Atletas profissionais e de fim de semana devem se cuidar para evitar lesões durante o esporte

É importante conhecer e respeitar os limites do próprio corpo

por Paulo Pianetti* 24/10/2017 13:47


Dor, angústia e “saudades” são sentimentos que, provavelmente, acometerão um atleta que se lesionar durante a prática esportiva. O sofrimento, geralmente, sempre é maior para um atleta profissional, que tem o esporte como profissão e fonte de renda. Os atletas amadores - ou aqueles de fim de semana – também podem declinar mediante uma lesão. Afinal, além da dor, seu escape no tempo livre fica prejudicado.

Saber lidar com as contusões não é uma das tarefas mais fáceis. E isso se aplica para ambos os lados. O atleta profissional deve se preocupar para que o psicológico não fique abalado, uma vez que a confiança e o bem-estar são fundamentais na sua recuperação. Diferentemente do que ocorre nas outras profissões, uma lesão de cartilagem, por exemplo, pode prejudicar a carreira de um atleta. O mesmo se aplica ao amador, que, inclusive, sem o mesmo preparo físico que os profissionais, pode nunca mais voltar a praticar o esporte do coração.

Ter a consciência dos problemas que uma lesão pode trazer não é novidade, mas será possível se prevenir contra contusões? Se sim, como? A partir desses dois questionamentos, surgem outros vários direcionados, como a dúvida sobre qual tipo de lesão é mais comum, como tratá-las e se existe um esporte que apresenta maior risco de contusões etc. O ortopedista Fabrício Bertolini, médico do Hospital São José, membro da comissão médica do Clube Atlético Mineiro e especializado em cirurgias de pés e tornozelos, destaca alguns mistérios e pós-verdades que circulam sobre lesões. Antes de tudo, o médico faz questão de distinguir os casos dos atletas profissionais e dos amadores, já que o preparo do corpo é um fator determinante. “Um atleta de fim de semana tem mais chances de se lesionar do que um profissional, isso com certeza. O que interfere na propensão à lesão é o fato de a pessoa ser ou não alongada. Fazer os alongamentos em si antes da atividade não interfere muito. Na verdade, eles são só uma “ginástica balística”, um preaquecimento. Ou seja, a pessoa que é encurtada e menos treinada tem chances maiores de se lesionar”, afirma.

Ele também faz questão de ressaltar a relevância e, principalmente, o tipo de lesão. “As lesões mais comuns, em qualquer tipo de atleta, são as musculares. Nos atletas profissionais, a sequência mais comum é lesão anterior da coxa, posterior da coxa e panturrilha”, diz. Além das lesões musculares, existem aquelas que atingem os ligamentos e as cartilaginosas. “Esses outros dois tipos de lesões são mais graves. A cartilaginosa, por exemplo, tem o prognóstico mais reservado e uma recuperação mais demorada. A lesão muscular sempre cicatriza, independentemente de cirurgia ou não, mas aí vemos a importância da fisioterapia para a reabilitação”, conta.

MÉTODOS DE PREVENÇÃO

Em um ambiente onde o esporte é profissão, as lesões são motivo de precaução. Os amantes do esporte conhecem superficialmente métodos de prevenção à lesão e exames que apontam a chance de o atleta se lesionar. Fabrício explica como esses métodos de prevenção funcionam em um clube de futebol profissional e, seja para profissionais ou amadores, a dica é sempre a mesma: respeite o limite do seu corpo.

“No Atlético, nós temos um feedback do volume e do tempo de treino e jogo dos atletas. Fazemos um questionário de como o atleta está se sentindo nos treinos e nos jogos. Em caso de lesão, podemos monitorá-la via teste de sangue e por meio do exame isocinético, uma avaliação em que a gente vê a potência da musculatura da perna e a comparamos com a outra ou com imagens anteriores”, finaliza.

Caio Gomez/CB/D.A Press
Preparo do corpo antes e depois de uma atividade física intensa é fundamental para evitar contusões (foto: Caio Gomez/CB/D.A Press)
Os atletas amadores não têm tamanha estrutura de fácil acesso e condições físicas semelhantes. Por isso o cuidado deve ser grande. A fibra muscular de uma pessoa que não leva a prática esportiva como profissão não está tão adaptada ao esforço em excesso e tem chances de se romper mais facilmente. “O despreparo físico, o sobrepeso, a falta de um planejamento físico (alongamento, musculação, treinamento específico da modalidade) e, como já dito, a falta de um acompanhamento de especialista médico elevam os riscos de lesões em atletas amadores”, conta Sérgio Costa, ortopedista com especialização em cirurgia de joelho, artroscopia e prótese pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp).

Um exemplo de exame preventivo é o de CK, bastante conhecido no mundo do futebol. Esse exame é a análise da creatina quinase (CK) no sangue do atleta, que seria um alerta sobre desgaste muscular. “Os atletas amadores cometem vários erros, como não fazer exame preventivo (checape) antes de iniciar uma atividade física. Essa pré-avaliação é imprescindível para verificar as condições de saúde do corpo e saber o limite de cada indivíduo para início das atividades. Lembrando que um amador que começa um esporte sem acompanhamento médico e tiver problemas de saúde como diabetes ou hipertensão está correndo um grande risco de morte”, alerta o médico.

 

*Estagiário sob supervisão da editora Teresa Caram