Bons hábitos alimentares devem ser iniciados bem cedo, na infância

Pais e escolas têm papel fundamental nessa busca por uma vida mais saudável das crianças e adolescentes

por Selecione 11/10/2017 13:09
Ana Rayssa/Esp.CB/D.A Press - 16/8/17
(foto: Ana Rayssa/Esp.CB/D.A Press - 16/8/17)

O programa Vigilantes do Peso desenvolveu um projeto especial para jovens entre 10 e 17 anos. Quem participa, normalmente, é indicado por um médico e acompanhado pelo profissional. “Estimulamos o emagrecimento pelo programa pró-pontos, em que toda a informação do alimento, nas questões proteínas, fibras e gordura, é calculada e pontuada”, explica o coordenador de nutrição do Vigilantes do Peso, Matheus Motta.

O médico que acompanha o jovem participante traça a curva de perda de peso e decide quantos quilos devem ficar para trás para que se alcance uma faixa saudável. “Depois que a meta é definida, o emagrecimento é lento, em torno de 450g por mês, uma vez que a dieta não pode ser muito radical para não prejudicar o crescimento e o desenvolvimento da criança ou do adolescente.” Os resultados, segundo o coordenador, costumam ser bastante eficazes quando a mudança de hábito vem acompanhada de transformações em toda a família. “Os pais têm papel fundamental, assim como as escolas. A conscientização precisa vir de cada um nessa busca por um futuro mais saudável”, acredita.

Para a nutricionista Viviane de Oliveira, uma boa alimentação é aquela que mantém o organismo em estado de saúde, ou seja, com ossos e dentes fortes, peso e estatura de acordo com o biótipo, boa disposição, resistência às enfermidades e vontade de se manter ativo. “É importante envolver a criança no processo de montagem da lancheira. Peça a sua opinião e ajuda para despertar o interesse pela alimentação balanceada.”

A especialista recomenda a preferência de pães, bolos ou biscoitos integrais, multigrãos, de arroz ou de milho, em vez de pães brancos, bisnaguinhas, bolachas recheadas e salgadinhos. Varie as opções de proteínas – leite, iogurte, queijo branco, ricota temperada, requeijão, creme de ricota, cream cheese, patês caseiros. Os queijos são ótimos para fazer criações – rolinhos e formatos com moldes de biscoitos.

INTOLERÂNCIA

No caso do pequeno Pedro Henrique Andrade, de 5 anos, a alimentação balanceada veio como consequência de problemas de intolerância à lactose e algumas alergias. A mãe, Fernanda Andrade, de 35, ao consultar diversos especialistas, descobriu que a mudança seria essencial para o bem-estar e para a saúde do pequeno. “Quando descobrimos, ele era menorzinho e, mesmo assim, sentiu a mudança nos hábitos. Hoje, é acostumado e sabe o que pode e não pode comer. Acho que tudo é questão de conversa, de conscientização dos pais.” A lancheira de Pedro é recheada de saúde: iogurtes zero lactose, suco natural e sanduíches com queijo frio.

Os doces, segundo a pediatra, não devem ser introduzidos até os 2 anos. “O ideal é que o consumo seja no máximo uma vez na semana ou em situações espaçadas”, recomenda a especialista. De acordo com Nathália, uma alimentação balanceada fortalece a imunidade e reduz riscos de diabetes e de alterações nos níveis de gordura do sangue. Uma vida saudável vem acompanhada ainda da constante ingestão de água, que também deve ser influenciada tanto pelos pais quanto no ambiente escolar. “É uma conscientização para a vida.”

Mudança saudável

Preocupada em discutir de forma mais aprofundada a nutrição infantil, a chef de cozinha especializada em alimentação saudável Juliana Muradas criou o projeto educacional e cultural Inhame Inhame. A iniciativa conta com blog, site, Facebook, Instagram e o primeiro livro da série Inhame Inhame, Merenda escolar, escrito por ela.

Ana Rayssa/Esp.CB/D.A Press - 16/8/17
(foto: Ana Rayssa/Esp.CB/D.A Press - 16/8/17)

Diante do panorama alimentar no Brasil, com o aumento da obesidade infantil nos últimos 15 anos, Juliana Muradas alerta que a alimentação infantil deve ser uma prioridade. “Colocar em prática bons hábitos é uma dificuldade para muitas famílias, mas é indiscutível que uma alimentação equilibrada resulta em uma vida saudável. Queremos que o Inhame Inhame ajude crianças e famílias a estabelecer um vínculo sólido com a alimentação saudável, um hábito a ser adotado desde cedo”, afirma. A autora destaca que a legislação brasileira avançou muito no que diz respeito à melhoria da qualidade do lanche fornecido pelas escolas, mas seu projeto visa reforçar ações que provoquem mudança de hábitos e percepção sobre a forma de se alimentar.

Faz parte do projeto a realização de oficinas, palestras e eventos, além dos próximos livros da série Merenda escolar.

Horta na escola

O Serviço de Educação Integral (SEI Plus) do Colégio Batista Mineiro - Unidade Floresta - implantou em 2015 o projeto Horta Escolar, que visa incentivar e conscientizar as crianças sobre a importância de uma boa alimentação. Focado nos alunos da educação infantil (2 a 5 anos) e do 1º período (6 anos), a iniciativa proporciona às crianças uma vivência concreta e prazerosa do estudo das plantas. “Um fato interessante é que as hortaliças e legumes cultivados na horta escolar, quando presentes na alimentação escolar, fazem muito sucesso, ou seja, todos querem provar, pois é fruto do trabalho deles”, conta Edi Soares Moura, que é coordenadora do SEI Plus.

Ela conta que os resultados obtidos no Horta Escolar são ótimos, incluindo melhor aceitação das verduras e legumes e conscientização da importância de uma alimentação saudável e nutritiva. “A horta inserida no ambiente escolar torna-se um laboratório vivo, que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas. Unindo teoria e prática de forma contextualizada, auxilia no processo de ensino, aprendizagem e estreita a relação por meio da promoção do trabalho coletivo”, afirma a coordenadora.

Livro Merenda escolar
• Juliana Muradas e ilustração de Carla Irusta
• 48 páginas
• Onde comprar: Feirinha Aproxima e Feira Fresca •R$ 40