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Energia da natureza

Óleos essenciais são utilizados em tratamentos terapêuticos e em cosméticos

- Foto: Redster/Freeimages
A aromaterapia é uma prática terapêutica que utiliza óleos essenciais naturais e puros. O termo foi criado por René-Maurice Gattefossé em 1937 e sua prática faz parte da fitoterapia. O mundo da aromaterapia é riquíssimo e hoje sabemos que os seus benefícios vão muito além do bem-estar e da beleza. “Ao aprofundar nesse mundo, ficamos encantados com suas diversas possibilidades cosméticas e terapêuticas. Com embasamento científico, eles têm a vantagem de atuar tanto no corpo físico quanto no emocional, mental e espiritual”, explica Gioconda Alves de Assumpção, professora universitária e aromaterapeuta.

- Foto: Reprodução/Internet“Sistema imune das plantas”, “alma das plantas”. Essas são algumas das definições de estudiosos e pesquisadores para os óleos essenciais que tanto fazem bem aos seres humanos. Na verdade, os óleos essenciais são compostos aromáticos voláteis produzidos por plantas para sua sobrevivência.



Gioconda Assumpção conta que as plantas produzem diversos compostos voláteis para sua defesa, contra o frio, perda de água, predadores, regeneração, atração de polinizadores e também combate de micro-organismos. O óleo essencial de rosa, por exemplo, tem efeito reparador da pele, rejuvenesce e melhora a autoestima; a pele do rosto fica macia e homogênea, similar a uma pétala de rosa. “Essas substâncias podem ser extraídas de diversas partes das plantas, como flores, frutos, raízes, galhos e folhas.”

A aromaterapeuta lembra que os óleos essenciais não têm densidade de óleo vegetal: “Eles são voláteis, moléculas leves que se vaporizam. Por ser lipossolúveis, isto é, solubilizam-se em fase oleosa, são chamados de óleos essenciais”.

"Ao aprofundar nesse mundo, ficamos encantados com suas diversas possibilidades cosméticas e terapêuticas. Com embasamento científico, eles têm a vantagem de atuar tanto no corpo físico quanto emocional, mental e espiritual" - Gioconda Alves de Assumpção, aromaterapeuta - Foto: Leandro Couri/EM/D.A PressApesar de ser natural, Gioconda Assumpção alerta que os óleos essenciais têm contraindicações, podendo causar intoxicações quando utilizados de forma inadequada. Não é comum, mas há quem apresente alergias, irritação da pele e outros sintomas. Portanto, não devem ser usados aleatoriamente.
A concentração e a quantidade a ser utilizada variam de acordo com cada pessoa, dependendo da idade, condição física e sensibilidade individual. Alguns cuidados também devem ser considerados, como o fato de os gatos serem extremamente sensíveis aos óleos essenciais, podendo se intoxicar facilmente.

GASTRONOMIA

Há diversas formas de aplicação: inalação (aromatizador ambiente ou aspiração direta), banhos, compressas, massagens, cosméticos e também ingestão. No entanto, Gioconda Assumpção faz uma ressalva: “O uso dos óleos essenciais deve sempre ser acompanhado de um especialista. Principalmente em relação à sua ingestão, que não é recomendada por todos os aromaterapeutas, apesar de ser uma prática comum na França”. Mas ela lembra que os óleos essenciais estão presentes até na gastronomia, realçando o sabor de várias receitas. “Temos o cacau, o cravo e a canela... Como têm componentes extremamente concentrados, eles trazem bastante sabor.
O óleo essencial de limão siciliano ou laranja doce pode ser usado no peixe, por exemplo, refrescando e trazendo prazer e alegria ao nosso dia.” Ele também está presente na indústria alimentícia há bastante tempo.

Gioconda Assumpção explica que a mistura de alguns óleos essenciais com uma finalidade terapêutica complementar se chama sinergia. “As sinergias são criadas pelo aromaterapeuta de forma personalizada e podem ser utilizadas de forma segura para diversos objetivos, como para efeito anti-inflamatório, antimicrobiano e ansiolítico, entre outros. Os óleos essenciais de gerânio associados ao de sálvia esclareia é muito bom para a menopausa, sendo que o de eucalipto Globullus associado ao espruce pode ser indicado para problemas respiratórios.”

"A área do cérebro associada às emoções é muito afetada pelo cheiro e nossa tendência é fazer associações. O cheiro tem relação com a memória (sistema límbico), com situações vividas" - Fabian Lazlo, presidente do Ibra e da Laszlo - Foto: Olly Photografic/Divulgação
A aromaterapeuta conta que os óleos essenciais cítricos, como laranja doce, limão siciliano e bergamota, levam sol para a nossa vida. O seu aroma nos traz alegria, leveza e equilíbrio. “Já os aromas amadeirados trazem solidez e confiança, indicados para quem precisa de alinhamento emocional e segurança em momentos difíceis. Esse aroma é bastante apreciado pelos homens. Os óleos essenciais extraídos de flores são amplamente usados em cosméticos, atuando na saúde e na beleza da pele e também para efeito afrodisíaco, regulando os hormônios sexuais. Destaco o óleo essencial de gerânio, chamado de ‘óleo essencial da mulher’, que regula os hormônios femininos, trazendo conforto na fase pré-menstrual. O óleo essencial de lavanda pode ser usado para amenizar a insônia e a ansiedade, sendo que o de bergamota trata da ansiedade e da depressão sem causar sonolência.”

Mas a aromaterapeuta alerta que o uso do óleo essencial é sempre um tratamento de terapia complementar e precisa ser aprovado por um médico de confiança.
Ela lembra que “os aromas (óleos essenciais) têm o poder de tirar o véu dos nossos olhos, ou seja, iluminam a mente e fazem com que consigamos ver quem realmente somos, onde estamos e o que precisamos fazer para mudar a nossa vida para melhor, trazendo paz, harmonia e plenitude para nossa vida”.

Aromas curativos
Óleos essenciais são utilizados com várias finalidades. Efeitos das plantas sobre as emoções e a saúde são comprovados pela ciência. São 500 tipos comercializados ao redor do mundo

- Foto: Jeff Hire/FreeimagesO uso dos óleos essenciais data de mais de 10 mil anos. Eles faziam parte da rotina dos antigos egípcios, gregos, romanos, chineses e indianos para fins terapêuticos, estéticos e religiosos. Embora seja um conhecimento ancestral, o termo aromaterapia surgiu em 1928, com o químico francês René Maurice Gattefosse, ao se surpreender ao aplicar o óleo de lavanda em sua mão depois de um acidente no laboratório. Ele se impressionou com a cura do ferimento. Com princípios ativos conforme cada planta, os óleos essenciais têm características conforme aroma, cor e densidade. São 500 aromas comercializados ao redor do mundo, com várias finalidades, e, apesar de tanta história, muitos o veem com preconceito e desconfiança.

O cientista, pesquisador e aromaterapeuta Fabian Lazlo, presidente do Instituto Brasileiro de Aromatologia (Ibra) e da Laszlo, maior empresa fabricante de óleos essenciais do Brasil, que oferece mais de 350 tipos, com investimento em plantas raras, principalmente as brasileiras, como óleo de erva-mate, sucupira, araçá, limão capeta e guaviroba, que não se encontram com facilidade, explica: “Essa visão equivocada está mudando.
Cada vez mais, é preciso levar às pessoas informações consistentes, científicas e sérias para que percebam o poder do nosso olfato. Como ocorreu com a música, que hoje se sabe do seu efeito curativo. Em laboratório, células tumorais cancerígenas foram expostas à Quinta sinfonia, de Ludwig van Beethoven, e morreram ou pararam de crescer, diferentemente da lâmina em que tais células doentes não tinham esse acesso. A mesma atenção que foi dada para o sentido da audição passa a ser dada para o olfato, descobrindo o quanto ele também é importante para a nossa saúde”.

Fabian Lazlo completa ainda que “hoje, a aromaterapia é mais respeitada ao ser norteada por pesquisas que descobriram que nosso corpo tem receptores para moléculas aromáticas, acarretando uma visão mais séria, científica e profunda. Na verdade, quando começou, a área não tinha estudo, usava-se essência sintética e dava-se destaque só para finalidades esotéricas e supersticiosas, daí veio o ranço que ficou na história. A própria palavra não ajuda muito, porque soa como lúdica, de cheirinhos. E não é só isso. Inclusive, dentro da ciência, há um ramo que se chama aromatologia e estuda os efeitos dos óleos essenciais sobre as emoções e a saúde física em vários campos. A aromaterapia é apenas um braço”.

ASSOCIAÇÕES

Conforme Fabian Lazlo, os óleos essenciais são princípios fitoterápicos (substâncias) que existem nas plantas com potencial terapêutico amplo, que tratam de inflamações a dores e têm efeito ansiolítico, proporcionando relaxamento, assim como ajudam a trabalhar a carência, tristeza, reduzem a ansiedade e o nível de estresse. “Na Alemanha, foi até lançado óleo de lavanda capsulado, que tem ação relaxante.” O aromaterapeuta explica ainda que “a área do cérebro associada às emoções é muito afetada pelo cheiro e nossa tendência é fazer associações. O cheiro tem relação com a memória (sistema límbico), com situações vividas”.

Além da ação física, farmacológica, química e emocional, Fabian Lazlo conta que os óleos essenciais também têm ação energética, ou seja, atuam sobre o espírito e favorecem a meditação. “Principalmente o olíbano, com componentes que agem como se fosse um psicoativo. Ele é sútil, mas ao ser inalado favorece o estado de transcendência mais profundo durante a oração. Muito usado em templos e igrejas.” Tem também a mirra.

Fabian Lazlo explica que, na grande maioria, a produção de óleos essenciais ocorre com a colheita das plantas quando estão floridas, por isso ganha destaque a primavera, época em que a planta atinge o máximo da produção de óleo e de melhor qualidade. Mas, claro, pode ocorrer em outra estação. Sem falar naqueles que não dependem das flores, casos das madeiras, cascas e raízes. “A época do ano muda muito a composição do óleo, que também tem a ver com a correspondência de concentração do princípio ativo. Por isso é importante saber quando fazer a colheita.”

VETERINÁRIA E MARKETING

- Foto: Freeimages.com/Supreet VaidO cientista, pesquisador e aromaterapeuta diz que o tratamento com óleos essenciais dura de acordo com cada caso. Pode ser dias, semanas, meses... “Geralmente, quem adere tem sempre vidrinhos em caso e usa com certa continuidade. E não só para tratar, mas como prevenção, alívio do estresse, para ter um cheirinho gostoso e, assim, passa a fazer parte da vida. Por trazer bem-estar, pode variar conforme o dia e o estado emocional.”

Além das demandas mais comuns (estresse, dores, ansiedade, questões emocionais e infecções), Fabian Lazlo lembra que os óleos essenciais são usados na fisioterapia, têm amplo uso no setor de cosméticos, na veterinária (para tratar lesões de pele e ansiedade dos animais) e mesmo no marketing olfativo, que vai explorar um cheiro associando-o a uma loja, marca e até mesmo a um livro. “O olfato é um dos sentidos que estão ligados às emoções humanas. Diferenciamos ambientes, pessoas e coisas por seus perfumes e aromas. Se para uma pessoa determinado cheiro traz energias e lembranças positivas, para outras pode remeter ao contrário. Daí o caráter 100% emocional dos cheiros e como nossa memória guarda-os, registrando um grande histórico de aromas, fragrâncias e odores, relacionando-os com indivíduos, locais ou situações, a nossa memória olfativa.”

Em harmonia
Conheça algumas espécies e suas indicações

» Gerânio

O óleo essencial de gerânio estimula a atividade física e mental. É indicado, por exemplo, às pessoas com depressão, esgotamento nervoso ou sem estímulo, pois as ajuda a se livrar dos sentimentos de ansiedade e medo, restaurando a harmonia psicoemocional. Coloque uma a duas gotas de óleo essencial de gerânio em um lenço ou difusor para inalação.

» Ylang-ylang

Por conta de sua ação de estimular a libido, o óleo essencial da planta é utilizado para esquentar o clima a dois ao ser misturado com quatro gotas de óleo essencial de tangerina e três gotas de óleo essencial de patchouli. Entretanto, o ylang-ylang também fornece um efeito calmante. Auxilia crianças com dificuldade de integração na escola, a faz se comunicar melhor, assim como quem tem dificuldade de se expressar em reuniões de trabalho. A recomendação é não utilizar mais de três gotas do produto.

» Rosa

O aroma calmante da rosa atua sobre o sistema emocional, ajudando a reduzir os sentimentos de raiva, ciúme, inveja, estresse e tensão. Muito indicado também para amenizar sentimentos de perda e tristeza profunda. Pode ser acrescentado ao óleo de massagem corporal ou utilizado em difusor de ambientes no quarto, por exemplo, para um sono tranquilo.

» Jasmim

Devido ao seu aroma intenso, o óleo essencial de jasmim é considerado um afrodisíaco e visto como estimulador sexual, aumentando o número de espermatozoides e podendo auxiliar em casos de impotência e frigidez. Para usufruir o poder do aroma afrodisíaco, o ideal é utilizar em difusor de ambientes no quarto do casal ou mesmo em óleo de massagem.

» Flor-de-laranjeira

Suas propriedades hipnóticas e ansiolíticas são muito conhecidas. Graças a elas, a flor-de-laranjeira é ideal para combater problemas de ansiedade e nervosismo. Indicado para crises emocionais. Pode ser aplicado diluído no pulso ou pescoço (duas a três gotas por vez) ou inalado..