Atenção com a saúde infantil começa ainda na barriga da mãe

Além do acompanhamento do pré-natal, precaução deve continuar ao longo da puberdade para que as crianças possam se tornar adultos saudáveis

por Aline Lourenço* 06/12/2018 08:00

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Natural de Teófilo Otoni, a técnica em enfermagem e professora de matemática Eletheia Dias Ferreira, de 44 anos, viaja de 24 em 24 dias para Belo Horizonte a fim de acompanhar o tratamento da filha Rebeca, de 3 anos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

A saúde infantil é responsabilidade de todos. Os cuidados devem começar ainda na gestação, com um bom acompanhamento da futura mamãe e do bebê para que o parto possa transcorrer de forma tranquila. Do nascimento até a entrada na adolescência, a visita regular ao pediatra é fundamental para prevenir doenças, diagnosticar qualquer irregularidade na saúde física e mental, além de avaliar cada etapa do crescimento e o desenvolvimento neuropsicomotor da criança.

Alguns exames devem ser feitos logo após o nascimento, como os testes do pezinho, da orelhinha, do coraçãozinho e do olhinho. Também é importante ficar atento à caderneta de vacinação do filho. É ela que acompanha a criança por toda a vida e deve ser mantida atualizada. É o que faz a empresária Viviane Lago, mãe de Matheus Augusto, de 5 anos. Ela conta que o cuidado com a saúde do filho começou ainda na gestação e, posteriormente, na maternidade. “Lá mesmo, ele tomou as primeiras doses das vacinas necessárias para que pudesse sair do hospital. A BCG e de hepatite B foram oferecidas pela própria maternidade”, diz, acrescentando que todas as vacinas de Matheus estão em dia.

Além das vacinas, é importante ficar atento a qualquer sintoma de doença ou queixa da criança. A enfermeira e professora de enfermagem Eletheia Dias Ferreira, de 44 anos, procurou um médico após episódios de vômitos e agitação da filha Rebeca, de 3. Diagnosticada com um tumor na cabeça, a pequena Rebeca está em tratamento de quimioterapia e já apresenta melhora. A mãe viaja de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, para Belo Horizonte, de 24 em 24 dias para acompanhar o quadro clínico da filha.

Os especialistas ressaltam que o cuidado com a saúde infantojuvenil vai além de exames e vacinas. Criar na criança bons hábitos alimentares, uma rotina de sono adequada e estimular o desenvolvimento por meio de atividades físicas são fundamentais para um crescimento saudável. Afinal, a prevenção ainda é o melhor remédio para a transição de uma infância feliz a um adulto com boas condições de saúde.

Atenção começa na gestação

Jair Amaral/EM/D.A Press
"No consultório, os futuros pais já recebem orientações importantes para o próprio transcorrer da gestação, podem esclarecer dúvidas, além de obter informações sobre os cuidados e atenção que o bebê deverá receber no nascimento e primeiros dias de vida%u201D - Paulo Poggiali, pediatra, coordenador da Neonatologia do Hospital Mater Dei (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Saúde é assunto sério e por isso é necessário um acompanhamento desde o pré-natal. A assistência de um pediatra é essencial para prevenir doenças, diagnosticar se há algo irregular com a criança, além de avaliar o crescimento, o desenvolvimento neuropsicomotor e a saúde geral do nascimento até os 19 anos. “A ação do pediatra deve se iniciar com uma consulta para os pais ainda no pré-natal, preferencialmente no último trimestre da gestação, ou mesmo antes, se ocorre alguma anormalidade fetal ou risco de parto prematuro. No consultório, os futuros pais já recebem orientações importantes para o próprio transcorrer da gestação, podem esclarecer dúvidas, além de obter informações sobre os cuidados e atenção que o bebê deverá receber no nascimento e primeiros dias de vida, que trarão tranquilidade no parto e muito contribuirão para o sucesso da amamentação”, explica o pediatra Paulo Poggiali, coordenador da Neonatologia do Hospital Mater Dei.

Também é crucial a presença de um pediatra no momento do parto. “É essencial para a assistência imediata ao bebê. Em cerca de 10% dos partos, mesmo em gestações de baixo risco e, portanto, de forma muitas vezes imprevisível, haverá necessidade de intervenção médica para que o recém-nascido estabeleça uma respiração adequada pós-nascimento. As ações pediátricas para reanimar um bebê que não respira logo após nascer devem ter início imediato, como define a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) no Programa de Reanimação Neonatal”, alerta.

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"O leite materno é responsável por estimular o desenvolvimento do cérebro e ajuda o organismo a criar anticorpos, além de ser um aliado para a nutrição%u201D - Andrea Chaimowicz, pediatra neonatologista da Unimed BH (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
O acompanhamento médico vai além da realização dos exames. Durante as consultas, os pais são orientados sobre quais vacinas o filho deve tomar em diferentes períodos da vida. “Muitas doenças, como a meningite, podem ser prevenidas por vacinas, e muitas delas estão disponíveis na rede pública”, ressalta Andrea Chaimowicz, pediatra neonatologista da Unimed BH. A médica também evidencia a importância do aleitamento materno. “O leite materno é responsável para estimular o desenvolvimento do cérebro, ajuda o organismo a criar anticorpos, além de ser um aliado para a nutrição. Ele deve ser o único alimento dado à criança até os seis meses de vida, e depois os pais devem introduzir outros alimentos para auxiliar na nutrição”, explica.

 

ACOMPANHAMENTO

 

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A empresária Viviane Lago com o filho Matheus Augusto, de 5 anos: cartão de vacina em dia (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
A empresária Viviane Lago, de 36 anos, leva a sério quando o assunto é a saúde do filho Matheus, de 5. Ela teve acompanhamento médico antes do nascimento do garoto. “Como diz o ditado popular, ‘melhor prevenir do que remediar’ se aplica perfeitamente à minha maneira de pensar quando se trata da saúde do meu filho.” Ela destaca que o garoto está com todas as vacinas em dia e conta que leva o garoto periodicamente ao pediatra para garantir um desenvolvimento saudável.

Outro exemplo de cuidado desde a gestação vem de Hadrianne Aguiar Sander, de 33. Advogada, ela tem duas filhas: Beatriz, de 5, e Barbara, de 2. “Acredito que cuidar da saúde do filho desde o nascimento é fundamental para evitar males ou tratá-los precocemente, tanto é que hoje vários exames já são feitos no próprio hospital. Também vale dizer que, assim como bons hábitos são construídos na infância, assim é o cuidado com a saúde, pois se bem fortalecidos, permanecerão com nossos filhos ao longo da vida e serão transmitidos aos nossos netos”, explica.

Tanto para Viviane quanto para Hadrianne, a vacinação é a melhor maneira de cuidar da saúde dos filhos. “No decorrer dos primeiros dias de vida, Matheus tomou as vacinas, que são superimportantes e capazes de fazer grande diferença na vida dele”, afirma Viviane. Hadrianne emenda: “As vacinas são às que eu mais me dedico, mantenho tão em dia que quando tem campanhas das doenças já erradicadas no Brasil eu já vacinei as crianças faz tempo”.

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A advogada Hadrianne Sander com as filhas Beatriz, de 5 anos, e Bárbara, de 2: ela não se descuida da saúde das pequenas e as leva periodicamente ao pediatra (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

E não é somente as vacinas que estão em dia. Os principais exames também são feitos regularmente. “Além dos exames de aspecto preventivo realizado em consultas de rotina ao pediatra, que são para acompanhamento do crescimento, como medir e pesar, o último exame realizado foi um raio-x para verificar se minha filha estava com bronquite”, cita Hadrianne.

Para as crianças, o acompanhamento pediátrico é o mesmo que o checape indicado para adultos. “O acompanhamento infantil, também chamado puericultura, avalia e acompanha a criança como um todo desde o nascimento até os 16 anos, que é a idade indicada pela Organização Mundial de saúde. É a medicina preventiva, devendo ser observados o bem-estar físico e psicológico da mãe e do filho, evitando doenças futuras”, esclarece Mônica Itabayana, professora da pós-graduação em medicina da Faculdade Ipemed e pediatra.

“Durante a primeira semana de vida são avaliados a amamentação, o ganho de peso e o desenvolvimento neuromotor, perímetro cefálico e sinais que possam indicar qualquer problema. Na faixa etária de 1 a 6 meses, o acompanhamento infantil é realizado mensalmente. Nessa fase, o pediatra avalia tanto o desenvolvimento neurológico como o crescimento da criança, além de orientar sobre vacinas, tirar dúvidas dos problemas que podem surgir com a amamentação etc.”, sintetiza a pediatra Andrea Chaimowicz.

Saiba mais

Exames mais frequentes

Os exames complementares mais frequentemente solicitados pelo pediatra são hemograma, glicemia, perfil lipídico (colesterol total e frações, triglicérides), urina rotina, ureia e creatinina (avaliação da função renal), parasitológico de fezes, avaliação da função da tireoide (T4 e TSH) e vitamina D. A caderneta de vacina é importante para acompanhar as doses aplicadas. Antes mesmo de deixar a maternidade, os bebês recebem doses de BCG e hepatite B. A ideia é prevenir doenças mais frequentes. O calendário de vacinação foi elaborado para que a prevenção seja mais eficiente, conforme o período do ano. Por isso, é importante vacinar as crianças conforme indicação do Ministério da Saúde.

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram