Cuide bem dos seus olhos. Prevenção é o melhor caminho contra a cegueira

Apesar dos importantes avanços da medicina, um número significativo de pessoas evolui com perda visual. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da deficiência visual no mundo é evitável, sendo prevenível ou tratável

05/12/2017 18:40
Biocor Instituto/Divulgação
Equipe de oftalmologia do Biocor Instituto (foto: Biocor Instituto/Divulgação)

A retinopatia diabética (RD), causada pelo diabetes mellitus (DM), constitui um importante problema de saúde pública. É responsável por 5% a 10% dos casos de cegueira prevenível. Estima-se em 7 milhões de novos casos de cegueira por ano, sendo dois terços evitáveis ou tratáveis. “Os fatores de risco mais importantes são idade, duração da doença, hipertensão arterial sistêmica, gravidez, nefropatia/neuropatia, controle irregular da glicemia”, afirma Luciene Chaves Fernandes, integrante do corpo clínico do Biocor Instituto, assessora da Christoffel Blindenmission (CBM) e da Agência Internacional de Prevenção da Cegueira (IAPB) na área da baixa visão e membro do Comitê científico da Organização Mundial da Saúde para padronização internacional da reabilitação visual.
 
Segundo os indicadores básicos de saúde no Brasil, 46,5% dos diabéticos desconhecem a existência da doença e 22,3% das pessoas sabidamente diabéticas não fazem qualquer tipo de tratamento. “O controle clínico rigoroso da glicemia reduz a ocorrência dessa complicação, ainda assim o acompanhamento oftalmológico não deve ser superior a um ano, devendo ser mais frequente nos casos mais graves. Sabe-se que quanto mais precoce o diagnóstico maior a chance de um tratamento efetivo e menor as consequências na vida do indivíduo”, afirma a especialista, acrescentando que, nos últimos anos, novas formas de tratamento clínico e cirúrgico surgiram com melhores resultados visuais para os pacientes.
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é outra importante causa de perda visual no mundo, sendo a principal causa em países desenvolvidos. Caracteriza-se pela presença de depósitos brancos ou amarelados associados a alterações pigmentares na área central da retina (mácula), em indivíduos acima de 50 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a DMRI afeta 10% das pessoas entre 65 e 74 anos e 30% das maiores de 75 anos. Apresenta como fatores de risco a idade, hereditariedade, tabagismo, exposição à luz, hipertensão arterial sistêmica e doença cardiovascular.
 
O quadro clínico relaciona-se com a forma de apresentação da doença, profundidade e extensão da lesão. Comumente ocorre dificuldade de leitura e perda de detalhes. Pode haver distorção da imagem (metamorfopsia) e, não raramente a pessoa pode apresentar alucinações visuais (síndrome de Charles Bonnet). “A perda visual é variável, relacionada com a extensão do quadro. Contudo, é importante lembrar que a DMRI não leva à perda total da visão. Por acometer apenas a área central da retina, o campo periférico fica preservado. O paciente não vê o rosto de uma pessoa. Mas vê no seu entorno. A leitura, a direção de automóveis e a autonomia da pessoa ficam bastante comprometidas à medida que a doença evolui.”
 
De acordo com Alexandre A. Yung, especialista em retina da equipe de oftalmologia do Biocor Instituto, novas e revolucionárias formas de tratamento para essa doença surgiram no arsenal terapêutico da oftalmologia, embora ainda não haja uma cura definitiva. Por meio da reabilitação visual buscam-se estratégias que permitam à pessoa com baixa visão usar a sua visão residual e alcançar uma melhor qualidade de vida.
 
Por fim, é importante lembrar que a visão é uma função cujo desenvolvimento se completa após o nascimento. Para que isso ocorra, é necessário que, até os 6 a 7 anos, a criança tenha uma experiência visual normal. Qualquer condição (estrabismo, catarata congênita, traumas, ptose palpebral, glaucoma congênito, erros refrativos etc.) que interfira no funcionamento normal do sistema visual nessa faixa etária terá consequências irreversíveis, como afirma Ulisses Roberto dos Santos, especialista em estrabismo do Biocor Instituto. Dessa forma, ele ressalta que a criança deve ser examinada por oftalmologista ao nascer, através do reflexo vermelho ou “teste do olhinho” como é conhecido e, no máximo até o terceiro ano de vida. “Diante de um diagnóstico e tratamento em tempo hábil, melhora-se o prognóstico visual e garante o desenvolvimento global e harmonioso da criança”, afirma.

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