Ossos mais fortes

Osteoporose é uma doença assintomática e pode acometer as pessoas de surpresa

Diagnóstico precoce, exposição diária ao Sol, alimentação rica em vitamina D e atividade física são fundamentais para manter a saúde

Paulo Pianetti*
Doença afeta a postura ao longo dos anos - Foto: Laboratório Roche/Divulgação

A saúde é uma área muito ampla e, principalmente, delicada, que envolve uma série de cuidados para a manutenção do bem-estar das pessoas. Várias doenças temidas atualmente, como câncer, Alzheimer e AVC, são sintomáticas e, conseguindo um diagnóstico precoce e estando alerta o tempo todo, a cura torna-se muito mais fácil e tranquila. No entanto, outras doenças podem não se manifestar e acometer as pessoas de surpresa, como é o caso da osteoporose.

Essa é uma doença metabólica, que gera a perda mineral óssea em um nível que o paciente pode, a qualquer momento, ter uma fratura por fraqueza dos ossos. Em linhas gerais, caracteriza-se pela perda da massa óssea, que leva à perda progressiva de elasticidade e homogeneidade. Uma das maiores preocupações quanto à osteoporose ocorre em seu estágio inicial, pois a perda de massa óssea é assintomática, dificultando o diagnóstico médico e a percepção do paciente. Quando a perda é significativa, já tendo ultrapassado os estágios iniciais, algumas alterações clínicas são visíveis no paciente. Um exemplo comum é a diminuição da estatura e aparição da cifose dorsal, popularmente conhecida como desvio na coluna, que deixa as costas do paciente tortas.

Ortopedista Fabrício Bertolini explica que fraturas no colo do fêmur são tratadas somente por meio de cirurgia - Foto: Tulio Santos/EM/D.A PressA doença, normalmente, ataca mulheres acima dos 50 anos e permanece para o resto da vida.
A incidência de osteoporose em mulheres na menopausa é muito maior do que em homens. Segundo o ginecologista e obstetra do Hospital das Clínicas Luiz Fernando Dias Gerheim, a cada seis mulheres que manifestam a doença identifica-se um caso em homens. “É uma doença assintomática. Às vezes, o primeiro sinal se dá por uma fratura espontânea. Quando a mulher entra na menopausa, a incidência cresce muito, pois os esteroides gonadais (hormônios sexuais) que não são mais produzidos no ovário serviam de carregador de cálcio para os ossos. Qualquer pessoa pode perder cerca de 2% da massa óssea a cada 10 anos, mas, no pós-menopausa, ela passa a perder de 2% a 5% ao ano”, detalha.

O médico alerta as mulheres que entram na menopausa e abandonam a reposição hormonal. “Se a mulher entra na menopausa e sai da reposição hormonal (anticoncepcional), pode ser que ela tenha uma perda exagerada de massa óssea”, complementa.

Homens também devem se prevenir

Como o homem tem estabilidade contínua na produção desses hormônios, a aparição de osteoporose é bem reduzida com relação às chances femininas. No entanto, ele também deve estar sempre atento aos fatores de risco e sempre se prevenir. No período em que a mulher menstrua, as chances da doença são semelhantes às dos homens. O diagnóstico se dá por meio da densitometria óssea, um tipo de exame de imagem. “Para identificar melhor a doença, deve ser feito o rastreamento dos fatores de risco, que seriam, principalmente, em mulheres que já entraram na menopausa.
Além delas, mulheres magras (menos de 50 quilos), fumantes e pacientes que usam corticoides (anti-inflamatório hormonal) também estão sujeitos. Lembrando que o osso está sempre produzindo e destruindo a massa óssea. O osso é um órgão vivo e, quando as células que os fazem (osteoblastos) são menores em número do que as que os desconstroem (osteoclastos), é que começa a osteoporose”, reforça.

As pessoas que sofrem da doença podem ter fraturas em todo o corpo, porém, os locais de maior risco para a saúde são no colo do fêmur e na coluna. Segundo o ortopedista Fabrício Bertolini, casos da doença no colo do fêmur são tratados apenas por métodos cirúrgicos e que podem levar a pessoa a óbito por outras razões. “Uma fratura desse tipo só é corrigida com cirurgia. Ela gera muito risco para o indivíduo, que pode ficar paraplégico. Caso fique acamado, ele começa a ter secreção no pulmão em excesso, que ajuda a causar infecção de via aérea respiratória, principalmente pneumonia, o que aumenta a chance de levá-lo a óbito”, afirma o médico.

Existem vários tratamentos para reforçar o osso ou apenas para reduzir a perda dele. “A osteoporose é como uma balança.
Existem vários tratamentos substratos, como a ingestão de cálcio, a vitamina D adquirida por meio do Sol e atividades físicas. Porém, existem remédios capazes de estimular a produção do osso e outros que buscam evitar a perda”, diz. Por fim, Fabrício lembra e cita exemplos de casos de osteoporose diagnosticados em jovens, que provêm de outras doenças. “Já vi um paciente de 24 anos que quebrou um osso escorregando no banho. O hipertireoidismo se caracteriza pela grande presença de hormônio da tireoide, que, se não tratado, pode levar ao desenvolvimento da osteoporose”, completa.

*Estagiário sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares.