Saúde Plena

Exames modernos ajudam a determinar causas e tratamentos para a calvície

Com o cabelo sempre bem cuidado, a manicure Simone de Oliveira, 37, começou a estranhar a queda repentina dos fios. Era possível notar grandes porções de cabelo espalhadas por toda a casa: na cama, na cozinha e no banheiro. “Resolvi, então, começar a usar xampu antiqueda e a tomar vitaminas A-Z, mas não ajudou em nada. Foi quando procurei um dermatologista”, conta. Com o resultado do exame de sangue em mãos, o médico descobriu a causa da perda excessiva dos fios: o estresse.


Apesar de isso ser algo comum, muitas vezes, o cabelo começa a cair de forma exagerada, e a causa é desconhecida. Cerca de 100 a 120 fios caem diariamente, mas a saúde mental e corporal refletem diretamente na vitalidade dos cabelos. Casos como o de Simone, o estresse deve ser tratado com a ajuda de um profissional especializado, mas a solução para o problema foi usar tônico capilar, vitaminas fortalecedoras e um xampu antiqueda manipulado. “São muitas as preocupações do dia a dia, mas, depois que comecei a usar os produtos indicados pelo médico, percebi que os fios pararam de cair tanto”, percebeu.

Especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e membro efetivo da Associação Brasileira de Cirurgia de Restauração Capilar, o dermatologista Francisco Le Voci explica que, ao longo da vida, os fios são trocados alternadamente, e cada um dura, aproximadamente, dois anos, se estiver saudável. Os motivos para as quedas são variados. “Fatores hormonais, produtos químicos, medicamentos ou estresse são algumas das muitas razões. É importante procurar um dermatologista especializado para descobrir essa causa e assim tratá-la”, lista o médico.

As formas de diagnóstico vão desde exames clínicos, que avaliam a olho nu o couro cabeludo, à tricodermatoscopia. Esse último permite analisar o couro cabeludo com uma lupa, de capacidade de aumento de 10 a 70 vezes, e projetar a imagem na tela do computador. Assim, o médico pode visualizar com mais facilidade a espessura dos fios e se existe algum tipo de alteração na região, como manchas, escamações muito intensas e presença de fios anormais. Se necessário, ainda podem ser feitos exames de sangue e biópsia do couro cabeludo, mas isso é indicado de acordo com cada caso. “Faixa etária, característica de queda ou traumas recentes têm grande influência nesse processo”, completa Dr. Francisco.


Quando a relações públicas Lilian Campos, 36, procurou o dermatologista para descobrir a causa de sua queda capilar, todo seu histórico de saúde recente foi avaliado. Com suspeita de alterações na tireoide, o médico pediu exames de sangue que confirmaram a hipótese. “Foi identificada também uma grande deficiência de vitamina D, além de anemia. Tudo isso tem influência no meu problema”. Apesar de a melhora ser lenta, Lilian tem o acompanhamento de dermatologista e de endocrinologista que, além de prescreverem medicamentos, sugeriram que ela mudasse os hábitos alimentares. “Ainda não existe uma cura 100% eficaz para todas as causas de queda, mas quanto antes for feito o diagnóstico, maiores as chances de cuidar e de ter melhores resultados,” explica o doutor Le Voci.

Às vezes, o quadro vai além da perda de alguns fios. A alopécia androgenética, mais conhecida como calvície, atinge nove a cada 10 pessoas, em algum momento da vida, e pode, inclusive, afetar mulheres. Leonardo Spagnol, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e colaborador do Ambulatório de Alopécias do Hospital Regional da Asa Norte e da Clínica DermaCapelli, explica que a calvície pode ter origem hormonal ou genética. “A primeira causa está relacionada aos hormônios andrógenos, que começam a ser produzidos na puberdade, tanto em homens quanto em mulheres. Então, o paciente, quando tem uma predisposição genética à calvície, começará a desenvolvê-la após a adolescência”, esclarece o especialista.

No homem, o primeiro sinal do problema é o aumento das entradas nas regiões temporais. Na mulher, a maior queixa é a visualização do couro cabeludo quando o cabelo está molhado, além da diminuição de volume do rabo de cavalo pelo afinamento progressivo dos fios de cabelos, o que ocorre geralmente sem queda acentuada. “A queda capilar pode acontecer junto com a calvície e piorar ainda mais a falta de cabelo”, acrescenta Leonardo.


Há um ano, o estudante João Paulo Florêncio, 20, começou a reparar na presença de pequenos espaços vazios no seu couro cabeludo e decidiu procurar um especialista. Ao analisar os fios e checar os resultados dos exames de sangue, foi possível diagnosticar a calvície. O tratamento foi imediato — João Paulo faz uso de dois medicamentos diários que ajudam a amenizar a queda. “A dermatologista me disse que eu teria que fazer uso dos remédios para o resto da vida, além de ter alguns cuidados básicos, como não mexer muito no cabelo por causa da raiz frágil”, comenta.

Infelizmente, a única forma de repor o cabelo das partes mais atingidas pela calvície é com implante ou restauração capilar, mas com a medicação correta, é possível manter os fios da cabeça saudáveis e evitar que caiam em exagero. “As pessoas se apegam muito à estética. Antes, tinha muito medo de ficar careca, mas, hoje, estou aceitando melhor. O segredo é saber se cuidar direitinho, e isso vira mais charme do que qualquer outra coisa”, brinca o estudante.

Transplante capilar
Existem inúmeras terapias alternativas para tratar a queda de cabelo, mas é essencial ficar atento às técnicas e a seus riscos. Muitas clínicas de estética realizam tratamentos sem supervisão técnica, o que reforça a importância de procurar um especialista certificado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e, assim, diminuir as chances de diagnósticos errados e maiores complicações. Para os que desejam repor os fios, o ideal é conversar com o médico para descobrir a melhor solução para cada caso. O implante, ou transplante capilar, é o método mais comum e consiste em um procedimento cirúrgico na qual cabelos da região occipital (região da nuca) são transplantados para as áreas que faltam cabelo. Quase sempre é uma terapia complementar ao tratamento medicamentoso, que o paciente deve fazer em casa.