Sensor monitora peso sobre tendão após lesão e ajuda na recuperação do paciente

Implante biodegradável fornece dados em tempo real

por Victor Correia* 31/05/2018 14:40
Fabrizio Forte/AFP - 14/3/10
(foto: Fabrizio Forte/AFP - 14/3/10)

Quando um tendão é lesionado e passa por uma cirurgia, o médico precisa monitorar constantemente sua recuperação. O tratamento e a fisioterapia aumentam gradativamente a resistência do local, mas é difícil saber exatamente quanta força a estrutura conseguirá aguentar. Um movimento em falso e uma nova lesão pode acontecer.

Pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e da University College London, no Reino Unido, criaram um implante capaz de detectar as forças exercidas diretamente sobre um tendão. O sensor permite o monitoramento imediato e também chama a atenção por ser biodegradável, se dissolvendo completamente em algumas semanas.

“A habilidade de monitorar, em tempo real, as forças mecânicas em tendões após uma cirurgia permite programas personalizados de recuperação para cada paciente. Isso é muito importante, pois as forças monitoradas durante o primeiro mês determinam o sucesso ou fracasso do procedimento”, ressalta Paige Fox, uma das autoras do estudo, publicado neste mês na revista Nature Electronics.

PRECISÃO

O sensor é formado por cinco camadas de materiais biocompatíveis, incluindo eletrodos feitos de magnésio. Ele mede as forças que um tendão sofre quando é pressionado e esticado. Segundo os criadores, tem precisão suficiente para detectar pressões de 12Pa -equivalente a umgrão de sal.

Dispositivos eletrônicos comuns, quando são implantados no corpo, requerem uma segunda cirurgia para retirá-los. Caso contrário, podem causar danos aos tecidos próximos ou até gerar infecções. Ao contrário, o novo sensor se dissolve completamente após a vida útil, que dura entre duas e três semanas. “Além disso, a resposta inflamatória causada pelo aparelho é baixa e permite que o corpo o absorva sem gerar cicatrizes adicionais ao redor do tendão”, complementa Fox.

A invenção foi testada em ratos e funcionou normalmente por duas semanas. Após três semanas e meia, a sensibilidade começou a diminuir, indicando que o sensor estava se desintegrando. Os ratos também não exibiram reação adversa ao implante nas oito semanas em que foram monitorados.

“A alta sensibilidade, a resposta rápida e a biodegradabilidade mostram que nosso sensor pode ser valioso para outras aplicações, como em curativos cardiovasculares e cirurgias reconstrutivas”, conta Fox. “Nos estudos futuros, nós queremos desenvolver um sistema sem fio completamente feito de matriais biodegradáveis, incluindo um circuito para transmitir informações através da pele.”

* Estagiário sob supervisão da subeditora Carmen Souza