Já ouviu falar da Síndrome do Coração Partido?

Especialista Rossana Dall'Orto Elias, do Biocor informa que a doença cardíaca pode ser causada por estresse, desencadeada por tensão emocional ou física intensa

04/09/2017 07:00

 

Biocor Instituto/divulgação
Rossana Dall'Orto Elias é coordenadora e preceptora da especialização em cardiologia e clínica médica (foto: Biocor Instituto/divulgação)
“Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração”, já diz a música dos Titãs. A perda súbita de um ente querido ou mesmo do animal de estimação, a perda do emprego, a separação do companheiro ou companheira, diagnósticos médicos trágicos, entre outras, são circunstâncias que nos fazem experimentar emoções esmagadoras. “O termo 'coração partido' é frequentemente usado para descrever essas reações. O que  a maioria das pessoas não sabe é que pode levar a complicações cardíacas graves, com risco inclusive de morte”, afirma Rossana Dall'Orto Elias, coordenadora e preceptora da especialização em cardiologia e clínica médica do Biocor Instituto.

Segundo ela, a doença cardíaca pode ser causada por estresse, desencadeada por tensão emocional ou física intensa. “A maior parte dos infartos do miocárdio ocorre por entupimento das artérias do coração, as coronárias. O coágulo de sangue que se forma quando a placa de colesterol se rompe leva à falta de fluxo sanguíneo através das artérias bloqueadas, resultando na morte do músculo cardíaco”.

Rossana Dall'Orto, que é especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Medicina Intensiva Adulto pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), destaca que, ao longo dos últimos anos, os médicos vêm reconhecendo e entendendo melhor outra forma de infarto do miocárdio. É a chamada “cardiomiopatia por estresse” ou “síndrome do coração partido” (SCP).

Essa condição pode ocorrer após uma variedade de fatores emocionais tendo como gatilho a dor, uma grande perda, pânico, medo, ansiedade, raiva extrema, frustração e até mesmo grandes surpresas. Também pode ser desencadeada por distúrbios físicos, como insuficiência respiratória aguda, pós-cirurgias, fraturas, acidentes vasculares cerebrais ou infecções. “O sintoma mais comum é a dor aguda no peito, mas alguns pacientes podem apresentar falta de ar ou desmaio. Outros desenvolvem arritmias e, em situações mais extremas, a parada cardíaca.”

Rossana Dall'Orto ressalta que o diagnóstico ocorre em maior frequência nas mulheres acima dos 50 anos, predominantemente após menopausa, e se apresentam com suspeita de infarto agudo do miocárdio. “Porém, não se caracteriza o entupimento das artérias do coração”, afirma.

A SCP pode ser fatal em alguns casos. Como a doença envolve fraqueza grave do músculo cardíaco, os pacientes podem ter pressão arterial baixa, alterações do ritmo cardíaco, choque e insuficiência cardíaca. “A boa noticia é que essa condição melhora rapidamente, principalmente se os pacientes estiverem familiarizados com a mesma, buscando ajuda médica imediata.”

A SCP parece ser uma condição que surge de forma repentina e inesperada. “É importante entender que estresse é a resposta do organismo ao que é anormal, podendo ser física ou emocional. Ao ocorrer a anormalidade, o corpo produz proteínas e hormônios em quantidades aumentadas, como a adrenalina, para que o organismo possa lidar com o estresse. Com a SCP, o músculo cardíaco fica sobrecarregado por essa quantidade de adrenalina podendo levar à insuficiência do coração.”

O tratamento é semelhante ao dos pacientes que sofrem infarto. São mantidos no hospital durante a recuperação e são prescritos medicamentos que reduzem a carga de trabalho do coração. “O prognóstico da SCP é muito bom, com quase 95% dos pacientes com recuperação completa dentro de quatro a oito semanas”, afirma.

Situações estressantes podem desencadear o transtorno e o controle do estresse é a chave para a prevenção. “Mantendo um nível equilibrado de saúde, que inclui exercícios regulares, dieta saudável e horário regular de sono, pode ajudar a evitar a SCP. A meditação também traz benefícios.

Como a música Epitáfio dos Titãs no diz: “Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr…”.


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