Doenças Neurovasculares

03/10/2017 13:05
Biocor Instituto/Divulgação
Rogério Zenóbio Darwich, neurologista e neurointervencionista do Biocor Instituto (foto: Biocor Instituto/Divulgação)

Se você perceber em uma pessoa próxima, parente ou amigo uma dificuldade de movimentação de braços, pernas, alteração ou dificuldade de fala, incapacidade de enxergar, confusão mental ou face assimétrica, puxando mais para um lado, ela pode estar sofrendo uma isquemia cerebral.

Inúmeras doenças vasculares podem acometer o sistema nervoso. Segundo Rogério Zenóbio Darwich, neurologista e neurointervencionista do corpo clínico do Biocor Instituto e presidente da Sociedade Mineira de Neurologia, o acidente vascular cerebral (AVC), como é mais conhecido, deveria ser chamado de acidente vascular encefálico (AVE), pois engloba o cérebro, cerebelo e o tronco encefálico. “O AVE é considerado umas das principais causas de morte no Brasil e no mundo, responsável também por inúmeras formas de incapacidades físicas, emocionais e psicológicas”, explica.

Em cerca de 80% dos casos, o AVE está relacionado à falta de fluxo sanguíneo em alguma região do encéfalo, chamado de forma isquêmica. O restante, conforme Rogério Zenóbio, é chamado de forma hemorrágica e é consequência da ruptura dos vasos sanguíneos com extravasamento do sangue junto ao cérebro. “O AVE isquêmico é causado principalmente pela obstrução das artérias que irrigam o sistema nervoso. Essa obstrução é devida à doença ateroesclerótica nas artérias que levam sangue para o encéfalo, promovendo redução da circulação sanguínea ou formação de pequenos coágulos nesse trajeto, que terminam por ocluir o fluxo distalmente. Essa doença também pode originar-se de alterações das válvulas cardíacas ou mesmo de arritmias, que levarão à formação de coágulos junto ao coração, que serão levados pelo fluxo sanguíneo, provocando obstruções dos vasos cerebrais”, afirma o especialista.

Os sintomas do paciente ocorrem geralmente de forma súbita. De acordo com Rogério Zenobio, esses sinais estão relacionados à perda das funções neurológicas, como perda de força, impossibilidade de falar de forma adequada, alterações visuais ou do equilíbrio, e redução da sensibilidade de partes do corpo. “Quando esses sintomas ocorrem de forma rápida e melhoram, chamamos de ataque isquêmico transitório (AIT). Importante salientar que a assistência neurológica é necessária, pois grande parte dos pacientes com AIT terão um AVE mais ou menos graves nos próximos dias.”

Segundo Rogério Zenóbio, é necessário uma equipe de profissionais especializados e infraestrutura moderna que possibilitarão o entendimento das causas do AVE e a conduta mais apropriada.

É indispensável que o paciente tenha acesso precoce ao hospital, pois nos casos de AVEs isquêmicos, o tempo leva à perda progressiva e definitiva do segmento encefálico acometido, com danos não recuperáveis. O tratamento na fase aguda do AVE isquêmico pode ser realizado por meio da trombólise química ou da trombectomia mecânica. O especialista explica que a trombólise é feita com o uso de um medicamento que é capaz de ajudar a dissolver o coágulo, e então permitir ao sangue circular novamente, podendo ser realizada até quatro horas e meia do início dos sintomas.

Por sua vez, na trombectomia, o neuroradiologista - utilizando um sistema específico chamado Stent-Retriver -, vai até o vaso obstruído e consegue retirar o coágulode forma mecânica, permitindo novamente ao sangue circular naquela região. “O tempo ideal neste caso é de até seis horas do início dos sintomas, mas quanto mais precoce, melhor o resultado final em termos de recuperação das habilidades do paciente.”

Rogério Zenóbio informa que o Biocor Instituto acaba de instalar uma máquina de Hemodinâmica de última geração, para rápida e precisa identificação dos vasos obstruídos em nível cerebral, permitindo o melhor tratamento na fase aguda do AVE. “Para a redução desses acidentes vasculares, é importante cuidar da alimentação, fazer exercícios e atividades físicas regulares,não fumar e adquirir hábitos saudáveis de vida. Importante orientar também sobre a doença e seus sintomas e sinais, para que, quando ocorrerem, atitudes proativas e rápidas ajudem a mudar o futuro dos pacientes.”