A chegada à terceira idade pode ser acompanhada de alguns sintomas, como problemas musculares, falta de coordenação e dificuldade de se locomover. No entanto, o que muitas pessoas ignoram é que os problemas da visão estão entre os mais comuns relacionados à idade. Isso porque, com o envelhecimento, a estrutura ocular também sofre alterações, assim como todo o corpo humano. Isso causa a redução da acuidade visual. Catarata, glaucoma e olho seco são alguns dos problemas associados ao envelhecimento. E, apesar das inúmeras patologias que afetam os olhos, especialistas afirmam que é possível se prevenir das doenças e mesmo viver bem com elas, desde que os pacientes realizem consultas e exames periódicos específicos por um médico oftalmologista.
Embora o surgimento de problemas oculares seja multifatorial, muitas patologias estão relacionadas ao envelhecimento do organismo. “Devemos ter em conta que, com o envelhecimento, todo o nosso corpo sofre transformações fisiológicas e morfológicas.
Aliados ao envelhecimento, vários problemas estão associados a doenças como diabetes e hipertensão arterial, e ao estilo de vida. “O excesso de exposição ao sol e o tabagismo, por exemplo, também são fatores ligados ao aparecimento das patologias.” Dessa forma, o médico aconselha uma avaliação ocular preventiva periódica, semestral ou anual, com o objetivo de diagnosticar precocemente as doenças oculares mais comuns nessa fase da vida. “Ao sentir qualquer alteração ou sintoma ocular que venha a afetar a visão, os pacientes devem procurar imediatamente o especialista, pois, quanto mais rápido os diagnósticos forem obtidos e os tratamentos iniciados, maiores serão as chances de êxito na cura ou na obtenção de qualidade de vida”, destaca.
O especialista ainda reforça que os sintomas das doenças podem ser semelhantes, e, por isso, é essencial realizar as consultas. “A alteração na visão pode ser ocasionada por dor, vermelhidão nos olhos, secreção ocular, sensação de olhos secos, visão dupla, embaçamento, perda súbita da visão, entre outros. Olhos com dor muito intensa e súbita pode ser um glaucoma agudo? E a perda súbita da visão, é causada por um descolamento da retina? Ou uma infecção? Só o exame com o especialista dará o diagnóstico certo”.
PRINCIPAIS DOENÇAS
Também ligada ao envelhecimento do organismo, a degeneração macular relacionada com a idade (DMRI) é a principal causa de perda visual irreversível em pessoas acima de 60 anos. “A DMRI consiste na degeneração da estrutura da parte posterior do olho (mácula), responsável pela visão central. A doença apresenta sintomas como dificuldade na leitura, visão com linhas onduladas, pontos escuros ou espaços em branco, embaçamento da vista e distorção das formas, evoluindo para a perda gradual e irreversível da visão”, esclarece a oftalmologista. Apesar de não haver cura para a degeneração macular relacionada com a idade, ela pode ser controlada, se detectada no início. “A DMRI é mais comum em obesos, fumantes e pessoas caucasianas. Assim, adotar uma dieta rica em alimentos com alto teor de ômega-3, além de vegetais e folhas verdes, não fumar, praticar exercícios físicos com frequência, controlar o peso e a pressão arterial e proteger-se da radiação solar por meio de óculos escuros com proteção ultravioleta são cuidados que podem ajudar a prevenir a doença”. A tendência ao olho seco, também frequente em idosos, muitas vezes é ocasionada por alterações senis nas pálpebras e distúrbios do sistema lacrimal, que podem desestabilizar a superfície ocular do paciente, gerando irritação ocular com secreção e lacrimejamento, podendo resultar na deficiência visual.
Pressão dentro do olho
Outro problema ocular recorrente na terceira idade é o glaucoma, doença que causa o aumento da pressão dentro do olho, danificando as fibras nervosas do nervo óptico e causando perda da visão periférica e, posteriormente, se não for diagnosticada e tratada em tempo adequado, perda da visão central. “Os casos mais comuns são silenciosos e, por isso, a realização rotineira de consulta oftalmológica completa em pacientes acima dos 40 anos é indicada”, recomenda a médica. Já as retinopatias são doenças que alteram os vasos sanguíneos, causando má circulação na retina.
Apesar dos muitos problemas, a especialista destaca que o tratamento adequado dessas patologias melhora muito a qualidade de vida dos idosos, uma vez que as técnicas têm índice considerável de sucesso. “E mesmo quando não houver possibilidade de cura em algumas doenças degenerativas, o controle adequado sob a orientação de um especialista pode minimizar os efeitos danosos na visão”, reforça.
CIRURGIAS
Algumas doenças ou alterações oculares só podem ser tratadas por meio de cirurgia. A catarata, o glaucoma refratário ao tratamento clínico e o descolamento retiniano são apenas alguns exemplos de patologias que requerem intervenção cirúrgica. Apesar de o procedimento apresentar algumas possibilidades de complicação em casos de paciente com determinadas doenças, o oftalmologista Sérgio Eduardo Marciano de Souza, coordenador dos departamentos de Catarata e Cirurgia Refrativa e de Oftalmopediatria do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, salienta que os avanços na oftalmologia permitem que a capacidade de enxergar seja resgatada e a independência na terceira idade mantida. “Os riscos aumentam quando existe alguma doença sistêmica associada, que dificultam, mas não impedem a realização do ato cirúrgico. É preciso compensá-las antes, para, em seguida, realizar o procedimento indicado”, explica.
O médico reafirma que diagnósticos precoces, tratamentos e cirurgias a laser são, atualmente, mais acessíveis e promovem melhorias significativas à saúde ocular e ao bem-estar do indivíduo com mais idade. “Além de possibilitar ainda mais autoestima ao paciente idoso, o resgate da visão evita acidentes domésticos e quedas, mais comuns nessa fase da vida. Quanto mais precoce for feito o diagnóstico das doenças oculares maiores as possibilidades de preservação da visão”.
Principais doenças oculares na terceira idade
» Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)
Principal causadora de cegueira em idosos, a doença consiste na degeneração da estrutura localizada na parte posterior do olho. A DMRI surge com o embaçamento da vista e distorção das formas, evoluindo para a perda gradual e irreversível da visão. Porém, se detectada no início, pode ser controlada. Outros sinais da doença são dificuldade na leitura, visão com linhas onduladas, pontos escuros ou espaços em branco.
» Presbiopia
Atinge pessoas acima dos 40 anos. Popularmente conhecida por cansaço da visão, se caracteriza pela perda da qualidade visual para perto. A correção da presbiopia é feita por meio de óculos, lentes de contato e cirurgia.
» Catarata
Comum depois dos 50 anos, a catarata consiste na perda progressiva da transparência do cristalino, deixando, assim, a visão embaçada. Ocorre de maneira natural e pode ser acelerada por diversas doenças, como o diabetes. A catarata é o principal motivo da cegueira reversível no mundo. O tratamento é cirúrgico e consiste na remoção do cristalino e na colocação de uma lente intraocular.
» Glaucoma
A doença provoca lesão no nervo óptico, podendo levar à cegueira irreversível, caso não seja diagnosticada em tempo. É provocada pelo aumento da pressão ocular e pode ocorrer em um ou nos dois olhos. O tratamento consiste no uso de colírios, tratamento a laser e cirurgia. Todos esses tratamentos têm como objetivo abaixar a pressão ocular.
» Retinopatias
São complicações provocadas pelo diabetes e hipertensão arterial. A doença altera os vasos sanguíneos, causando má circulação na retina. A retinopatia se instala lentamente e os sintomas variam, sendo mais comum a visão borrada, a impressão de ter moscas voando ou flashes sendo disparados e até mesmo a perda repentina da visão. O tratamento consiste em usos de medicamentos injetáveis nos olhos, aplicação de laser e, em alguns casos, tratamento cirúrgico.
» Olho seco
Provocada por alteração nas glândulas lacrimais, desestabilizando a superfície ocular. A doença atinge principalmente mulheres depois da menopausa, pacientes com uso crônico de alguns medicamentos ou aqueles que são submetidos a tratamentos de quimioterapia ou radioterapia.
Fonte: Sérgio Eduardo Marciano de Souza, oftalmologista do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães.