Início de ano é o momento de resoluções e de experimentar o novo

Para quem busca paz, equilíbrio, autoconhecimento e mudanças, a filosofia tantra é um caminho de descobertas

por Lilian Monteiro 31/12/2017 09:28
Ilustração/EM
(foto: Ilustração/EM)

O tantra é uma filosofia muito antiga, que preserva em sua tradição o respeito à vida, à natureza e ao bem-estar. Nele, a atitude de renovar-se significa quase o mesmo que viver, já que a mutação constante é uma das características da natureza e do universo. Tantra não é uma religião (no sentido habitual da palavra). São práticas que qualquer pessoa pode fazer, já que não há busca de exclusividade do pensamento. Artur Grossi, terapeuta tântrico, explica que “como pequenos microcosmos do universo, estamos sempre em mutação, e receber o novo e aceitar as mudanças é o natural. Abrir-se para o novo é sábio. Portanto, com base no tantra, posso dizer que receber o novo ano de 2018 e não rejeitar toda a gama de novidades e desafios que esse ano representa a todos nós é, em potencial, a chave para iniciar essa data de maneira mais preparada, plena e consciente, em comparação aos anos passados.”

Artur Grossi conta que cada pessoa tem uma maneira de se entregar ao tantra, já que a filosofia, em essência, respeita a naturalidade de cada um enquanto criador de sua própria realidade individual. “Mas o mais comum e recomendado é buscar atendimento terapêutico individual, no qual a pessoa tem a oportunidade de redescobrir o poder consciencial e sensorial de seu corpo, por meio de atendimento com terapeuta formado e habilitado para tal (as formações em tantra, em média, duram de um ano e meio a três). Esse profissional acompanhará os primeiros passos da pessoa e poderá recomendar, com mais ou menos rapidez (a depender da necessidade terapêutica que o corpo apresentar), outras atividades, como a participação em grupos, que é outra porta de entrada na filosofia. Mas, saliento, não há regras.”

O terapeuta garante que não vê limites corporais para praticar o tantra e se aprofundar nele. A tendência para quem começa a ser um estudante tântrico é, à medida que se desenvolve e participa de cursos, ir incorporando no cotidiano aquilo que aprende. “Um dos tipos de atendimento terapêutico individual mais procurados é a massagem tântrica, que é uma das ferramentas poderosas na criação de bem-estar e prazer. Ela pode ser feita com a função de relaxamento, ao gosto do cliente. Porém, quando falamos em tantra, falamos em cura, em terapêutica. Não se trata de uma massagem comum. Ela atua não somente no corpo, mas especialmente na mente, ressignificando padrões, crenças e hábitos. Por isso, pode assumir função de terapêutica direcionada. É um grande presente de cura que o indivíduo pode dar a si próprio.”

Artur Grossi enfatiza que a meta do tantra é a iluminação, inclusive por meio do corpo. “Viver a consciência divina em cada célula do próprio corpo, reverenciar e celebrar o divino na manifestação esplendorosa de vida que é o corpo”. Ele recomenda, especialmente para casais, que estudem o tantra, pois isso se torna uma experiência de união, sintonia, ternura e deleite muito superior àquilo que conhecemos na cultura comum. “Com anos de prática, os casais podem se tornar mestres do amor. Solteiros também podem, já que o estudo do tantra em grupos é admitido nos cursos introdutórios. Em suma, o estudante se torna alguém capacitado a criar conexão com as outras pessoas e a expressar o amor, seja no nível corporal mais leve (como no campo da amizade, fraternidade) seja no nível mais íntimo (como no campo conjugal/sexual).”

SEXUALIDADE E AMOR

O terapeuta avisa que o tantra conjuga em si as duas forças que formam o universo, a energia feminina (Shakti) e a consciência masculina (Shiva). Assim, ele atua de maneira diferente no homem e na mulher. “No tantra, a busca da integração dos polos masculino e feminino é 'pedra angular'. Todo o vasto repertório de técnicas e meditações visa preparar o corpo e a mente para realizar conexão mais profunda com tudo, com a natureza, com o meio ambiente, com os animais e, especialmente, com as pessoas. O relacionamento amoroso íntimo ocupa lugar de destaque no tantra, já que as práticas mais avançadas são destinadas para casais. A sexualidade se torna instrumento indispensável de desenvolvimento consciencial no tantra.”

Leandro Couri/EM/D.A Press
Artur Grossi conta que cada pessoa tem uma maneira de se entregar ao tantra (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Para Artur Grossi, de todas as escolas espirituais e religiões que pôde conhecer na vida, o tantra, por excelência, é o caminho do amor. “Não se busca falar sobre amor, explicar o amor ou defini-lo. Isso várias escolas fazem e se especializaram (ou não...). O que o tantra faz é especialmente praticar o amor, entender na prática, na ação, na entrega e na doação o que é o amor e o seu alcance. Um simples gesto, como olhar nos olhos, é algo importantíssimo e vastamente praticado e estudado pela filosofia.”

O terapeuta lembra que um indivíduo tântrico consegue amar as pessoas pura e simplesmente olhando em seus olhos. Artur Grossi enfatiza que “muitas pessoas que não conhecem ficam supercuriosas com as técnicas sexuais íntimas, mas não fazem ideia da profundeza com que o tantra trata o corpo e todas as formas de manifestar conexão, consciência e ternura. Por esse motivo, não se limita à sexualidade de casais e sim, trata-se do amor maior, aquele que podemos ter com todos os amigos e concidadãos do dia a dia, no trato a respeito e cuidado com cada um”.

Lições com um mestre

Um dos nomes mais respeitados em tantra no mundo, o espanhol Ronald Fuchs, mestre e conferencista internacional, promove curso de tantra para iniciantes e avançados, com várias palestras e abordagens distintas, na Pousada Prana Lorien, em Santo Antônio do Leite, caminho de Ouro Preto. Será de 5 a 7 de janeiro (para iniciantes) e de 10 a 14 (avançados). O custo, incluindo curso e pousada, é de R$ 1.130 para iniciantes e de R$ 2.160 para os avançados. Entre os temas do curso, respiração, movimento, expressão por meio da voz, chacras, mantra para o despertar da consciência, iniciação “Daka-Dakin” - a cura e a abertura ao amor no tantra, entre outras, puja - ritual de reconhecimento, honra e adoração ao divino em cada homem e mulher e a dança sagrada do masculino e feminino, entre outros.