidade de vida. “Não tive muita dificuldade, porque ela (Stefani Rocha) foi anotando tudo de que eu não gostava e foi montando uma dieta exclusivamente para mim.” Dener Matos revela que sua dieta proporcionou bons resultados. “No começo, era uma dieta baseada em gorduras e proteínas. Com o tempo, a nutricionista foi liberando os carboidratos”, comenta o analista.

Em uma dieta não existem alimentos corretos e/ou alimentos errados, porém, produtos como óleos vegetais (inflamatórios), carboidratos refinados e processados são uma bomba-relógio para a saúde. “Eles intoxicam nosso corpo e provocam problemas metabólicos a longo prazo. São altos em calorias e baixos em nutrientes, uma péssima combinação”, pontua Polesso. A mudança de hábitos fez com que Dener Matos perdesse 20 quilos (ele pesava 128 quilos quando começou a mudar, em janeiro de 2018). “Para complementar, continuo frequentando a academia e pratico esportes, o que ajuda na manutenção do peso e da saúde”, frisa. Antes da dieta, segundo o analista, os resultados médicos viviam alterados. “Hoje, sinto uma grande diferença tanto em minha saúde física quanto nas pequenas ações do dia a dia, como subir uma escada”, conclui.

Para Stefani não existe desvantagens quando a decisão visa melhorar a qualidade alimentar. “Porém, tudo exige sacrifícios e mudanças, que, em algumas situações, podem desencadear desordens no âmbito emocional”, pontua. Mas essa desordem, segundo ela, só ocorre quando existe um gatilho para o transtorno alimentar, que, se não tratado, pode se transformar em algo mais grave. “Por isso, o acompanhamento com um profissional especializado é tão importante, pois com ele será possível atingir o resultado desejado sem comprometer ou trazer problemas secundários para o organismo.”

Na moda

DIETA PALEOLÍTICA

Como funciona:
a dieta tem um padrão alimentar caracterizado por elevada quantidade de gorduras e baixa quantidade de carboidratos.

Benefícios: Controle da produção de insulina no corpo, que é um hormônio que favorece o ganho de gordura. A restrição de carboidratos também pode ser eficaz para as pessoas que apresentam a síndrome metabólica, diabetes, resistência à insulina e excesso de peso.

Desvantagens: É baseada em uma alimentação altamente restritiva em carboidratos e grupos alimentares. Podendo trazer consequências ruins a curto, médio e longo prazos, como a ocorrência de episódios de compulsão alimentar, desidratação, tonturas, fraqueza, cãibras, intestino preso, etc.

DIETA CETOGÊNICA

Como funciona:
Tem como objetivo reduzir a quantidade de carboidrato para no máximo 5% do total calórico, pois após a média de 3 dias sem a ingestão de carboidratos, o corpo começa a utilizar gordura como fonte energética e combustível para o funcionamento do organismo.

Benefícios: Rápido emagrecimento porque ao reduzir drasticamente o consumo de carboidratos, o corpo fica sem sua principal fonte de energia, a glicose. Passada essa fase, o organismo vai buscar energia no tecido adiposo, então ocorre a queima de gordura. Além disso, ela também pode ser uma aliada em tratamento de patologias como a epilepsia, por exemplo.

Desvantagens: Resumem-se a fadiga e dores de cabeça. Com a falta de carboidratos, o corpo tende a converter a gordura em energia, o que leva à liberação de substâncias chamadas de corpos cetônicos. Em excesso, essas substâncias podem causar enjoos e náuseas, além do cansaço e indisposição. Por isso é muito importante o acompanhamento médico.

LOW-CARB

Como funciona:
Caracterizada pela baixa ingestão de carboidratos, a dieta low carb divide bastante a opinião de profissionais da saúde, em especial, os nutricionistas.

Benefícios: a redução de massas, pães, açúcares e o controle das calorias podem ser grandes aliados para a diminuição da glicemia e, consequentemente, da gordura corporal. Ajuda no processo de emagrecimento, contribui para a melhora nos níveis do colesterol circulante no sangue, e reduz os níveis de glicemia.

Desvantagens: No entanto, a dieta pode estar envolvida na ocorrência de dores de cabeça na fase inicial, constipação intestinal, e dificuldade de inclusão na vida social.

Saúde é questão de hábito
Alimentação saudável, aliada à prática regular de atividade física, resulta em inúmeros benefícios e afasta o risco de doenças como hipertensão e diabetes tipo 2


Arquivo Pessoal
Antes e depois: Zilda Waléria perdeu 80 quilos depois que entendeu que precisava mudar sua rotina alimentar e adotar novo estilo de vida (foto: Arquivo Pessoal)

Adotar bons hábitos tanto alimentares quanto de vida faz parte do processo de qualquer um que queira melhorar a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida. Afinal, uma vida com alimentação saudável, aliada à prática regular de atividade física, proporciona inúmeros benefícios ao corpo e à mente, reduzindo a incidência e o risco de doenças metabólicas, como obesidade, hipertensão e diabetes tipo 2 e, também, de males como depressão e estresse.

A funcionária pública Zilda Waléria Miranda de Almeida, de 35 anos, perdeu 80 quilos por meio de um método de emagrecimento baseado na geração de hábitos saudáveis, o Afine-se. “Fui fazer a avaliação, mas sem muitas esperanças e sem muita vontade. Quando subi na balança, foi um choque ao ver que estava muito acima dos 100 quilos, mas continuei sem dar muita atenção”, relembra. Um puxão de orelha da sua orientadora foi crucial para voltar o foco para sua saúde. “Tenho cuidado excessivo com minha mãe. Um dia, minha estrategista me disse: ‘Nossa Wal, você tem tanto medo da sua mãe morrer, mas já parou para pensar que sua saúde está similar à da idade dela?’. Aquilo, para mim, foi o maior tapa na cara da minha vida”, conta. Segundo a estrategista de emagrecimento Mari de Chiara, o segredo para uma perda de peso definitiva está sempre ligado a mudança de hábitos. “Todo começo é difícil. Aprender uma coisa nova e executá-la com excelência demanda tempo e esforço. Quanto mais vezes um comportamento positivo é repetido, mais o cérebro entende a nova ‘programação’ e passa a substituir antigos hábitos nocivos”, ensina.

Para Zilda, entrar numa calça 40 de sua filha de 14 anos, conseguir que a toalha passe por volta dela, entrar de uma só vez no carro, varrer e faxinar a casa foi possível graças à mudança de sua rotina alimentar e física. “Isso não tem preço que pague, sabe? São esses detalhes que fazem toda a diferença”, desabafa. Antes de se aventurar numa nova rotina, a funcionária conta que já tinha tentado de tudo, mas o foco não era parte do seu dicionário. Com a dieta individualizada, conseguiu chegar aos seus objetivos. “Só para você ter noção, em um feriado fui para a praia com meus filhos, coloquei maiô, entrei no mar, brinquei na areia. Coisa que não faria nunca se estivesse no meu peso de antes. Estou participando ativamente da vida dos meus filhos. Isso não tem preço, mesmo”, destaca.

ENSINAMENTOS


A dieta foi totalmente refeita a partir de dicas de profissionais, consumindo quantidades adequadas de proteína, vegetais, legumes e frutas. “As refeições eram em pequenas quantidades, o correto para meu objetivo”, conta. A funcionária pública também eliminou o açúcar, frituras, refrigerante e guloseimas do cardápio. “Tudo o que eu colocava no prato mandava foto para a nutricionista aprovar. Isso também ajudou bastante”, frisa.

Muitos que querem perder peso se restringem apenas a dietas, exercícios físicos e até cirurgias e medicamentos. “De fato, essas atitudes geram resultados na maioria dos casos, porém, nem sempre duradouros”, pontua Mari de Chiara. De acordo com ela, é preciso adotar uma estratégia incluindo novos hábitos na rotina de maneira permanente, criando metas possíveis e adequadas ao estilo de vida. “A mudança dos padrões mentais e de comportamento deve ser parte do dia a dia, para que, aos poucos, os novos hábitos façam parte do estilo de vida.”

Foi aprendendo novos hábitos que Zilda Waléria entendeu de onde vinha o problema e, com a ajuda certa, conseguiU solucionar e tornar a vida mais saudável. “A mudança vem de dentro, e aprender novos hábitos foi essencial”, destaca.

Mari de Chiara lembra do Registro Nacional de Controle de Peso, gerenciado desde 1994 por Rena Wing, pesquisadora de psiquiatria e comportamento humano da Brow Medical. “Um compilado de dados de mais de 10 mil pessoas, de diferentes estados norte-americanos, que perderam em média 66 libras cada (cerca de 35 quilos) e mantiveram essa perda por mais de cinco anos. O estudo revela que a única característica comum entre todas as pessoas que mantiveram o peso ideal é a mudança em seu comportamento cotidiano”, ressalta.

EXERCÍCIOS

Indivíduos fisicamente aptos e/ou treinados tendem a apresentar menor incidência de doenças, além de uma série de benefícios fisiológicos e psicológicos. A atividade física ajuda a controlar o peso corporal, queimando as calorias em excesso, que, de outra forma, seriam armazenadas como gordura. O grande desafio está no equilíbrio das calorias consumidas com as calorias utilizadas, que refletem no estilo de vida e nas atividades físicas diárias.

Durante o processo de emagrecimento, Zilda Waléria realizou consultas periódicas com a estrategista de emagrecimento para avaliações semanais, treino intervalado de alta intensidade e sessões de estética. “No momento, pratico corrida e caminhada. Só comecei a caminhar depois que emagreci 70 quilos, pois antes não conseguia nem me mover direito”, finaliza a funcionária.

Confira os hábitos que mais boicotam a perda de peso definitiva

- Dormir pouco: dormir bem regula os níveis de grelina e leptina, hormônios que, respectivamente, regulam a fome e a sensação de saciedade. Esses hormônios, quando desregulados, afetam o controle do peso, pois a pessoa está sempre com fome.

- Não planejar a alimentação: quem não planeja as refeições perde o controle sobre a quantidade de carboidratos, proteínas e gorduras que ingere.

- Comer sem prestar atenção e sem mastigar bem: alinhado com o planejamento das refeições, prestar atenção ao que se come é um hábito que deve ser praticado, apesar das distrações. De acordo com estudo da Universidade de Surrey, na Inglaterra, divulgado pelo Journal of Health Psychology, manter o foco na comida durante as refeições provoca maior sensação de saciedade. Comer devagar também é uma forma de valorizar a refeição e ajuda a degustar melhor cada alimento.

- Ingerir líquidos durante as refeições: beber água ou líquidos durante as refeições estimula o aumento do volume do estômago, o que faz com que você tenha vontade de comer mais. O ato de comer sempre tomando líquidos deve ser evitado para que não se torne um costume. Caso seja necessário, tome apenas 100ml de água depois das refeições, e, aos poucos, vá eliminando completamente.

- Pular o café da manhã: não comer pela manhã faz com que seu corpo não se prepare para o dia, portanto, isso o deixa cansado e sem energia. Tomar um bom café da manhã repõe as energias depois de uma noite de sono e impede que você coma exageradamente no almoço, por exemplo. O café da manhã também ajuda a evitar os picos de insulina e regular as chances de desenvolver diabetes do tipo 2.

- Não beber água:
a ingestão de um volume adequado de água ajuda no emagrecimento. A pessoa pode seguir a seguinte regra: beber diariamente 35ml para cada quilo. Uma pessoa que pesa 60 quilos, por exemplo, deve beber cerca de 2 litros ao longo do dia.

Três perguntas para...
Bruno Sander - cirurgião endoscópico, especialista em gastroenterologista e nutrologia

1) Por que, muitas vezes, uma dieta ou uma rotina de exercícios não funciona para o emagrecimento?

Para que seja possível emagrecer a “receita” é simples: balanço calórico negativo. Ou seja, é necessário ingerir menos calorias do que o corpo gastará ao longo do dia. Dessa forma, a “reserva energética” (gordura) será consumida. Portanto, algumas pessoas têm a falsa impressão de que determinada dieta é suficiente para trazer o emagrecimento desejado, mas, na prática, não é bem assim. É necessário associar atividade física a uma dieta equilibrada para que o gasto calórico diário seja sempre maior que as calorias ingeridas ao longo do dia. Às vezes, existe perda de gordura associada ao ganho de massa magra. Isso fará com que o ponteiro da balança desça menos, porém, quanto mais massa muscular, maior será o gasto calórico. Portanto, melhor será o metabolismo, o que favorecerá a manutenção do peso perdido.

2) Por que é importante mudar os hábitos e a rotina para a eficácia do processo?


Foi exatamente a rotina atual que levou você a ganhar peso. E isso, certamente, não ocorreu da noite para o dia. Então, para que alcance um resultado satisfatório e persistente é necessário deixar esses hábitos antigos para trás. Criar uma rotina de alimentação saudável e exercícios físicos diários, além de contribuir para a perda de peso, fará com que a sua saúde mental e corporal fique sempre alinhada e estabilizada. Dessa forma, o emagrecimento passará a ser consequência natural de um processo de mudança definitiva de vida.

3) Por que mudar é tão difícil?

Qualquer mudança é difícil por exigir que a pessoa saia da sua zona de conforto. Com o nosso corpo não é diferente. O processo de emagrecimento exige abrir mão de algo que, muitas vezes, nos traz prazer (como uma fatia de torta de chocolate) para tentarmos alcançar um objetivo que parece estar muito distante ou difícil. A mudança gera incertezas, dificuldades, frustrações (que devem ser superadas) e, às vezes, sofrimento. Porém, para que a mudança seja menos difícil, é necessário enxergarmos o destino para onde queremos que essa mudança nos leve. Não há como mudar o seu corpo sem mudança de comportamento. No entanto, o mais importante é traçar objetivos reais e factíveis de serem alcançados. Um exemplo: em vez de pensar que precisa emagrecer 20 quilos, seria melhor pensar da seguinte forma: “Neste mês, a minha meta é perder três quilos”. Alcançou essa primeira meta, inicie a segunda: “Agora, preciso perder mais três quilos e fazer exercícios três vezes por semana nesse próximo mês”. E assim sucessivamente, até que a meta primária (perder 20 quilos) seja alcançada. Precisamos definir estratégias e planos que sejam possíveis de ser executados para que o sacrifício de tentar não nos traga frustrações. E, se tudo der errado, tente de novo, mas com estratégia diferente. Disciplina e rotina são as palavras-chave para a mudança do estilo de vida.

* Estagiário sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares