Dois artigos científicos publicados nesta sexta-feira trazem evidências de que o tipo de radiação emitida por telefones celulares podem causar certos tipos de câncer em ratos machos. As pesquisas - que trazem várias descobertas inconclusivas -, no entanto, ainda não são capazes de encerrar o debate sobre os riscos da radiação dos celulares para a saúde humana.
Pesquisadores do Programa Nacional de Toxicologia (NTP, por sua sigla em inglês) descobriram que “há alguma evidência de atividade carcinogênica” da radiação em ratos machos. Cerca de 6% dos ratos expostos a altos níveis de radiação desenvolveram tumores conhecidos como neurilemoma (schwannomas) no coração. No grupo que não foi exposto não houve registros desses tumores. O pesquisador sênior do NTP, John Bucher, disse, em entrevista ao site Stat, que o neurilemoma foi a evidência mais consistente encontrada nos estudos.
Cientistas também mediram as taxas de tumores em fêmeas, mas as evidências foram insuficientes para ligar a baixa atividade carcinogênica encontrada à radiação a que elas foram submetidas. Algumas ratas desenvolveram gliomas no cérebro e um tipo de tumor na glândula adrenal, mas, estatisticamente, os resultados não permitiram fazer a correlação.
Os artigos se basearam em dados de um estudo de dois anos cujo objetivo é determinar se os telefones celulares - nossa maior fonte de exposição à radiação de radiofrequência - estão emitindo ondas capazes de aumentar o risco de câncer. Muitos estudos descobriram conexões entre diversos tipos de radiação e o câncer, mas a Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer trata a radiação de radiofrequência como possível causador da doença. Um rato de dois anos de idade se assemelha, na maturidade de seu organismo, a uma pessoa de 70 anos.
Como parte da pesquisa, os roedores foram divididos em vários braços de um mesmo estudo e foram expostos a níveis diferentes de radiação.
Curiosamente, a pesquisa mostrou que os grupos de machos expostos à radiação dos telefones, em diversos braços do estudo, tiveram vidas mais longas que os do grupo de controle, que não foram expostos. Enquanto apenas 28% dos ratos que não foram expostos à radiação sobrevieram até o fim do estudo, entre 48% e 68% dos ratos expostos estavam vivos ao final dos dois anos do estudo.