Hospital de Belo Horizonte recebe 70% dos novos casos de câncer

Instituição filantrópica que sobrevive de doações, o Instituto Mário Penna mantém hospitais de referência no tratamento oncológico e oferece atendimento gratuito aos pacientes sem condições de arcar com os custos

por Augusto Pio 24/06/2018 13:00
Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
Aparelho de ressonância magnética de última geração (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

A história do Instituo Mário Penna (IMP) teve início em 1963. Tudo começou quando o médico que dá nome à instituição, pioneiro no tratamento do câncer em Minas, montou uma ala no Hospital Borges da Costa, dedicada a doentes terminais. A iniciativa buscava dar assistência aos que sofriam com o câncer e não tinham condições de arcar com o tratamento. O IMP tem na presidência hoje, o advogado Paulo José de Araújo, que também exerceu cargo de diretoria na Caixa Econômica Federal, foi deputado estadual por Minas, secretário adjunto de Recursos Humanos e Administração do estado e superintendente do Dataprev-MG. Antes de assumir o cargo, foi pró-reitor de assuntos externos da Unipac e vice-presidente do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais.

De acordo com ele, o IMP sobrevive como instituição filantrópica. “Todas as ações só são possíveis graças às doações da sociedade aos pacientes. Atualmente, cerca de 200 mil doadores ajudam o instituto regularmente. Para este ano, esperamos que mais doações ajudem a manter o funcionamento da instituição, que, assim como o todo o setor de saúde do país, vive difícil situação financeira. O IMP conta com parceiros na captação de troco de seus clientes, como as Lojas Rede, Supermercado BH, Verdemar e os estacionamentos Pare Park. É importante ressaltar que toda e qualquer importância é necessária e bem-vinda”, afirma Paulo José.

Ele esclarece que a estrutura é composta pelos hospitais de referência no tratamento oncológico, Mário Penna e Luxemburgo, a Casa de Apoio Beatriz Ferraz, que acolhe, sem nenhuma remuneração, pacientes do interior em tratamento nos hospitais do instituto, e o Núcleo de Ensino e Pesquisa, que desenvolve estudos de pesquisas sobre o tratamento do câncer. “Com essa estrutura, o IMP atende pacientes de mais de 760 municípios mineiros e é responsável pelo atendimento de 70% dos novos casos de câncer de BH e região metropolitana, além de mais de 20% do total de novos casos em todo o estado.”

Paulo José ressalta que o Hospital Mário Penna é totalmente dedicado ao tratamento oncológico de pacientes do Serviço Único de Saúde (SUS). Já o Hospital Luxemburgo, além de atender pacientes oncológicos, tem outras especialidades médicas e também recebe pacientes particulares e de convênios. “As doações ao IMP podem ser feitas pelo www.doemariopenna.org.br e pelo 0800 039 1441. Também é possível doar o troco em compras nos parceiros de captação da instituição. Além dessas formas de doação em dinheiro, o IMP recebe também alimentos não perecíveis, materiais de limpeza e higiene pessoal e fraldas geriátricas.

O presidente do instituto esclarece que, nas últimas décadas, o tratamento da doença avançou. “Principalmente, se pensarmos na perspectiva tecnológica. O tratamento cirúrgico resulta, cada vez mais, em maior preservação dos órgãos. A cirurgia robótica tem se tornado mais comum, o que é um grande avanço, já que tem um caráter menos invasivo, diminui a dor, o sangramento e a medicação analgésica. Além disso, a abordagem multiprofissional aos pacientes permite melhor individualização dos casos, com diagnóstico anatomopatológico e suporte ao paciente, que envolve atendimento psicológico e nutricional, entre outros.”

ACOMPANHAMENTO

O IMP investe constantemente em equipamentos com tecnologia de ponta para prevenção e tratamento do câncer. Entre eles, a tomografia computadorizada por emissão de pósitrons, conhecida como PET-CT ou PET-Scan, método da medicina nuclear. O PET-CT permite o mapeamento de diferentes substâncias químicas no organismo e está entre as técnicas mais modernas para a detecção de cânceres e acompanhamento de evolução da doença.

Em BH, apenas quatro hospitais têm o aparelho. Os pacientes do instituto podem realizar o exame no Hospital Luxemburgo pelo SUS, convênio ou particular. Além do PET-CT, o Luxemburgo conta com outros equipamentos de destaque no serviço de diagnóstico por imagem, como tomografia, ressonância magnética, mamógrafo e ultrassonografia, todos os equipamentos são novos e de alta qualidade para diagnóstico precoce e preciso. Há também os de colonoscopia e endoscopia, com aparelhos modernos para exames de rastreamento, diagnósticos e terapêuticos no paciente com câncer.

Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
"A cirurgia robótica tem se tornado mais comum, o que é um grande avanço, já que tem caráter menos invasivo, diminui a dor, o sangramento e a medicação analgésica" - Paulo José de Araújo, presidente do IMP (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Paulo José conta que o Núcleo de Ensino e Pesquisa do instituto realiza estudos relacionados à epidemiologia, diagnóstico e tratamento. “Entre eles, podemos destacar os que investigam marcadores genéticos, podendo ser utilizados no manejo dos tumores, no refinamento dos diagnósticos, como determinantes do prognóstico e como alvos terapêuticos. Outra frente de trabalho são as relações entre o sistema imune e as neoplasias, buscando desenvolver e estimular respostas dos pacientes para o combate aos diversos tipos de cânceres tratados na instituição, que alcança cerca de 760 muncípios mineiros.”

Para tanto, conta com 258 leitos no Hospital Luxemburgo, 58 leitos no Hospital Mário Penna, 30 leitos de CTI, além de cerca de 250 médicos do corpo clínico efetivo. “Para ter melhor dimensão desse atendimento, podemos olhar para os números de 2017. No ano passado, o IMP realizou 240 mil sessões de radioterapia, 33 mil de quimioterapia, 100 mil consultas, 1,2 mi de procedimentos e 60 transplantes de medula óssea.”

CAMPANHA

O instituto lançou, este mês, campanha que une a paixão dos brasileiros e, especialmente, dos mineiros, pelo futebol. Com o apoio dos clubes América, Atlético e Cruzeiro e a participação voluntária dos atletas João Ricardo Riedi, goleiro do América, Leonardo Silva, zagueiro do Atlético e Henrique Pacheco Lima, volante do Cruzeiro, a campanha busca sensibilizar os mineiros para doações ao IMP. A campanha foi intitulada “Torcida Mário Penna” e foca no sentimento de torcer por algo ou alguém, de apoiar e se envolver com uma causa.

Ele explica que o Hospital Mário Penna é 100% SUS e totalmente dedicado a atender pacientes com câncer. “Não há atendimento infantil, mas o hospital está aberto ao atendimento de homens e mulheres com qualquer tipo de câncer. Os pacientes carentes, especialmente aqueles que vêm de outros municípios, que estão em tratamento nos hospitais do IMP, contam também com acolhimento na Casa de Apoio Beatriz Ferraz. Ela se localiza no Bairro Santa Tereza e tem a capacidade de atender 42 hóspedes - pacientes e acompanhantes. Oferece alimentação, atendimento psicológico, lazer, equipe assistencial 24 horas e transporte para os hospitais. Todo o serviço oferecido na casa é gratuito.”