Estudo revela diferença entre quem tem ou não acompanhamento ao perder peso

Observado por profissionais de saúde, adolescente chinês se pesa em um consultório de Pequim: demonstração de afeto é determinante para o paciente

por Correio Braziliense 20/04/2019 17:09
Alain Jocard/AFP - 12/4/19
Observado por profissionais de saúde, adolescente chinês se pesa em um consultório de Pequim: demonstração de afeto é determinante para o paciente (foto: Alain Jocard/AFP - 12/4/19 )


Quando um paciente procura um especialista porque deseja ou precisa perder peso, receber atenção especial dos médicos é essencial para que o processo de emagrecimento tenha resultados positivos. Essa constatação foi feita em um estudo desenvolvido por cientistas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e publicado no jornal especializado General Internal Medicine. Em um experimento científico, os pesquisadores compararam tipos distintos de atendimento a voluntários que buscavam emagrecer e observaram uma diferença de até sete quilos perdidos nos resultados obtidos entre os grupos, variando conforme a relação mantida entre os pacientes e os médicos.
O estudo foi realizado ao longo de um ano e contou com a participação de 134 pessoas que estavam acima do peso —a maioria, mulheres. Todos tinham uma idade média de 51 anos. Além de problemas de peso, os participantes tinham complicações de saúde adicionais, como hipertensão e diabetes. No experimento, todo o grupo de voluntários foi convidado a aderir a um programa abrangente de perda de peso, que incluiu metas comportamentais personalizadas, material educacional, ligações de treinadores e mensagens de texto com dicas sobre perda de peso e relatórios de progresso.
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Os participantes também realizavam consultas regularmente com os profissionais de saúde. Alguns médicos ou enfermeiros simplesmente instaram os pacientes, em termos gerais, a “perder peso” ou “se exercitar mais”. Outros profissionais, no entanto, deram conselhos específicos que reforçaram o programa abrangente de perda de peso, como encorajar os pacientes a procurarem treinadores.

Aqueles que receberam as recomendações aprofundadas conseguiram eliminar quase sete quilos a mais, em média. “Apenas dizer a alguém para perder peso ou melhorar sua dieta ou atividade física não funcionou”, declarou Gary Bennett, professor de psicologia na Universidade de Duke, um dos autores do estudo científico. “O médico deve encorajar a participação do paciente em um programa específico”, complementou o especialista.

Empatia


A empatia demonstrada pelos médicos também fez diferença. Segundo os autores, os pacientes que classificaram seus médicos ou enfermeiros como afetuosos e cuidadosos também perderam mais peso quando comparados aos que não receberam a mesma atenção dos especialistas. “Os pacientes que se inscrevem em um programa de perda de peso devem considerar pedir a seus profissionais de saúde para verificar o seu progresso”, assinalou, em um comunicado à imprensa, Megan McVay, professora-assistente da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, e uma das autoras da pesquisa. “Isso pode ajudar a mantê-los responsáveis. Também é importante ter um especialista que se importe mais com eles e que tenha simpatia em relação a como é difícil perder peso”, complementou a especialista.

Antes do estudo sobre conselhos genéricos para perda de peso, os cientistas realizaram outras pesquisas relacionadas ao emagrecimento. Em uma das mais recentes, eles descobriram que pessoas que rastreiam o que comem em aplicativos de perda de peso obtém mais sucesso do que outros que não realizam a mesma tarefa. “Sabemos que o rastreamento é muito difícil para as pessoas, mas também sabemos que quanto mais você usa um aplicativo, mais [peso] você perde”, explicou Gary Bennett.

No estudo, Bennett e sua equipe orientaram 105 homens e mulheres, com idades entre 21 e 65 anos, a usar a versão gratuita de um aplicativo chamado MyFitnessPal. Divididos em três grupos, os  participantes foram monitorados em relação ao que ingeriam. Todos perderam peso, porém aqueles que usaram o aplicativo por todo o tempo do estudo (três meses) emagreceram mais do que os que monitoraram as refeições por apenas um ou dois meses. “Isso traz uma atenção plena para o que você está comendo”, declarou Jean Harvey, PhD, professor de nutrição e ciências da comida na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.

Segundo os cientistas, antes de pedir uma sobremesa ou uma porção gigante de batatas fritas, as pessoas tendem a pensar: “Se eu comer isso, tenho que anotar. Ao rastrear nossa comida em um aplicativo, não há como negar o excesso de calorias. Sim, pode ser entediante. Mas você não precisa fazer isso pelo resto da vida”, defendeu Bennet. Para o médico, o rastreamento por até uma semana pode fornecer informações valiosas e ajudar as pessoas a fazer mudanças. “Com o surgimento de aplicativos mais fáceis de usar, quem já tentou no passado anotar as refeições, mas não obteve sucesso, pode dar uma nova chance ao método”, complementou.

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“Apenas dizer a alguém para perder peso ou melhorar sua dieta ou atividade física não funcionou. O médico deve encorajar a participação do paciente em um programa específico”
Gary Bennett, professor de psicologia na Universidade de Duke