Trekking em família ajudou casal a fortalecer os laços afetivos e o convívio com filhos

Prática também proporcionou prazer e muita diversão

por José Alberto Rodrigues* 12/12/2018 11:00
Marcelo André/Divulgação
Eduardo, Adriana e André Gribel no topo do Pico da Bandeira (foto: Marcelo André/Divulgação)

Em uma viagem à Indonésia, em 1994, o casal Adriana e Eduardo Gribel teve a oportunidade de fazer trekking no vulcão Monte Batur, que, na época, estava em erupção. A aventura superdiferente levou o casal a se encantar com o esporte, tanto que os dois decidiram levar os filhos, Mariana, Renato e André, para desbravar montanhas, aventura bem recebida pelos três. “Pretendíamos, além da paixão pela natureza, dividir ensinamentos, como a importância de a família ser unida e ter momentos prazerosos e de aprendizado juntos, a cumplicidade e o companheirismo entre pais e filhos”, destaca Eduardo Gribel, empresário, presidente da Tenco Shopping Centers e montanhista.

Primeiro, Eduardo e Adriana começaram a levar os filhos para passeios outdoor, para construir nas crianças o gosto pela natureza e sair um pouco do ambiente urbano. “Fizemos diversos passeios de bike em trilhas, fizemos trekkings simples, fomos a cachoeiras, cavernas etc. Quando fizemos a primeira expedição juntos ao Pico das Agulhas Negras, todos já gostavam desse momento outdoor e do contato com a natureza”, comentou Mariana Gribel, engenheira de produção, montanhista e filha do casal.

A família, apaixonada pelo montanhismo, destaca que fazer as maratonas juntos é importante para desenvolver o espírito de convivência na família, aprendendo sobre o respeito às diferenças. “Cada pessoa tem uma capacidade, uma habilidade e uma limitação. Precisamos respeitar e entender que são essas diferenças que fortalecem o time, a família”, pontua Mariana.

De acordo com Andrea Brunelli, psicóloga da Clínica do Bem, realizar tarefas, atividades, passear, educar e compartilhar momentos em família pode, no princípio, parecer uma tarefa complexa para os pais, mas a família é um local de extrema importância, pois é inicialmente o lugar, o ambiente onde se desenvolve a personalidade de cada ser humano. “Assim, podemos dizer que a família é o primeiro lugar, o princípio do espaço psicossocial, modelo das relações que serão estabelecidas com o mundo, com o outro. É o exemplo, o molde da identidade social e pessoal, em que o indivíduo criará e desenvolverá seu sentimento de autonomia, no processo de pertencimento e diferenciação”, comenta.

A família tem como função a socialização das crianças, definindo estilos de vida, educando e difundindo cultura e conhecimento. Incentivando o convívio entre familiares para uma real e afetuosa troca de vivências e experiências. “Dessa maneira, valida-se o espaço em que o indivíduo está inserido e seu sentimento de pertencimento. Costumes que se entrelaçam dentro e fora do sistema social, provendo, assim, todo o sentimento de ser amado, cuidado e aceito”, explica a psicóloga.

ENSINAMENTOS

Para Adriana Gribel, vice-presidente da Tenco, a montanha mais marcante foi o Monte Elbrus, expedição realizada em 2016. “É uma montanha que conseguimos fazer os cinco juntos, depois de um bom tempo sem chegar todos a um cume. Além de ser uma montanha alta e desafiadora”, destaca. Para ela, o maior ensinamento dessas escaladas é o desenvolvimento do autoconhecimento que a montanha proporciona, já que é possível conhecer as capacidades, habilidades, coragem, medos, fraquezas e limitações como família. “Os filhos nos inspiram muito, pois, além de eles terem abraçado a nossa paixão e aceitado fazer isso de maneira unida, eles se tornaram pessoas maravilhosas, com todos esses valores que a montanha nos ajudou a ensiná-los”, pondera.

Eduardo Gribel afirma que ter um hobby em comum com os filhos é bom, pois proporciona mais união e convivência, já que estão sempre motivando um ao outro a ter uma vida mais saudável. “Esse hobby proporciona ficarmos mais tempo juntos e conectados uns aos outros, sem as distrações da vida urbana. Faz com que a família fique mais unida, amiga e cúmplice”, frisa.

VIDA SAUDÁVEL

De acordo com Mariana, ter como hobby o montanhismo a incentiva a ter uma vida mais saudável e, consequentemente, uma preparação física invejável. “Além disso, por ser um esporte de superação de desafios, atingimento de metas e bom planejamento, acreditamos que isso contribuiu para que hoje meus pais sejam empresários de sucesso. Tudo isso nos inspira muito”, comenta.

Por sua vez, Andrea Brunelli afirma que a interação de pais e filhos extrapola o âmbito familiar e dá aos filhos suporte saudável para se desenvolverem. “As necessidades primeiras e essenciais do ser humano são fundamentais para o desenvolvimento das crianças, um lugar seguro para crescer”, finaliza Andrea Brunelli.

Valores aprendidos nas escaladas

» Respeito às diferenças: respeitar as limitações de todos os integrantes da equipe; respeitar povos, culturas e crenças diferentes das nossas.

» Desenvolver autoconhecimento: conhecimento das nossas capacidades e dos nossos limites.

» Resiliência: dar a volta por cima; lidar e superar adversidades; transformar experiências negativas em aprendizados.

» Foco e disciplina: chegar ao cume é apenas a metade da expedição, depois tem a volta; “altos” e “baixos” são processos naturais; muda o ponto de vista conforme o montanhista muda de posição; facilita a superação de desafios.

» Criatividade: jogo de cintura para superar dificuldades.

» Desenvolver autoconfiança: sobreviver com recursos escassos e em situações de risco; capacidade de tomar decisões mais difíceis que na vida urbana.

» Persistência: ter determinação do que se quer alcançar para enfrentar as dificuldades.

» Metas precisam ser desafiadoras, mas possíveis: metas alcançáveis; desdobramento de meta para garantir o sucesso.

» Trabalho em equipe: ser colaborativo; montanhismo não é um esporte individual.

» Planejamento: preciso e adequado; estar preparado para o que vai enfrentar (melhor época / melhor rota / melhores equipamentos / técnica necessária / físico e psicológico necessários).

Fonte: Adriana Gribel, empresária

*Estagiário sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares