Gripe abala mais os homens, com risco maior de morte

Estudo mostra que sintomas são três vezes piores neles

por Sara Sane 27/05/2018 13:56
Sam Yeh - 25/4/13
(foto: Sam Yeh - 25/4/13)

Elas alegam que não passa de charme, mas um estudo canadense pode livrar os homens da acusação. Segundo pesquisador do Memorial University of Newfoundland, eles têm um sistema imunológico menos resistente à complicação. Por isso, quando gripados, sofrem os efeitos do problema três vezes mais que as mulheres.

Para chegar à conclusão, Kyle Sue investigou diversos estudos sobre inflamações respiratórias e o termo man flu. “É uma expressão usada para quando o homem tem um resfriado simples e se comporta como se fosse uma influenza”, explicou, Vitor Laerte, professor de infectologia da Universidade Católica de Brasília. Diferentemente da gripe, a influenza é uma infecção viral que pode ser fatal em grupos de alto risco.

Ao fim da observação, Kyle Sue concluiu que homens adultos têm taxas mais elevadas de mortes associadas à gripe e maior risco de internação hospitalar, quando comparados a mulheres da mesma idade. Segundo o pesquisador, apesar das estatísticas “relevantes”, é preciso aprofundar os estudos para comprovar e esclarecer alguns aspetos da gripe em homens.

“São tantas questões que devem ser respondidas. Por exemplo: se existe realmente uma diferença no sistema imunológico do homem e da mulher, isso não significa que precisamos começar a vacinação em uma dosagem diferente para eles?”, ilustra. “Espero que futuras pesquisas nos ajudem a responder.” O autor também destaca que permanece incerto se a quantidade de vírus, a resposta imune, os sintomas e o tempo de recuperação do homem podem ser afetados pelas condições ambientais.

Chefe do Laboratório de imunologia da Universidade de Brasília (UnB), Kelly Grace Magalhães diz que os sintomas da gripe variam de pessoa para pessoa, o que não significa que algumas sejam suscetíveis a sofrer mais comos efeitos da doença. Para a imunologista, mesmo que algumas doenças se agravem nos homens, devido aos hormônios, isso não se aplica à gripe.

“Existe uma diversidade hormonal que vai tornar os dois (homens e mulheres) muito diferentes ao responder a determinadas patologias, mas isso não é padrão”, explica. Segundo Kelly Magalhães, a asma é um exemplo de que os hormônios masculinos ou femininos podem interferir de formas distintas em uma doença, sendo mais comum em mulheres.

* Estagiária sob supervisão da subeditora Carmen Souza