Muito tempo ao telefone pode ser sinal de intenções suicidas

Pesquisadores recomendam que o uso seja limitado a duas horas diárias

20/03/2018 14:00
Reprodução/Internet/pexels.com
(foto: Reprodução/Internet/pexels.com)

Os pais devem ficar atentos a um comportamento cada vez mais comum entre adolescentes e jovens: passar o dia inteiro mexendo no celular ou em outros equipamentos eletrônicos. Esse pode ser um sinal de que eles estão deprimidos e, segundo estudo da Universidade Estadual da Flórida, com pensamentos suicidas. Para o coautor da pesquisa, Thomas Joiner, isso sinaliza para a necessidade de médicos e psicólogos considerarem o tempo em frente às telas como fator de risco tanto para depressão quanto para o suicídio.

“Há uma relação preocupante entre tempo excessivo em frente às telas e risco de morte por suicídio, depressão, ideação suicida e tentativas de suicídio”, alerta Joiner. “Todas essas são questões de saúde mental muito sérias e acho que os pais devem ponderar sobre elas.” O especialista recomenda que a família monitore as horas que os filhos dedicam aos aparelhos eletrônicos cada vez mais.

Nos Estados Unidos, casos de depressão e taxas de suicídio entre pessoas com 13 e 18 anos dispararam desde 2010, especialmente entre garotas, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O estudo identificou que a escalada nos problemas de saúde mental entre adolescentes a partir daquele ano coincide com o aumento no número de jovens que têm um smartphone e com a quantidade de tempo que eles se dedicam ao aparelho.

Segundo Joiner, 48% dos adolescentes que passam cinco ou mais horas por dia com equipamentos eletrônicos reportaram algum comportamento suicida. Já entre os jovens que ficam menos tempo no celular, tablet ou computador, esse índice foi de 28%. A psicóloga Jean Twenge, da Universidade Estadual de San Diego e coautora do trabalho, ressalta que os gagdets não são “culpados”, mas servem de sinal de que o adolescente precisa de ajuda. “O resultado mostra claramente que os jovens que passam mais tempo com seus dispositivos são mais infelizes. Aqueles que se focam mais em atividades como praticar esportes e exercícios, conversar com amigos face a face, fazer o dever de casa ou ir à igreja são mais felizes”, afirma.

De acordo com Joiner e Twenge, os pais não precisam cortar o celular ou o acesso a outros eletrônicos. O importante, dizem, é limitar em uma ou, no máximo, duas horas o tempo em que os filhos ficam em frente às telas. “É totalmente fora da realidade pensar que os jovens vão parar de usar os aparelhos; aliás, nem seria bom para eles. O segredo é a moderação. Os pais deveriam deixar as atividades que não incluem equipamentos eletrônicos o mais atraente possíveis. É divertido sair com os amigos ou jogar basquete. Apenas lembre os jovens que essas coisas estão disponíveis e que são mais divertidas do que ficar trocando mensagem de texto”, sugere Joiner.