Bebida milenar contribui para uma boa saúde digestiva e intestinal

Com potencial probiótico, kombucha previne doenças e reforça o sistema imunológico

por José Alberto Rodrigues* 04/09/2018 14:00
Beto Novaes/EM/D.A Press
Isabela Christo e Isadora Darwich conheceram a bebida quando trabalhavam nos Estados Unidos e fundaram em BH a Soul Kombucha (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

A kombucha vem atraindo a atenção de várias pessoas que buscam um tratamento natural e alternativo para males do intestino e da saúde em geral. Tradicionalmente parte da medicina chinesa, a bebida é uma colônia de bactérias e leveduras com potencial probiótico - por isso mesmo benéficas ao intestino e, consequentemente, ao sistema imunológico. É obtida a partir da fermentação do chá preto, ou de qualquer uma das variações de chás da folha Cammelia sinesis, como chá verde e chá branco.

“A bebida tem efeito antioxidante, que é o combate aos radicais livres responsáveis pelos processos de envelhecimento, devido à presença de catequinas. Com o tipo de catequinas presentes no chá verde, a epigalocatequina galato (EGCG), há também o efeito termogênico, ou seja, o estímulo à quebra de moléculas de gordura. Há também o aumento da sensação de bem-estar, já que um dos compostos do chá, chamado L-teanina, atua junto ao cérebro estimulando a produção de dopamina e serotonina. Alguns estudos apontaram ainda propriedades capazes de proteger o cérebro, podendo prevenir alguns tipos de demência e também o Alzheimer”, avalia Guilherme Mattos, médico pós-graduado em nutrologia.

As empreendedoras e fundadoras da Soul Kombucha, Isabela Christo e sua sócia Isadora Darwich, estavam trabalhando nos Estados Unidos em 2015 quando conheceram a bebida por meio de uma amiga nutróloga. “Como os alimentos americanos são ainda mais industrializados e pasteurizados que os brasileiros, passamos a consumir kombucha assiduamente, que foi uma ótima forma de equilibrar a flora intestinal e nos sentirmos bem”, conta Isabela Christo.

Desde que conheceram a bebida, elas ficaram muito interessadas no processo de fermentação de alimentos, prática milenar de uma alimentação mais natural e saudável, e decidiram investir neste mercado. “Na época, começamos a pesquisar mais sobre o assunto e vimos o grande potencial que tinha o mercado brasileiro, pois a kombucha era praticamente desconhecida por aqui.” Elas fundaram a Soul Kombucha. “Para nós, faz muito sentido trabalhar em uma área em que podemos conhecer tantas pessoas que têm a missão de levar mais saúde e bem-estar para os outros. Todos relatam sentir um grande bem-estar logo após consumir a bebida.”

Isabela Christo conta que clientes com problemas crônicos de regulação intestinal relatam melhora surpreendente, e isso não vale apenas para quem tem queixas nessa área, uma vez que a kombucha equilibra de forma global a flora intestinal. “Temos clientes que apontaram um resultado incrível da kombucha na recuperação dos sintomas da ‘ressaca’. Esses são os resultados ‘visíveis’, na realidade constituem a exteriorização do intenso trabalho dos micro-organismos vivos interagindo no organismo”, diz.

Alguns dos compostos e características da bebida favorecem também o emagrecimento, segundo o médico Guilherme Mattos. Ela age melhorando a absorção de nutrientes, o que traz uma maior sensação de saciedade. A kombucha, por ser um agente desintoxicante, promove a eliminação de toxinas que se acumulam no organismo. Ao promover o equilíbrio saudável da microbiota intestinal, auxilia no ajuste do metabolismo “Porém, não existe alimento ou bebida que faça milagre se a pessoa não tiver uma dieta equilibrada segundo suas necessidades individuais e objetivos, além de um estilo de vida que favoreça esses objetivos. O kombucha não terá efeito nenhum nesse sentido”, destaca.

CONTRAINDICAÇÕES

A kombucha tem diversos benefícios naturais dada a própria composição, porém, o médico pondera: “A função probiótica da kombucha ainda é algo controverso, principalmente porque depende de concentrações e propriedades específicas durante seu processo produtivo, que são difíceis de ser controladas na bebida feita em casa, por exemplo”, argumenta.

Guilherme Mattos ressalta que, considerando o fato de uma kombucha produzida segundo os parâmetros que garantem sua propriedade probiótica, terá os benefícios da presença de leveduras e bactérias saudáveis, além daqueles próprios do consumo do chá de Cammelia sinesis. O médico é claro ao dizer que a ingestão de kombucha não pode ser considerada um tratamento em si. “Não estamos aqui falando de um remédio, ou medicamento, mas, sim, de uma bebida com propriedades interessantes para o organismo, assim como é o caso de outros alimentos. Pode ser um aliado na melhoria das condições da saúde do paciente, ou na busca por um objetivo específico do médico e do paciente como parte de uma estratégia global que inclua um plano alimentar personalizado, hábitos de vida saudáveis, entre outros, mas não se pode dizer que seja um tratamento, muito menos se considerar sua ingestão de forma isolada.”

Por ser uma bebida complexa, rica numa série de compostos, o mais seguro é que o consumo seja introduzido pelo nutrólogo ou nutricionista segundo o perfil e características individuais do paciente. “Algo que traz benefícios para um determinado perfil de paciente pode trazer malefícios para outro. O que posso assegurar é que o excesso sempre deve ser evitado”, afirma.

* Estagiário sob a supervisão da editora Teresa Caram