A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) enviou um ofício para Silvio de Abreu, diretor do Núcleo de Dramaturgia da Rede Globo. No documento, a SBP fez um pedido de reparação por parte da emissora que, na semana passada, exibiu cenas da novela Segundo sol em que a personagem Rosa, interpretada por Letícia Colin, ingeria grande quantidade de bebida alcoólica, apesar de estar grávida.

No documento, assinado pela presidente da SBP, a médica Luciana Rodrigues Silva, são detalhados os problemas relacionados ao consumo do álcool durante a gestação e a importância da prevenção. “O consumo de álcool por mulheres gestantes é totalmente desaconselhado em qualquer fase da gestação e em qualquer quantidade de bebida. Isso acontece porque estudos científicos comprovam que essa prática aumenta de modo considerável o risco de o bebê apresentar malformações congênitas, ou seja, alterações faciais, atraso no crescimento, alterações em diferentes órgãos, sistemas e aparelhos, principalmente no sistema nervoso central e desordens de comportamento.”

A SBP pediu a Rede Globo que, dentro dessa mesma novela, seja oferecido o devido esclarecimento e que sejam estimulam práticas preventivas para evitar o aparecimento de manifestações da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), diretamente decorrente da ingestão de bebida por gestantes. Além disso, a SBP recomendou à emissora que, de forma geral, ao tratar assuntos que tenham relação com a infância e a adolescência, orientem seus autores à responsabilidade de abordá-los em acordo com práticas saudáveis ou, então, apontando caminhos para superação de eventuais problemas.

As cenas que foram ao ar no dia 12, quinta-feira, mostraram a personagem Rosa em um bar, consumindo grande quantidade de bebida alcoólica. Ela até chega a deitar no chão do estabelecimento, mas é socorrida a tempo por Ícaro, interpretado por Chay Suede, o pai de seu filho.

Por mais que se trate de uma obra de ficção, a SBP alertou que, ao mostrar uma cena de embriaguez, como a de Rosa, pode “confundir e influenciar a população, estimulando posturas impróprias, com graves consequências para a saúde e o bem-estar dos fetos e recém-nascidos”.

Os pediatras explicam que a SAF faz com que as crianças atingidas possam ter dificuldades na aprendizagem, de memória, na fala, na audição e a incapacidade de resolver problemas, entre outros. Já quando adolescentes e adultos, podem apresentar desordens psiquiátricas e resistência a seguir normas, inclusive legais.

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram