Depois de três meses de intensa procura, o empresário Thiago Marini Wilfer, de 34 anos, internado em Sorocaba, interior de São Paulo, com quadro de leucemia linfoide aguda, conseguiu um doador de medula óssea a 10,6 mil quilômetros de distância - um jovem de 26 anos, que mora próximo de Varsóvia, na Polônia. Exames mostraram que, apesar de a medula do europeu não ser 100% compatível com a do brasileiro, não há risco de rejeição. Em todo o mundo, não foi encontrado doador totalmente compatível com Wilfer.
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Descoberta científica pode aumentar a eficácia de transplantes de medulaInca lança portal exclusivo para doadores voluntários de medula ósseaDe acordo o Ministério da Saúde, o cadastro de doadores de medula é universal, o que explica ter sido achado um doador compatível com Wilfer na Polônia. No Brasil, a chance de encontrar doador compatível é de uma para 100 mil, podendo chegar a uma em 1 milhão.
No caso do polonês, a compatibilidade é de 90%. O transplante estava previsto para este mês, mas sofrerá atraso porque, em razão da demora, a leucemia voltou a aparecer em exames recentes. Thiago foi internado em um hospital particular de Sorocaba e passou por sessões de quimioterapia, que zeraram o quadro leucêmico. "Estamos vivendo um dia por vez. Toda essa espera é angustiante, mas não perdemos a confiança.
Na página criada em uma rede social para a busca do doador, a mulher do empresário, Marina Wilfer, pediu orações para Thiago e para o "anjo polonês que vai salvar a sua vida". A coleta da medula do doador vai acontecer assim que Thiago estiver pronto para o transplante. O material será enviado de avião para um hospital de São Paulo, onde a cirurgia será realizada. "Sabemos que o jovem polonês continua firme no propósito de doar um pouco de si para devolver todo nosso sonho de volta. Agora é só o Thiago melhorar", disse Marina.
Há duas semanas, os médicos pediram um exame complementar sobre a compatibilidade da medula de Thiago com a do polonês. O resultado foi satisfatório. "Já tínhamos um resultado positivo e esse confirmou que os 10% de não compatibilidade não são problema", disse o paciente.
O caso do empresário mobilizou as redes sociais. Casado e pai de três filhos pequenos, ele descobriu a leucemia em janeiro do ano passado, fez um tratamento intensivo e chegou a ser dado como curado. Em junho deste ano, exames mostraram que a doença tinha voltado. Em agosto, os médicos deram uma sobrevida de dois a três meses ao paciente, caso não realize o transplante. A mulher e os filhos de 11, 10 e até o de 3 anos passaram a procurar um doador pelas redes sociais.
A mobilização foi tão grande que esgotou rapidamente a cota mensal de 200 coletas de sangue para o exame de compatibilidade em Sorocaba. Familiares e amigos organizaram caravanas em ônibus para hospitais de Campinas e São Paulo. A família acredita que o movimento levou ao menos 5 mil pessoas a se tornarem doadoras de medula só no Estado de São Paulo. Em Guararapes, terra natal de Wilfer, centenas de pessoas foram fazer o exame em Araçatuba, obrigando o hemocentro a distribuir senhas.
E o número baixo de cotas para exames em Sorocaba motivou o Ministério Público a entrar com ação para obrigar o Estado a ampliar esse número, mas a Justiça entendeu que não havia ilegalidade.