Especialista em madeixas indica os melhores tratamentos para os cabelos na menopausa

Alterações hormonais em mulheres nessa fase da vida vão afetar a quantidade de fios e até a hidratação natural dos cabelos

02/09/2018 07:00
Edésio Ferreira/EM/D.A Press
Especialista Ramiro Cerqueira cuida dos cabelos da engenheira Maria do Pilar (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Difícil encontrar uma mulher vaidosa que não se importa com seu cabelo. Sinônimo de sensualidade, reflexo de personalidade e criação de identidade, as madeixas revelam um pouco de cada uma conforme o estilo, corte, tonalidade, comprimento e textura. Na menopausa, diante das alterações hormonais, elas também sofrem mudanças e é preciso saber lidar para que fiquem saudáveis e não percam a beleza.

A médica Ana Paula Furst, dermatologista e tricologista da Lenz Clinic, afirma que os cabelos na menopausa sofrem alterações na qualidade e, em muitos casos, na quantidade também. “Isso ocorre devido às alterações hormonais nesse período, principalmente a redução do hormônio estrógeno que prejudica diretamente o nascimento e crescimento dos fios e até a hidratação natural deles.”

De acordo com a dermatologista, há um risco maior de desenvolvimento de queda capilar padrão feminino e ocorre também uma perda da qualidade dos fios, que poderão se mostrar menos saudáveis, secos, quebradiços e desnutridos. Mas, avisa, nem todas as mulheres vão sofrer essas alterações.

Os cuidados todas sabem, basta apenas colocá-los em prática: “Alimentação equilibrada e suplementação nutricional, prescrição de medicamentos tópicos e orais (se necessário), além de cuidados com cosméticos, podem ser fundamentais para a boa saúde e manutenção dos cabelos”. Ela lembra que, sim, todo tratamento, quando individualizado, apresenta resultados mais satisfatórios.

Loiros, castanhos, pretos, lisos, cacheados, encaracoladas, quimicamente tratados, alisados, pranchados... Cada estilo, cor e textura reagirão de forma diferente na menopausa? Ana Paula Furst explica que as alterações se devem a mudanças hormonais específicas de cada mulher, e não ao tipo genético de cabelo. “Na grande maioria dos casos, observamos aumento da queda capilar, aumento da quantidade de fios brancos, rarefação, enfraquecimento e afinamento dos fios, perda do brilho. Portanto, como os fios ficam mais fracos e quebradiços, notamos nos cabelos tratados quimicamente um desgaste maior. Nos cabelos pretos, os fios brancos ficarão mais evidentes, dando a impressão de que são em maior quantidade quando comparados com os cabelos loiros.”

Outra dúvida recorrente: fala-se que o cabelo (o fio) só se define na adolescência. Será que pelas mudanças o cabelo na menopausa também assumiria novos fios? A dermatologista ensina que “o cabelo está em constante crescimento e renovação, e pode sim mudar sua aparência ao longo da vida. Em um cabelo crespo, bem volumoso, podem-se observar afinamento, diminuição do volume e até um certo alisamento. Já os cabelos finos podem ficar mais espessos, mas isso ocorre com uma minoria das mulheres. O que vejo no meu dia a dia no consultório, na maioria das mulheres menopausadas, é a queda capilar mais expressiva, com rarefação e perda de volume capilar, os fios ficam mais ‘rebeldes’, secos, quebradiços e sem brilho”.

CARDÁPIO E ÁGUA

Renata Melo/Divulgação
"Alimentação equilibrada e suplementação nutricional, prescrição de medicamentos tópicos e orais (se necessário), além de cuidados com cosméticos, podem ser fundamentais para a boa saúde e manutenção dos cabelos" - Ana Paula Furst, médica dermatologista e tricologista da Lenz Clinic (foto: Renata Melo/Divulgação)
Ana Paula Furst frisa que há produtos de aplicação tópica que ajudam a normalizar o ciclo do crescimento dos fios, que os mantêm na fase de crescimento, outros que são agregadores de massa para aumentar a densidade capilar, e que podem ser prescritos de acordo com cada caso. “Uma boa alimentação e a ingestão de no mínimo 2,5 litros de água por dia são fundamentais para uma boa saúde capilar. O cardápio deve conter alimentos ricos em aminoácidos (metionina, cistina, l-lisina), vitaminas (vitaminas A, C, E e H, que é a biotina), minerais (ferro, zinco, cobre, selênio), polifenóis e flavonoides, entre outros. Sugiro alimentos como nozes, castanhas, peixes, carnes, ovos, feijão, lentilha, leite, cenoura, abacate, caju, mamão e laranja.”

A mudança hormonal já é um obstáculo para a maioria das mulheres e ter de lidar com um cabelo diferente é mais uma carga da menopausa que pode até influenciar na autoestima. “As mulheres têm forte relação com seus cabelos, que estão intimamente relacionados à feminilidade e à sensualidade. As alterações presentes nessa fase da vida podem causar sentimentos de depressão, tristeza e baixa autoestima. A melhor forma de superar essa fase é encará-la com otimismo e fazer o que for necessário para continuar sendo feliz. Para isso, é importante procurar ajuda de um ginecologista e dermatologista para implementação de um tratamento eficaz que controle e corrija essas alterações que tanto incomodam. A medicina na área da dermatologia e tricologia evoluiu muito, não sendo mais necessário que mulheres sofram com problemas de cabelos em nenhuma fase da vida, inclusive na menopausa.”

Cabelo bonito, corpo e mente saudáveis

O cabeleireiro Ramiro Cerqueira, dono do Office Hair Cabelo e Maquiagem, é especialista em tratar os cabelos das mulheres que entram na menopausa e se preocupam com a saúde e a beleza dos fios. Ele diz que há vários tipos de tratamentos capilares para lidar com os efeitos das mudanças hormonais. “Eles devem ser feitos por profissionais. Algumas pessoas têm costume de seguir dicas das amigas para um tratamento que é individual, ou seja, é indicado para um organismo e um couro cabeludo. Há um tipo de cuidado para cada situação, não se deve nunca aceitar indicações de leigos. Há intervenções que ativam a circulação sanguínea no couro cabeludo e dispõem de uma atenção especial, acompanhados pelo cabeleireiro e/ou endocrinologista, dermatologista ou ginecologista.”

Ramiro Cerqueira destaca o tratamento antiquebra, ideal para esse momento: “São quatro passos que trabalham a quebra, queda, hidratação e reestruturação. Fazemos primeiro uma avaliação com microcâmera, que aumenta a imagem dos fios e do couro cabeludo por mais de 100 vezes. O tratamento consiste em ativar e tratar a circulação sanguínea do couro cabeludo, escamas dilatadas e encorpar os fios, devolvendo uma quantidade a mais de massa perdida”.

Conforme Ramiro, há produtos especiais que levam em conta o estado dos fios, do couro cabeludo e das atividades de cada mulher. Quanto a química, o cabeleireiro alerta para ter cuidado. “É interessante, realmente, reduzir os processos químicos, o que ajudará muito. Afinal, vários tratamentos de transformação (luzes, alisamentos, permanentes e prancha) contribuem com o enfraquecimento dos fios durante a menopausa. Já a aplicação de tinta se tornou um processo inofensivo aos cabelos pela preocupação e qualidade de várias marcas disponíveis no mercado.”

CORAÇÃO

Para Ramiro, algumas mudanças são bem visíveis, outras nem tanto, e a mulher tem de lidar da melhor forma possível com essas alterações: “Além de encarar as mudanças fisiológicas, algumas têm de lidar com a baixa autoestima. Mas tudo passa e há soluções para que os cabelos continuem bonitos e brilhantes. É possível reduzir os danos com ganhos significativos. Antes de mais nada, é bom lembrar que um cabelo bonito também é sinônimo de um corpo bem tratado com alimentação saudável, exercícios físicos e hidratação. Beber água é fundamental. Sem falar no acompanhamento médico, com especialistas como geriatra, endocrinologista, dermatologista, ginecologista e, claro, um bom cabeleireiro”.

Ramiro lembra que uma vida bem vivida com certeza nos levará a caminhos mais suaves, com maior capacidade para enfrentar os problemas e, ainda assim, ajudar quem precisa. “Fica a dica: alegria, felicidade, boa alimentação e um leve desapego podem fazer bem à alma, ao coração e ao cabelo também.”

Depoimento:

Maria do Pilar Peres Lopes de Menezes Urban
52 anos, engenheira de sistemas

‘‘Ao entrar na menopausa, aos 44 anos, senti que meus cabelos diminuíram de volume. Outro problema foi a dificuldade em manter os fios, que, além de cair muito, se partiam. Depois de alguns meses, comecei a fazer a reposição hormonal, tratamento para anemia e dermatológicos para a queda. Mas, mesmo assim, os problemas de queda e quebra continuaram. Em abril de 2018, pedi ao meu cabeleireiro que avaliasse meu cabelo porque não aguentava mais me sentir tão mal. Sempre tive um cabelo bonito, comprido e saudável, e minha autoestima ficou bem comprometida por essa situação. Após fazer o tratamento sugerido por ele, meu cabelo já cresceu bastante e parou de quebrar e cair. Meu cabelo está muito melhor e eu também. E toda essa mudança ocorreu em menos de quatro meses. Estou muito satisfeita.”