Mas por que alguém resolve escrever? A jornalista tem uma resposta inusitada para essa pergunta. “Precisei escrever para ser. Caçula, numa família de 19 irmãos, foi na literatura que encontrei a forma de ir inventando e consolidando minha identidade. Escrevendo, nasci muitas vezes até desabrochar”, conta.
Desse desejo de transformação, nasceu a autora das mais de 150 crônicas publicadas no Bem Viver durante os três anos em que ela assinou a coluna Simples Assim.
Essa autora, que se define como escrevinhadora, sintetiza: “Primeiro, as crônicas precisaram ser escritas; depois de escolhidas e compiladas, precisaram ser publicadas em livro porque é deste mal que padece quem escreve: diluir a imensidão que invade a alma por enxergar a vida poeticamente”. E cita Drummond, das Minas: “Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto, ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira.”
Zulmira S. T. Furbino acredita que a escrita é uma tarefa difícil, que aparta o escrevinhador do mundo real, mas que, ao mesmo tempo, devolve a esse mundo um quê das delicadezas perdidas ao longo do caminho. “Escrever é irritante, é triste”, diz. Mas complementa afirmando que, paradoxalmente – por vício ou ofício –, está sempre correndo atrás das palavras.
O livro tem quarta capa, orelha e prefácio assinados, respectivamente, pelos escritores mineiros Leila Ferreira, Carlos Herculano Lopes e Cris Guerra. Leila afirma que Zulmira S. T. Furbino alia, como jornalista, a capacidade crítica da observadora a um olhar poético que encontra beleza nas coisas miúdas, naquilo que parece trivial. “Sua simplicidade nos desarma e nos torna cúmplices: embarcamos nas suas histórias, nos aproximamos de seus personagens, nos permitimos sentir a leveza que é sua marca – e seu estilo.
“Em meio à nova geração de cronistas, vinda de uma escola que em Minas encontrou sua casa, Zulmira S. T. Furbino divide com o leitor sentimentos, sutilezas para enxergar o outro, e um olhar atento sobre as coisas simples, muitas vezes pouco percebidas na pressa comum dos nossos dias”, escreve Carlos Herculano..